Dizem que recordar é viver. Uns acham desnecessário reviver algo que passou. Outros, como eu, preferem pensar que o passado ajuda a moldar o presente e demonstra o futuro que podemos ter, se melhorarmos ou ao menos copiarmos o que deu certo e não repetirmos os erros já cometidos. Logo, a opção é sua e a responsabilidade dos resultados, também.
Vocês acreditam que já tivemos uma publicação chamada Turfe e Fomento, editada pelo Jockey Club de São Paulo, bimensal, com mais de 300 páginas, a quatro cores, com o resultado esmiuçado de todas as provas importantes de nossos quatro hipódromos principais, com estatísticas acuradas, artigos quilométricos de gente gabaritada como John Aiscan, fundamentos de criação e saude animal, e uma gama imensa de anúncios, a maioria dos quais focadas, nos reprodutores vigentes? Pois é, ela não é obra de ficção ou produto de alucinações de gente velha, que não tem o que fazer. Ela existiu, persistiu, mas se evaporou na poeira da história, como O Posto de Monta e outras coisas mais...
Todos os grandes criadores, e até menores, apresentavam seus reprodutores e aqueles que não abrigavam um, pelo menos a produção do haras. Uma média de mais de 30 páginas coloridas. Não faltavam patrocinadores e a gestão era capitaneada por São Paulo. O que aconteceu? O que fez nossos turistas arrefecerem suas necessidades de ler? Sei que a valorização da terra no interior de um Estado como São Paulo, motivou criadores a vender suas terras ou explora-las de uma forma mais lucrativa.
Nesta viagem, eu o Gil e o Christina, visitamos o Haras Paraíso da Lagoa, em Pelotas. Uma vasta extensão de terra, já toda murada, pois está cercada por residências em três de seus lados.
Olhando aquelas passagem aquilatei o porque dos filhos dificilmente manterem o sonho de seus pais. Para que criar cavalos de corrida se um loteamento garante o sustento das duas próximas gerações?
Vi isto acontecer com o Haras São Bernardo, o antigo haras Santarém e mais alguns no interior de São Paulo. E hoje temo ob que possa acontecer futuramente com o do Eraldo Palmerini. Quanto vale a terra do San Francesco? No mínimo a garantia de sustento das próximas três gerações. E a do São José da Serra? Duas gerações?
Bagé foi uma alternativa encontrada por criadores cariocas de expandir seus projetos e deixar a serra fluminense absorvida pela especulação imobiliária. Estamos agora vivendo a era da extinção dos centros de treinamento. Mondesir, Itajara, qual será o próximo? Como culpar quem os vende ou os transforma em algo rentável? O Verde Preto poderá ter a mesma direção assim como o Estrela Energia. E o que será de nosso turfe?
Uma coisa é privar-se de uma revista. Outra de haras e centros de treinamento. Quando esta sede chegará aos hipódromos? Embora no caso da Turfe e Fomento, creio ter sido uma perda irreparável, pois cultura e conhecimento, não são artefatos que se possa comprar. São produtos de anos de construção.