Bom dia.
Meu marido, o @baronius, já escreveu um pouco sobre a nossa passagem por Lexington. Como ele está retornando de Pelotas, Bagé e Curitiba, estou aproveitando o espaço e escrevendo hoje no lugar dele.
Sobre esta viagem, quero dizer que sou menina de cidade grande, então nunca pensei exatamente em passar férias no interiorzão americano, mas amei a experiência! Se vocês acham os brasileiros gentis, é porque não conhecem as pessoas do interior dos EUA. Em todo local, seja no hotel, no hipódromo, lojas, cafés, supermercados, museus, destilaria, enfim, em todos eles, não me lembro de não ter sido recebida com um sorriso e com um “how can I help you” genuíno. Quando tive problemas com o wi-fi no celular (e precisava chamar um Uber), o caixa do museu simplesmente me passou na hora seu login e senha da rede local para me salvar. No supermercado, a caixa super gente boa deu o desconto promocional mesmo eu não sendo frequentadora do estabelecimento. Eu, que moro em São Paulo, agora tenho certeza de que a vida aqui na capital paulista é mais do que agressiva...
Para vocês entenderem, não sou turfista, mas obviamente faz pelo menos um par de décadas em que ouço e vivo este mundo através da paixão que meu marido tem pelo esporte. Admiração por cavalos nós dois sempre tivemos, mas eu não conhecia nada de turfe, até me casar. E vejam, Baronius tem uma paixão genuína, isenta de interesses comerciais que sejam. Isso, meus caros, é raro hoje em dia, em qualquer ramo.
E aí vem os heróis. Ouço falar de Tapit e de Constitution faz anos. Para vocês, turfistas e principalmente para quem trabalha no ramo, talvez ver tais garanhões deva trazer interesse, mas nem tanta emoção. Bom, no meu caso, no momento em que o Constitution apareceu ali na Winstar, meus olhos marejaram. E quando visitei Tapit na Gainesway, paralisei. Para mim, que sou uma reles mortal, foi como se eu tivesse me encontrado pessoalmente com ídolos do rock!
E esse sentimento de estar vendo estrelas permeou durante todas as visitas que fizemos aos lindos haras. Voltei a ser uma adolescente, encantada em ter dado uma cenoura para o American Pharoah (que aliás, é manso de tudo) e de ter encostado no “milionário” Justify, ambos ali na Coolmore. Aí você visita o famosão Gun Runner, na Three Chimneys Farm, e fica ali pertinho de Into Mischief na Spendthift. No dia em que fomos à Hill´n´Dale estava uma friaca de gelar os ossos, mas até esquentou quando o grandalhão Curlin apareceu. Como não lembrar do Preakness contra o Street Sense? Aliás, nessa visita vi até uma “girafa” (Violence, que tem o físico mais diferente de todos os garanhões que vi, comprido de tudo...)
Ao longo da viagem, vários filmes passaram pela minha mente: a história do menino Cody, ao ver o cavalo Cody´s Wish na Darley, onde também fiz questão de procurar o Frosted, em quem ousei apostar contra o American Pharoah. Aí tem as narrações do Tom Durkin nas vitórias de Tiznow, que estava no pasto na Winstar, tem a lendária Claiborne, onde jaz o Secretariat. Aliás, a estátua erguida em sua homenagem, que fica numa rotatória em uma das saídas da cidade, é linda, linda, linda!
Meus colegas do trabalho depois me perguntaram: “Você viajou mais de 12 horas de avião para ver cavalos?” Alguns me disseram que é a viagem mais diferente que já viram alguém fazer. Sim, viajei longas horas, pois para mim era como estar indo me encontrar com meus artistas de cinema e ídolos do rock. Agora, como explicar a um brasileiro não-turfista, que sim, cavalos são atletas que movem negócios, pessoas, e que nos fazem ficar emocionados, se a maioria nem sabe que pode entrar nos hipódromos daqui ou pior, nem sabe que existe o esporte? Dá uma tristezinha...mas vamos que vamos.
E finalizo, deixando o registro de que nesta viagem tive o privilégio de ter um companheiro mais do que qualificado: meu marido. E contar com um anfitrião de coração enorme como o Fabricio. E ter o prazer de conhecer a Dra. Aura para batermos animados papos, lá em Lexington. E viva a vida! Viva o turfe!
Helena, a esposa.