Nunca foi fácil - pelo menos para mim - objetar aquilo que realmente se ama. E confesso, que num dia - juro que um só - torci contra Much Better. O dia do Grande Premio milionário, em que trouxe El Sembrador para derrota-lo na Gávea.
A história é simples. Já não mais tinha nenhum vinculo oficial empregatício com o Stud TNT e procurado que fui pelo proprietário de El Sembrador - que viera de ser segundo no GP. Carlos Pellegrini para Much Better - para organizar sua ida ao Arco, convenci-o em mudar a rota de seus sonhos. Primeiramente por não ver em El Sembrador, características de um cavalo com a mínima chance de figurar no Arco. Segundo por haver um Grande Prêmio Brasil, garantido com premiação de US$ 1,0 milhão, ao vencedor, logo ali na esquina e terceiro por ter a nítida impressão que enquanto o potro argentino ascendia, o grande craque brasileiro, descendia. Em Agosto haveria um grande chance de uma mudança de posições.
O problema passava a ser então, os demais adversários, mas que entre os do hemisfério sul não havia nada, em minha opinião. No máximo o chileno Gran Ducado, que pudesse realmente temer e em relação aos que viriam do hemisfério norte, fatalmente sofreriam com a falta de tempo necessária exigida para uma perfeita aclimatação.
Homem de negócios, ele imediatamente aceitou minha sugestão e eu me encarreguei de todos os detalhes para a vinda do filho de Octante. Quiz o destino que eu estivesse certo. El Sembrador venceu, Grand Ducado foi terceiro e Much Better quarto, ficando a segunda colocação com um cavalo trazido por Mandella,m dos Estados Unidos. E meses depois, El Sembrador foi levado a França - contra minha opinião e sem nenhuma preparação - onde foi último na grande prova francesa.
Durante a semana mantive contato com o João Maciel e em um café da manhã, chegamos a conclusão que aquele GP. Brasil, seria um tira teima entre os dois, Much Better e El Sembrador. Eu achando que ganharia e o João, que voltaria a repetir-se o resultado de San Isidro. Fizemos uma aposta e me lembro muito bem da indagação do João, ao selar a mesma: você torceria contra o Much Better?
Torci, me arrependi e nuca me perdoei de te-lo feito, nem que por apenas menos de cinco minutos naquela tarde. Não compareci ao jantar da vitória e toquei o meu barquinho, ciente que Much Better fora até ali o cavalo de minha vida. E percebi, por meu estado de espirito, mesmo depois de garantir com a comissão ganha parte da entrada de meu apartamento, que ele o seria para todo o sempre...