Bom dia! Uma semana festiva na Inglaterra e no Rio de Janeiro. Excelente festival em Royal Ascot, com muito calor e belas carreiras enquanto em terras cariocas, um clima agradável na Gávea, onde São Pedro deu uma trégua e ninguém pode reclamar das condições da pista. Estou escrevendo no começo da tarde de domingo, enquanto acompanho as carreiras do dia do GP Brasil. Para não atrasar a coluna e manter uma regularidade no que escrevo, escolhi dois destaques na semana e portanto, não abordarei várias provas. Com isso as provas de G1 desta tarde ficam para análise na noite de segunda-feira em nossa tradicional Live.
Vamos começar pela prova mais marcante no Reino Unido e que apresentou o verdadeiro líder da turma nascida em 2022, que vem a ser FIELD OF GOLD (Kingman). Um belíssimo tordilho, novamente conduzido com tranquilidade por seu novo jóquei, ignorou seus rivais e se consagrou na milha do St. James’s Palace Stakes. Para termos uma noção do que ele fez, o tempo da disputa com curva foi quase 3 segundos mais rápido que a milha em linha reta que os animais mais velhos disputaram no mesmo dia. O rating da prova deverá vir muito alto. Provavelmente será a melhor milha do ano. Após as duas vitórias consecutivas em provas de G1, marcando a enorme superioridade que tem, ficamos aguardando novas apresentações de FIELD OF GOLD, que segundo seu treinador, tem potencial para chegar até os dois mil metros. Vale lembrar que não perdi a oportunidade de criticar seu antigo jóquei após a inacreditável derrota no 2,000 Guineas de Newmarket. John Gosden, que sabe tudo de cavalos de corrida, imediatamente após a derrota dispensou os serviços de Shoemark e passou a colher os frutos da acertada decisão. Agora vamos ao perfil do cruzamento entre Kingman e a mamãe Princess de Lune. O consagrado filho de Invincible Spirit tem 1.128 filhos registrados, com um ótimo resultado de BW de 9% e um bom AEI de 1,71. FIELD OF GOLD é o terceiro produto da jovem matriz, que havia produzido um vencedor de listed race. O cruzamento traz Shamardal como avô materno que registra 2.656 netos, com 5% de BW e 1,43 de AEI. O cruzamento entre essas duas forças da reprodução mundial se mostra muito positivo com 26 produtos, 12% de BW e AEI de 2,56. Uma química que melhora ambos progenitores. Para finalizar o hemisfério norte, não poderia deixar de destacar a ótima participação do japonês Satono Reve, em prova de velocidade que, contando com nosso João Moreira em seu dorso, foi derrotado por pouco em Royal Ascot. Deu muita torcida e orgulho para nós que estamos no Brasil. E segundo minha mulher, o Moreira é Magic inclusive por seu poder de teletransporte, pois se ontem estava nas terras do rei, hoje já está na Gávea.
Em nossas pistas vou destacar a confirmação do que pode fazer a descendência do único filho de Kingman em nossa reprodução, que vem a ser Sangarius. Sua filha, a craque antes de estrear, ODALISCA, venceu o GP Francisco V. de Paula Machado de forma sublime e assume assim a liderança entre as potrancas de 2 anos. Aqui nós temos um cruzamento entre Sangarius e a brasileira Jennifer Aniston, ela filha de Kodiak Kowboy. Este último como avô materno é bem abaixo do que poderíamos considerar como avô materno de excelência. 2% de seus filhos se qualificam em provas BW e AEI de 0,63. Ele atrapalha um pouco, mas não ancorou a bela ODALISCA na pista de grama. Em termos de números, Sangarius é um reprodutor de primeira geração em pista, que apresenta 37 produtos corridos (bastante) com 27% de aproveitamento de vitórias. Para termos uma base comparativa, Hofburg, com sua primeira geração em pista ano passado, teve 15 corredores e 53% de aproveitamento em vitórias. Aqui vale destacar que, em minha opinião, Sangarius não deve produzir tanta precocidade e deve sim transmitir classe e consistência com o aumento da distância e com a passagem do tempo. Inclusive foi o que falei em março a alguns amigos antes de ser registrada a primeira vitória de um filho do garanhão. Ou seja, tempo, paciência e sabedoria irão levar seus filhos a vitórias como a de sábado, em prova de G2 e mais além. Nos leilões da temporada, o filho de Kingman conta com 48 animais negociados e mais de 100 mil reais de média de preço. Ele se torna uma realidade no mercado nacional. Sem deixar de lembrar que Sangarius é o favorito da minha esposa, logo tem preferência aqui em casa. Na linha materna, ODALISCA traz no sangue a vontade de correr de Abidjan, uma craque também cria do Santa Rita, que pertencia à primeira geração do japonês Agnes Gold no Brasil. A linha baixa entrou no Brasil na década de 70 através da importada Haariella, que veio a produzir os ganhadores de grupo Haretha e Homard. A preservação das famílias conhecidas do haras e que continuam produzindo bem através do tempo é uma rotina que encontro em todos os criatórios de sucesso. Fico por aqui, desejando uma ótima semana para todos e que as grandes provas da tarde preencham toda a nossa expectativa com grandes disputas e a consagração dos melhores animais.
Abs Baronius