Depois de uma visita recente a Lexington, o Esteves e o Raul me perguntaram se eu tinha visto algum cavalo interessante para shuttling que o H&R teria interesse em liderar e trazer um cavalo de impacto para essa temporada. Recentemente perdemos a Bravas e tinha um espaço aberto. Discutimos alguns nomes, a idéia seria trazer um cavalo que servisse as corridas do Brasil e o Uruguai e tínhamos algumas opções. Tentei algumas opções que não tivemos abertura para essa temporada como Essential Quality e American Pharoah.
Entramos em um consenso que um descendente de Candy Ride seria interessante. Candy Ride se consolidou como sire of sires nos EUA e com alguns reprodutores no Uruguai e na Argentina com sucesso como Sloane Avenue.
Game Winner foi em pista um cavalo excepcional, campeão invicto 2 anos vencendo 3 G1 incluindo a Breeders Cup Juvenile. Baffert em certo momento, teve o Game Winner como um dos melhores cavalos que já treinou. Teve seus problemas físicos no inicio da campanha de 3 anos, nunca chegando ao padrão que teve aos 2, mas mesmo assim chegou 5o no Kentucky Derby e depois venho a vencer por abandono o Los Alamitos Derby, mas novamente teve problemas que encerraram sua campanha com 5 vitorias, dois segundo e um quinto no KY Derby em 8 atuações. Suas atuações mostram um cavalo que corria no meio do pelotão e tinha uma aceleração final e vontade de vencer.
Game Winner é um 1-x, descende direto de La Troienne. Sua segunda mãe, Fleet Indian, múltipla ganhadora de G1, ganhou 13 de 19 corridas. É um cavalo de bom porte, com 16.3 de altura e de aprumos médios, por isso custou somente $110k em Keeneland September.
Game Winner na sua primeira geração já gerou um ganhador de G1, Gaming, que venceu um G1 aos 2 anos e quase repetiu o pai ao fazer segundo na Breeders Cup Juvenile. Ele tem mais alguns produtos já ganhadores clássicos como Maysam.
Acredito que ele vai ser uma opção aos criadores brasileiros que vai trazer precocidade e versatilidade de superfície e distância. Acredito que veremos Game Winner indo as canchas retas até as últimas etapas das tríplices coroas. Muitos também pretendem levar os produtos para o Uruguai.
Circulando os haras dos EUA e do Brasil, vejo que os animais no Brasil são de melhores aprumos e muito mais sãos que nos EUA na média. Game Winner traz uma classe rara que não acostumamos acessar aqui, acredito que o rebanho brasileiro vai corrigir muito mais do que o que foi oferecido para ele nos EUA. E vejo a Lanes End com expectativa de que os melhores produtos sul-americanos sejam levados aos EUA e ajudem a estabelecer o Game Winner como reprodutor nos EUA como foi com Practical Joke e Midshipman quando fizeram shuttling na America do Sul.
O sindicato que está levando ele a frente se assemelha muito aos demais sindicatos de Bage inclusive do First Captain, ele ficará alojado na Fazenda Mondesir com um livro inicial de 120 éguas. O H&R está liderando com maior participação.
O First Captain foi uma estratégia diferente, é um cavalo comprado com enorme potencial com a possibilidade de criarmos algo único no mundo, Rasmussen Factor na linha da Best in Show através de Yagli e Can The Man. Também traz o sangue de Curlin que já é um comprovado pai de pais nos EUA e Argentina. É um cavalo de físico imponente e conformidade indiscutível, mas que por detalhes, não foi em pista um ganhador de G1, chegando 3o no Jockey Club Gold Cup (G1) e que permitiu termos a chance de adquiri-lo. Na sua linha baixa, traz Sadlers Wells e Nureyev. Ele é nosso e acho que tem tudo para ser um reprodutor de muita classe, mas menos precoce do que o Game Winner. É ainda uma aposta, Game Winner já está com os cavalos em pista nos EUA, estamos ansioso para ver os primeiro filhos do First Captain.
O Red Rafa tem uma participação maior no First Captain que no Game Winner por uma maior afinidade de nossas éguas. Temos dois garanhões, Gober e Il Doge, filho e neto materno do Yagli, o que possibilita com suas filhas Rasmussen factor na Best in Show. Além disso, estamos explorando inbreedings em Sadlers Wells e Nureyev que vem tendo bons resultados na Europa.
Hoje temos 50 éguas, 30 serão servidas pelos nossos reprodutores nacionais. Planetário terá 14 éguas em São Paulo, Il Doge foi relocado para Bagé para cobrir 8 éguas. Ganesh outas 8 éguas em São Paulo. A idéia foi não ter pai e filho dividindo o mesmo rebanho. O Il Doge é um reprodutor excepcional, ele tem os 3 pilares que acredito ser necessários para qualificar um garanhão. Eu de verdade espero que os criadores de Bagé entendem e o apoiem. A geração de yearlings dele tem somente 6 produtos, mas são excepcionais. O Torres Garcia vai melhorar com distância e acredito muito que vai disputar os G1 da geração. Não tem nenhum garanhão para distância com resultado melhor que o Ganesh, 3 ganhadores de grupo em 15 corridos. Planetário é em termos de potencial de linebreeding o mais interessante deles. Estamos com ótimas possibilidades dentro de casa, mas que infelizmente levamos sozinhos até aqui.
Como qualquer criador, apoiamos iniciativas de trazer reprodutores qualificados para oxigenar nossas linhagens. Essa geração estreamos 10 dois anos e 7 ganharam de 6 pais diferentes. Sou um profundo apoiador do garanhão nacional e acho que usando-os podemos criar modelos diferentes dos existentes em outras partes, criando nossa própria identidade. Mas oportunidades como Game Winner devem ser aproveitadas. A não incidência de imposto em shuttling nos permite economicamente ter mais vantagens nesse modelo de importação. E seguiremos de olho em oportunidades que possam surgir, eu particularmente adoraria ver um Dubawi em solo nacional.