Bom dia. Caros amigos do turfe, vamos para mais uma rodada de dados e análises da amostragem do PSI brasileiro. Hoje vamos nos concentrar nas 2.360 matrizes, ou seja, as mamães, que produziram os 3.963 produtos da população estudada. Recapitulando a mais recente coluna, pudemos ver que as famílias em geral afetam muito pouco o desempenho clássico. Existe muita concentração do rebanho em 6 famílias. Existem ramos das famílias do Bruce Lowe que produzem excelência e classe e finalmente que o ajuntamento familiar é o mais recente mapa do rascunho do inferno que foi resgatado do livro australiano para mais atrapalhar o criador do que levá-lo ao sucesso. Obviamente que não tenho uma fórmula pronta para o sucesso, se a tivesse estaria executando-a e ganhando de vocês, logo, se alguma das teorias testadas estão funcionando em seu haras, continue repetindo o que deu certo no seu quintal.
Qual ângulo mostrarei hoje? Vou analisar as matrizes do ponto de vista da sua capacidade locomotora, ou seja, como as mamães desempenharam ao longo de suas carreiras nas pistas e como essas categorias influenciam o desempenho dos seus produtos. Vamos à nossa tabelinha básica de dados e posteriormente as explicações e análises necessárias:
CATEGORIA MATRIZ | Qtd. Mat. | Part. % | Produtos | G1W% |
Ganhadoras de Grupo | 192 | 8,1 | 352 | 3,98 |
Clássicas | 537 | 22,8 | 939 | 2,77 |
Ganhadoras Comuns | 1.023 | 43,3 | 1.736 | 1,38 |
Perdedoras e Não Corridas
800 33,9
BW% 15,91
12,89 8,29 1.288 2,17 7,07
Primeiramente, os grupos que compõem a amostra total são:
Clássicas: matrizes que venceram ou se colocaram em provas de grupo e listadas (Grupo+LR);
Ganhadoras Comuns: matrizes que venceram as provas básicas da programação;
Perdedoras e não corridas: matrizes que não conseguiram vencer em pista ou não chegaram a correr;
Ganhadoras de Grupo: a elite da tropa. Esse é um subgrupo das matrizes Clássicas. Aqui estão somente as mamães vencedoras de em provas de grupo.
O resultado aqui também é um pouco estonteante. Um salve para Dom Edson Alexandre e suas “Classiqueiras”. As ganhadoras de grupo foram aproximadamente 2 vezes superiores em resultado clássico quando comparadas às categorias de menor poder locomotor. Ambas as categorias de éguas com desempenho inferior em pista produziram abaixo da média da população, que foi de 9%. Logo, selecionar por desempenho em pista funcionou bem melhor do que as matungas com pedigree e sangue nobre. O resultado das melhores éguas em pista ficou muito alinhado com o resultado que apresentei anteriormente dos garanhões japoneses. O resultado aqui apresentado está totalmente em linha com os estudos de Joe Estes da revista Blood-Horse e de Phil Bull criador do Timeform. Ambos, durante o século XX, fizeram levantamentos estatísticos demonstrando que não há correlação positiva entre sangue nobre sem capacidade locomotora do indivíduo e a produção futura das matrizes. Quem se interessar também por outro estudo, existe uma publicação de 2003 no thoroughbredreview.com. (já apresentada no Jornal do Turfe) e que trata do chamado “Mito da Família Materna” (The Myth Of The Female Family). Recentemente o veterinário brasileiro Francisco Lança também publicou um artigo no site da ABCPCC em que trata do mesmo assunto. Chama-se “As famílias de Bruce Lowe e a transformação genética”. Resumindo, tem sangue bom e corre, use a querida no seu haras. Por outro lado, se é oriunda de uma boa família, “frequenta a missa”, não “trai o marido”, entretanto não corria nada, cuidado com ela! Os números apontam para um desempenho muito inferior dessas mães "toda certinha" no seu haras. Fico por aqui, desejando uma ótima semana para todos e renovo o convite para nosso tradicional debate das noites de segunda-feira.
Abs, Baronius