sábado, 7 de março de 2009

O BURACO EM QUE SE METEU A MAGNA


Dizia minha saudosa avó Adelina que a gente nunca deve escrever em vermelho, pois, para ela esta cor representa o sangue, o perigo, tudo aquilo que você não quer trazer para si. Porém, creio vovó, que o assunto em questão assim o mereça.

Embora não seja muito chegado a festas e casamentos, nunca me agradou descrever fratura exposta ou sequer reportar enterro. Prefiro passar longe. mas nem sempre é possivel. principalmente quando tudo está em volta de si.

Estamos vivendo uma crise mundial. Isto é de dominio público, evidentemente menos para o senhor Lula. Muita gente tem sido afetada e mesmo entre aqueles que não estão, nem nunca estarão afetados pela crise, existe uma inércia para com os investimentos no setor turfístico. Fácil de se observar, difícil de se entender, pois, sempre foram historicamente nas grandes crises que as maiores fortunas foram erigidas. Isto não é uma opinião. Isto é um fat
o.

Por isto afirmo, é a hora de investir e montar um plantel de primeira linha. Mas não é exatamente este o caso a que quero me referir nesta nota. Voltemos aos trilhos.

A Magna Entertainment, uma companhia baseada em Ontário, Canadá, cujo maior acionista é Frank Stronach, ontem assinou seu pedido de concordata e passou a fazer parte do capitulo 11 no Estado de Delaware. Parece que a coisa está na casa dos US$ 372 milhões sendo US$171 milhões dos mesmos referentes as obras que estão sendo levadas a efeito em Gulfstream Park, US$23 milhões concernentes a Remington Park e mais algumas despesinhas a parte como empréstimos de US$125 milhões e US$ 53 milhões, este último em Dezembro de 2008. Como dizm os grande financistas: coisas miúdas. É muita grana. Principalmente a partir do momento que o crédito passou a estar extinto.

A Magna detém ainda em seu poder a operação dos dois mais importantes hipódromos durante o inverno: Gulfstream e Santa Anita Parks, e outros de menor envergadura durante o ano, tais como Golden Gate Fields (Norte da Califórnia), Lone Star (Texas), Laurel Park (Maryland), Pimlico Race Course (Maryland), Portland Meadows (Oregon), Remington Park (Oklahoma) e Thistledown (Norte de Ohio).

A bem da verdade, tentou-se vender Remington e Thistledowns. Elas andaram no mercado por meses. Mas quem quer Remington e Thistledowns? Ambos não me parecem hipódromos que façam alguém sonhar em investir. Embora em Outubro de 1999 o grupo de Stronach tenha pago US$10 milhões pelo primeiro e dias depois US$14 milhões pelo segundo.

A história começou bem. Santa Anita Park adquirido pelo grupo em Dezembro de 1998 por US$125 milhões e Gulfstream Park por US$ 95 milhões em setembro do ano seguinte, me pareceram aquisições lúcidas.
Se a coisa ficasse por ai, a Magna estaria em uma muito boa situação dentro do mercado. Mas não ficou.

A coisa passou do âmbito de investimento ao patamar da coletânia, pois, vieram os já citados Remington Park e Thistledows, em Novembro de 1999 Golden Gates Fields por US$87 milhões, em Fevereiro de 2000 Great Lakes Downs (Michigan) por US$12 milhões, em Novembro deste mesmo ano Bay Meadows (Norte da Califórnia) por US$24,1 milhões, em Abril de 2001 The Meadows um hipódromo de harness nas cercanias de Pittsburg por 53 milhões, em Outubro de 2001 a limpa foi no Oregon com Portland Meadows por US$5,9 milhões e o canódromo de Multomah Greyhound Park pelo mesmo valor, em Junho de 2002 outro hipódromo de harness o Flamboro Downs (Ontário) por 46 milhões, em Julho de 2002 a maioria acionária de Pimlico Race Course e Laurel Park por US$117,5 milhões, em Outubro do mesmo ano Lone Star Park por US$100 milhões, em Agosto de 2003 os 30% do AmTote por US$3,82 milhões, sendo o restante 70% adquiridos em Julho de 2006 por US$14 milhões e finalmente o restante do controle acionário de Pimlico e Laurel em Setembro de 2007 por US$18,3 milhões.

Agora a solução parece ser a de abrir mão do file mignon ou seja de Santa Anita ou de Gulfstream, ou quem sabe de ambos. Para se ter uma idéia melhor desta questão, o Estado de Maryland, que tem autonomia sobre a segunda prova da tríplice coroa o Preakness Stakes, pode inclusive vendê-lo como uma commodity e esta carreira ser transferida para outro hipódromo fora das fronteiras do estado. o que seria uma desastre em termos de avaliações técnicas de comparação. Na verdade tudo pode acontecer.


Frank Stronach chegou da Áustria no Canadá com uma mão na frente e outra atrás. Fez significante fortuna. Entrou no mercado. Tem hoje a Adena Springs com ramificações no Canadá, nas cercanias de Lexington e nas de Ocala. Três dúzias de reprodutores. Mais de 600 éguas de cria. Um barn de cavalos de corrida que o fez ganhar o Eclipse Award do ano de 2008. Um canal de televisão. Uma empresa de apostas, os já citados hipódromos. E o que sei eu? Logo, ele é parte importante dentro desta industria, mas que viveu como 98% dos habitantes deste pais, apenas do crédito. Um buraco era feito, a seguir outro empréstimo era pedido para fechar este buraco, mas abrindo-se com esta operação bancária mais dois.


Como disse uma vez, os Estados Unidos é um pais erigido sobre o crédito bancário. O seu Mercedes, o seu apartamento com vista para o mar, para o lago Michigan ou para o Central Park, sua máquinas de operação de seus negócios, tudo enfim pertence aos bancos. Suas roupas, sua comida são adquiridas com os credicards. Evidentemente que isto fez o pais crescer. O problema é que este país se diz capitalista, e o o que menos se vê é capital. O sistema aqui deveria mudar para credialista. O que determina que todos possam viver bem acima de suas posses. Outrossim isto está igualmente fazendo o pais agora sucumbir.


Frank Stronach age de um maneira não muito convencional, talvez pelo fato de sempre ter sido um auto ditada. Simpatizo com o peito que tem para mudar. Ele faz as coisas acontecerem no turfe. Mas agora como as coisas irão ficar? Profissionais estão apreenssivos.


Minha avó Adelina me disse para ter cuidado com megalomaniacos. Principalmente os advindos da Áustria. Pois é, aquela velhinha sempre tinha razão. "pais que vive da Valsa, Renatinho, produz sonhadores pouco práticos. E eles estão sempre querendo mudar o mundo...".

Não creio que Stronach queira mudar o mundo, mas ele bem que está tentando mudar a face do mercado por aqui. Acho'o benéfico.

Mas com parte significativa da Florida e importante da Califórnia em perigo, com a totalidade de Maryland no buraco e a NYRA (Aqueduct, Belmont Park, Saratoga e Finger Lakes), que diga-se de passagem nada tem a ver com o senhor Stronach, com a sua concordata assinada se não me engano em 2006, temos um quadro nada são do que este esporte está vivendo com a virada de mais um século.
Quando vai passar? Não sei quando, o certo é que passará. Não vejo o turfe norte-americano como um paciênte terminal.

Não existe dúvidas da parte de ninguém que a doença é passageira. Outras crises houveram e todas, sem exceção, foram debeladas. O pais vive duas guerras e tem sua vida inalterada. Todavia, a bem da verdade deve ser ressaltado, que nenhuma crise até aqui, se mostrou tão concentrada em um só grupo.


Não teria sido imprudência somada a ganância deixar que um monopólio destes se avolumasse, logo num pais que teóricamente luta contra a existência dos mesmos?