Ouvi ou li esta frase em algum lugar e certamente ela não vem de vó Adelina, que não sabia sequer dar bom dia neste idioma. Mas ela, a frase não vó Adelina, prega o apoio em alguma coisa, para não se cair por qualquer coisa.
E foi que aconteceu com o cavalo norte-americano graças ao sonho e a perseverança de duas pessoas. Mrs. Chenery – proprietária de Secretariat – e Vincent O’Brien – o homem por trás de Sir Ivor e Habitat -, certamente comungavam este mesmo principio: o da perseverança. O dos princípios que o levam onde você acredita que possa chegar. Que só você será capaz de criar seus próprios limites. E para que isto aconteça é necessária a manutenção da imagem, conseguida por resultados em pistas, não por ações e atos que não o levam a lugar algum. Se você acredita e defende seus princípios, sendo os mesmos racionais, um dia atinge a sua meta. Não importa as criticas. Não importam os percalços.
Estes dois seres humanos, nascidos em países distantes, foram para mim, os turning-points do turfe norte-americano, que a partir de Sir Ivor, Habitat, Nijinsky, Mill Reef, Roberto e culminando com Secretariat fizeram o cavalo norte-americano não só respeitado a nível internacional, como igualmente disputado a preço de ouro, onde fosse oferecido.
Você tem crer no que faz e lutar por seus conceitos. O tempo irá tratar de adequa-los as eternas mudanças das realidades factuais e temporais. Mas sua base tem que ser a mesma. Consubstanciada em parâmetros racionais. Nunca em aventuras tresloucadas ou tiros para o alto com os olhos fechados, na espera que a sorte lhe faça cair o pássaro desejado a seus pés. Porque levanto este ponto? Vou tentar ser claro.
Não vejo com bons olhos – de alguns anos para cá – como boa, a participação do cavalo brasileiro no Festival de Dubai. Glória de Campeão foi um exemplo de perseverança, assim como Hard Buck, Siphon e Sandpit. Mas o que dizer do resto? Conhecida e aceita a necessidade de uma aclimatação e uma posterior adaptação ao novo hemisfério e aos novos ambientes, tem que se levar em conta a qualidade do cavalo. Conseguimos algumas vitórias no Carnival, onde a primeira turma do hemisfério norte comparece numa proporção ínfima. Ganhamos, vendemos e a partir daí, todos, ou quase todos, fracassaram. Logo, há uma grande chance de termos queimado, de uma vez por todas, nossa imagem â nível de grandes investimentos internacionais. Imagem... Mike De Kock, polemizou a imagem do cavalo argentino falando mal do mesmo. Exagerou? Não creio. Vejo que no anos finais desta década recém finda, ficou provado que o produto brasileiro, sendo ele superior ou não em nosso território, foi capaz de desbancar o coetaneo vizinho em provas como o Grande Premio Nacional, o Pellegrine, o Dardo Rocha e mais recentemente um parelheiro de pouca valia, numa prova de graduação 3. Mas seriam Eutambém, Mr. Nedawi e Xin Xu Lin, cavalos comuns? Duvido. Eles eram o melhor que tínhamos a ofertar e por isto exerceram suas respectivas superioridades em nosso hemisfério.
Deveríamos ajustar nossa imagem em Dubai, para poder continuar tendo uma luz a nossa volta. Luz esta que nos garantisse visibilidade na vitrine do turfe do primeiro mundo. Mas para tal teríamos que primeiro ter certeza do que fazemos, para depois, com perseverança – que nunca nos faltou – provarmos que nossos princípios nos levaram a conquista daquilo que procurávamos. Não apenas sonhávamos.