Desde cedo me curvei ao óbvio e quando ele se prova estatístico, mais ainda. Como já disse uma vez, não sonho com a imortalidade, com a notoriedade, apenas tenho em mim o apelo pela sobrevivência. E nesta atividade, para se sobreviver, é necessário se ganhar, ganhar e ganhar. E mesmo assim, suas chances de ser esquecido são colossais. Pois, outros ganham também. Talvez não com tanta frequência, e nem com tanto fulgor, outrossim, sempre a última vitória é aquela que fica gravada de uma maneira mais viva na memória, daqueles que poucos pesquisam, ou se deixam levar por gostos meramente pessoais.
Tenho minhas teorias, que hoje divulgo, pois, já passei dos 60 e tenho plena convicção que viverei menos, do que já vivi até aqui. Como disse hoje as divulgo, mas as uso desde o inicio de minha caminhada profissional.
Quase todas as éguas que me trouxeram sucesso reprodutivo, pertenciam a segmentos maternos, que ate hoje figuram com destaque, entre os de melhores resultados clássicos em provas de grupo no mundo.
O mais importante em meu modo de ver, ao se selecionar algo que um dia lhe servirá reprodutivamente é prever por quem os sinos irão dobrar. Na verdade é ter em mente o valor residual da hereditariedade, que muito tem a ver com sua linha materna e na estrutura genética de seu pedigree. Pois, ainda mais importante que uma égua, se tornar uma mãe clássica, é suas filhas perpetuarem este sua transmissão pelas gerações que se sucedem.
Não tenho ideia exata de quantos filhos de éguas por mim selecionadas são hoje ganhadores de grupo no Brasil. Por minhas contagens, são 91. Na Argentina 14. No Peru dois. E fora de nosso continente 26, sendo um no Japão. Outrossim, tenho plena convicção, que pelo que produziram até o determinado momento existem 25 destas éguas que se destacam, por terem produzido, pelo menos um cavalo, que a uma determinada época poderia ser considerado, um elemento superior. Apresento-as por ordem alfabética.
Ala Moana (1979-PER, Tajon e Cool Fair por Collide), foi uma múltipla ganhadora de provas de graduação máxima em seu pais de origem, e uma descendente da linha 2-d. Sua potranca de 1994, Autumn Lady, pelo nacional e não consagrado no breeding-shed Ventaneiro, ganhou a primeira prova da tríplice coroa paulista feminina, o GP. Barão de Piracicaba (Gr.1). A linha 2-d, que este ano não está tendo um de seus melhores desempenhos, mesmo assim está na 75º colocação, com 7 individuais ganhadores de grupo, para o mesmo número de vitórias em provas desta categoria.
Baby Rafaela (1992-USA, Beau Genius e Hurry Countess por Hurry to Market), foi uma ganhadora de três carreiras no Brasil, e uma descendente da velha linha 1-a, que hoje já não goza das glórias de outrora. Reprodutivamente ela gerou a duas ganhadoras de graduação máxima, uma com Vettori, heroína do Diana (Gr.1) carioca, Immortelle e com Dubai Dust, a Princesa Zuca, ganhadora do GP. Zélia Peixoto de Castro (Gr.1)
Beckys Shirt (1991-USA, Cure the Blues e Thundertee por Ye), ganhadora de cinco carreiras, com colocações em provas de grupo e um recorde de distância, e proveniente da linha 1-k, que hoje conta com 14 individuais ganhadores de grupo, para um total de 19 carreiras deste nível, e dois ganhadores na esfera máxima, o invicto Frankel e Snow Fairy. A linha 1-k é a 27º da atual temporada. Becky's Shirt produziu com Grand Slam, ao ganhador da Breeders Cup Sprinter, Cajun Beat. Há de igualmente se comentar que uma das filhas de Beckys Shirt, Lears and Limos, já é mãe da Canadian Group 2 winner Simply Splendid e os Stakes winners, Sweet Alex e Traffic Light, sendo o segundo colocado em prova de graduação 3.
Bleu Blanc Rouge (1992-CAN, Stead Growth e Bounding Stone pro Commemorate), ganhadora de uma carreira no Brasil e proveniente da linha 9, que esta temporada conta com 15 individuais ganhadores de grupo, de um total de 20 vitórias em provas deste padrão, e seis ganhadores de graduação máxima, a se conhecer: Amaron, Excelebration, Jaleemar, Manighar, Misdirection e Woorim. Atualmente se encontra na vigézima sexta posição, entre os principais ramos no mundo. Pois bem, n o Brasil, esta canadense gerou com o consagrado Royal Academy ao ganhador do GP. Linneo de Paula Machado (Gr.1) Match Point; com Candy Stripes, a ganhadora do GP. Duque de Caxias (Gr.2) Lovin Rafaela que por sua vez reprodutivamente gerou com o nada recomendável Our Emblem, ao terceiro colocado no Derby paranaense (Gr.3) Tiro de Guerra; com Booming, a terceira colocada no Internacional OSAF (Gr.1) Gracious Rafaela; e com Clackson a Heroic Move, mãe do segundo colocado no Derby Paulista (Gr.1), Biólogo.
Cara Rafaela (1993-USA Quiet American e Oil Fable por Spectacular Bid), group 1 winner nos Estados Unidos e descendente da linha 4-m. A linha 4-m, na atual temporada é a terceira em aproveitamento de número de individuais ganhadores de provas de grupo. São até o presente momento, 29, responsáveis por 39 vitórias e nada menos que oito elementos de graduação máxima: Atomic Force, Attila, dawn Approach, Europa Point, Joshua Tree, Love and Pride, Love Theway Youare e Willy Beamin. Cara Rafaela é hoje égua de renome mundial. Afinal, produziu com o leading sire A. P. Indy ao consagrado em pista e no breeding-shed, Bernardini; com outro leading sire, Storm Cat a group 1 placed, Ile de France, mãe da Grade 1 winner Love and Pride; e com o leading sire Deputy Minister, a Lovely Regina, mãe do multiple grade 3 winner, Thiskyhasnolimit.
Carol's Folly (1987 - USA, Taylor's Folly e No Trespassing por Bob's Dusty), uma ganhadora de cinco carreiras em seu pais de origem, advém da linha 12-b. A linha 12-b, tem na atual temporada 7 individuais ganhadores de grupo de um total de 8 vitórias neste setor, sendo duas delas de graduação máxima, e ambas obtidas por Siyouma. Trata-se da 73º colocada. Outrossim, o grande sucesso dela na reprodução se deve ao fato da exploração dos imbreed levados a efeito em In Reality, responsáveis pelo aparecimento de suas duas ganhadoras de graduação máxima, a vencedora do Ashland Stakes (Gr.1) Glitterwoman, pelo inexpressivo Glitterman e a ganhadora da Breeders Cup Distaff (Gr.1), Unbridled Elaine esta pelo excelente reprodutor Unbridled's Song. Ambas com excelente aproveitamento reprodutivo, já que a primeira é a mãe do Grade 1 winner Political Force (Unbridled's Song) e a segunda dos Grade 3 winners Etched (Forestry) e Out of Bounds (Discreet Cat). Mas Carol's Folly funcionou também fora do imbreed em In Reality, pelo menos reprodutivamente, com a perdedora filha de Seattle Dancer, Gwenjinsky. Ela produziu com Editor's Note ao multiple grade 2 winner Lead Story e com Cape Town ao Stakes winner Capejinsky.
Du Chatillon (1991-USA, Manila e Bag of Tunes por Herbager), foi uma ganhadora de seis carreiras no Brasil, com duas segunda colocações em provas de grupo 2. Ela pertencia a linha 5-j, uma linha que este ano tem a seu favor apenas cinco individuais ganhadores de grupo de um total de seis carreiras deste destaque, mas pelo menos um ganhador de graduação máxima, o segundo colocado na recente Breeders Cup Sprint, The Limber Guy. Confesso que meu interesse nesta que foi criada pela Juddmonte farms, foi ser ela um neta da ganhadora do Kentucky Oaks, Bag of Tunes. E quem acompanha o que defendo, sabem de meu respeito para com as ganhadoras desta prova. Mas Du Chatillon, não só se saiu bem na pista como no breeding shed, onde produziu com o irregular Baynoun ao Group 2 winner Deuteronomio e a ganhadora de uma carreira Adoration, mãe do Group 2 winner Safe Port. Com o regular Inexplicable, ela produziu a ganhadora do Diana, Inchatillon.
Dualstar (1979-BRZ, Pass the Word e Dulciana pro El Virtuoso), terceira colocada no GP. Onze de Julho (Gr.3) é uma descendente da linha 6-a. Com o pouco aproveitado Spoletto ela gerou a Group 2 winner Dietrich; com o igualmente pouco aproveitado Nindiano a ganhadora do Diana (Gr.1) carioca, Exclusive Star que é mãe de da Group 2 winner Mania Star (Blush Rambler) e de Maria Star (Ghadeer), esta responsável pelos aparecimentos da Group 3 winner e terceira colocada no OSAF (Gr.1), Hope (Know Heights) e a terceira colocada no GP. Mariano Procópio (Gr.3), Jerez (Gilded Time); e com o pouco recomendável White Clover a Fast Fokine, mãe da Stakes winner Ana Banana.