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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A BOA LUTA É AQUELA QUE A GENTE GOSTA DE COMBATER

Não lembro-me exatamente quando foi a primeira vez que tomei conhecimento de Pasargada. Deve ter sido no colégio, em alguma aula de História ou geografia. Lembro-me apenas que fiquei extasiado com o que ouvi. Parecia um sonho oriental, de mil e uma noites. Descobri também, que pouco ou quase nada se sabia sobre a história do lugar e como naquele tempo não havia internet, criei em minha cabeça, a minha própria Pasargada.

Imaginei que a cidade erigida por Ciro, exatamente no local de sua vitória sobre Astíages, era um lugar encantado. Onde tudo acontecia como o sonhado. De concreto, tomei conhecimento que o nome queria dizer algo como o tesouro dos persas. Hoje qualquer criança de seis anos, vai na internet e é brindada com todo o tipo de informação. Hoje não existe mais desculpa para a ignorância.

Como acho que igualmente não há, em relação ao mercado de cavalos de corrida. Pedigrees, campanha, fotos e comentários, podem ser cessados na internet, por quem quer que seja, que se mostre interessado. Logo, não sabe, quem não quer, ou se recusa a ter o trabalho de tomar conhecimento.

Numa das mensagens que recebi sobre um melhor 2013, uma pessoa que reputo de grande importância profissional no turfe brasileiro, assim se referiu: ...às voltas com a mesquinharia do turfe brasileiro. Criadores que só pensam em si; velhos ignorantes que por não enxergarem vetam sem exame as inovações necessárias e por aí vai ... Mas a boa luta é aquela que a gente gosta de combater.

Pois é, a boa luta é aquela que a gente gosta de combater. Concordo, mas por mais guerreiro que você possa ser, existe um limite. Todos tem uma capacidade de absorção de idéias e uma forma de transmiti-las, Do outro lado aqueles que as recebem possuem outras capacidades de absorção e transmissão. E assim, da ideia a execução, a coisa deve passar por três ou quatro pessoas. Desta forma, por mais perfeita que seja a idéia inicial, ela sofre adaptações, daqueles que as recebem e a passam adiante. Ninguém consegue visualizar uma coisa da mesma forma. Impossível. Óticas podem ser parecidas, mas nunca iguais. Por isto, creio eu, que um programa como a da Godolphin, por mais bem elaborado que seja - e certamente o é - chega a seu final capenga. Estão ai os resultados que comprovam que a coisa, embora em alto valor técnico, não devolve os resultados que deveria devolver. Ou estarei errado? 

Razões? para mim, é muita gente mexendo na mesma panela. Imaginem centenas de cozinheiros, colocando ingredientes em uma mesma panela? Que paladar terá a comida?

O cavalo é como se fosse esta panela. Ele é um ser maior que você, mas que felizmente confia em você. Ou melhor naquele que dele cuida, o treina e o monta. Quando você faz ele passar por distintas mãos, você o confunde. Imaginem se a isto somarmos diversos translados com distintas formas de habitat. Você já viu um cavalo solto na raia? O que ele faz? Mesmo desnorteado e em desabalada carreira, ele procura uma maneira de voltar a sua cocheira. É ali que ele se sente seguro. Esta é a sua fortaleza. Suia paz de espirito. Por que então confundi-los, com distintas moradias? Tipos diferentes de comida, de trato? Lembrem-se que toda vez que você confunde um gigante, normalmente os resultados não são amistosos. Imaginem se os cavalos de corrida, valessem de seu maior poderio fisico e dominassem os homens?

E a coisa começa no haras. Quanto menos gente colocar a mão na massa, melhor pode sair o bolo. Resumindo, o cavalo é um minimalista. Quer as coisas simples, de forma que ele possa entender e se concentrar apenas naquilo que gosta de fazer, correr. Qualquer surpresa o assusta. Qualquer inovação tem que a ele ser introduzida com paciência. Afinal, cavalo feliz, é a sua chance de sucesso. E eles são ainda produtos artesanais. Cada um necessita de um cuidado especial. Não são máquinas, que produzidas em serie, tendem a ter o mesmo rendimento.

Ai entra aquela história que o amigo comentou acima: velhos ignorantes que por não enxergarem vetam sem exame as inovações necessárias e por aí vai... Pois é, o turfe se renova a cada dia. Seja na pista ou fora dela. Quem não se adaptar, fica fora do ritmo. Pode continuar, mas suas chances de sucesso passam a ser factuais, não mais continuas.

O turfe é como Pasargada. Aliás refrasiando, a minha Pasárgada, aquela do sonho, do paraíso, das mil e uma noites. Um sucesso apaga mil desastres. Só que agora temos informações, que podem nos ajudar a compreender por que as coisas acontecem. Hoje sei tudo sobre Pasargada. Isto é importante. pelo menos para mim. Outrossim, mais importante do que isto é ter se inebriado com ela, quando ainda menino e feito ela ser um sonho e então partir para descobri-la. 

Hoje já passei dos sessenta. Mas nunca deixei de sonhar. Sem sonhos, as realizações não tem o mesmo prazer. A vantagem é que posso transformar meus sonhos em realidades, graças a informações que posso trazer a meu conhecimento e a aqueles que estão profissionalmente comigo.


No turfe, para ser proprietário ou criador, existe uma regra que não pode ser deixada de lado. Os ansiosos comem cru. Para os profissionais, não pode existir o medo. Você tem que acreditar no que faz, mas evidentemente sabendo por que fez. E com sorte a minha Pasargada, um dia se transformará no Olympo.