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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

PAPO DE BOTEQUIM É DE RIR PARA NÃO CHORAR

Pratico o que prego. E só prego aquilo que acho que está testado e positivamente provado. Coisa de gente com mais de 50 anos... 

Aproveitando a deixa, lembro que minha vó Adelina, dizia que não era para pregar prego sem estopa. E aquele que sabia, assim o fazia. Pois, sem estopa, podia machucar seu dedo. Pois é, a estopa daquilo que defendo e prego, nada mais são do que os resultados estatísticos e as análises das similaridades existentes entre os diversos universos de pesquisa. Coisa simples de se entender, quando são possíveis exemplos práticos e acima de tudo de alta significancia. Vamos a um deles, para se tentar deixar as coisas claras.

Creio licito se afirmar que Argentina, Brasil e Chile devam ser os centros mais adiantados na América do Sul, porém, querendo ou não, temos que admitir, que a vizinha Argentina, talvez seja, o que deva ser colocado em primeiro lugar, levando-se em consideração tradição e resultados no hemisfério norte. Dias atrás um cavalo chamado Flowing Rye, ganhou os 1,800m do Gran Premio San Martin (Gr.1) no hipódromo de Palermo, que pelos próprios argentinos é considerado a catedral do turfe local. O que tem isto de especial? Vislumbrem seu pedigree e entenderão.

Trata-se de um filho do bom reprodutor Catcher in the Rye (Danehill), em mãe pelo muito bom, Bernstein (Storm Cat), na linha 4-k. Somos fadados a trabalhar com mensageiros e não com as verdadeiras fontes provedoras da classe, como Danehill e Storm Cat. Nascemos no hemisfério errado... Mas foquemos no ponto. Os dois citados mensageiros, embora em pista não possam ser considerados de primeiro nível, pelo menos devem ser vistos, como bem acima da média, em termos reprodutivos. Menos pior. Mas não são, nem de perto, os mensageiros que podem ser utilizados nos Estados Unidos, Europa, Japão e mesmo Oceânia.

Deixemos de rodeios e explicações. Indo direto ao ponto, este pedigree possui até a quinta geração apenas uma duplicação. Em Northern Dancer na razão 4x5. Nada demais. Outrossim, se avançarmos mais uma geração, constataremos três importantes Rasmussen Factors, assim distribuídos: Natalma 5x5x6, Flower Bow 5x6 e Busanda 6x6. Garanto, com experiência de causa a vocês, que não é muito fácil se construir um pedigree como este. Se quem o erigiu o fez por acaso ou sabendo exatamente o que estava fazendo, não me interessa. O que interessa, é que ele propiciou o aparecimento de um ganhador de esfera máxima. E é isto, que todo criador e proprietário assim o quer. Ou estarei eu errado?

Quem não garante, que estas quatro duplicações não ajudaram Flowing Rye a ser o que é? Vocês hão de convir que existe uma mais do que plausível chance disto ter acontecido. Mas vamos nos aproveitar de outro exemplo acontecido no Chile, com um cavalo com o sugestivo nome de Devuelve la Plata. 

Trata-se de um filho de Until Sundown (Smart Strike) em mãe Dushyantor (Sadlers Wells), da linha 4-m. Ele ganhou em Valparaíso, os 1,900m do Alfredo L. S. Jackson (Gr.3). Quando abrimos seu pedigree, verificamos que sua estrutura genética está consubstânciada nos dois elementos acima citados, mais Fappavalley (Fapiano) e Blue Dancer (Lyphard), respectivamente pais de suas segunda e terceiras mães. A exceção de Dushyantor, que ganhou prova de graduação dois, mesmo assim em 2.400 metros, nenhum dos três outros mensageiros, o fez. Until Sundown é um ganhador de grupo 3, Fappavalley de listed e Blue Dancer de apenas uma carreira, para perdedores. Logo, não podem ser considerados mensageiros de primeiro quilate, pelo que provaram em pista, embora filhos de grandes reprodutores. O que faz então Devuelve La Plata ser o que é? Eu diria que sua estrutura genética de duplicações.

Ele trás a bem sucedida combinação de imbreeds em Northern Dancer 4x4 e Mr. Prospector 3x5, acrescida de uma de Raise a Native 4x5 e uma grande concentração de Nearco até a sua nona geração, de nada menos que 19 linhas, sendo seis delas por distintos mensageiros, cinco machos e uma fêmea.

Sei que muita gente há de pensar que estou vendo castelos na areia. Posso até concordar. O problema é que tenho a favor, o fato de poder ver isto sendo repetido, nos quatro cantos do mundo, independentemente da qualidade dos mensageiros. Vocês tem que em contrapartida concordar comigo, que a América do Sul, não prima - como a Europa, o Japão e a Oceânia - na montagem de pedigrees embasados em imbreeds e Rasmussen FactorsPois bem, tenho compiladas em meu data base, 438 provas de grupo disputadas na temporada de 2012. Nada menos 330 delas, foram vencidas por cavalos que em seus pedigrees - até a quinta geração em relação a machos e sexta em relação a fêmeas - pelo menos uma duplicação.  Isto representa um percentual de forte significância: são 75,34%. Não tão alto como nos países anteriormente citados, mais igualmente delator, de ser este o caminho, de se chegar mais depressa e com maior assiduidade aos winners circles que interessam.

Existem diferenças entre Argentina, Brasil, Chile, Peru, Uruguai e Venezuela. Como diria, vó Adelina, cada macaco no seu galho. Ma há de se convir, que ainda não existe uma filosofia, sequer mediana, desta forma de elaborar cruzamentos, nos mesmos. Mas mesmo assim, os percentuais demonstram, onde está o fidedigno lado da verdade. Se é que possa existir uma verdade... Agora o que me faz "chaqualhar" de rir, é tomar conhecimento que exista ainda gente que bata palmas para aqueles que querem abrir, os nossos já escancarados pedigrees e outros que criticam em eu me preocupar com o número de chefes de raça que um reprodutor ou égua de cria, possa contribuir para o pedigree de seus produtos.

É de rir, para não chorar!