Aprendi a lição e hoje quando não gosto, ignoro e mudo de estação. Afinal, não dá para convencer alguém que não queira ser convencido. Você pode provar estatisticamente por A + B, que aqueles percentuais são fracos, mas não adianta, se a cabeça já foi feita. Inútil, pois, por uma margem de infalível constância, acreditem, prevalecerá a discordância.
Outro dia, demonstrei a um interessado que se um cavalo teve chance em Kentucky, em haras de primeira grandeza, botou no chão mais de 100 produtos e apenas 30% deles correram e não mais de 17 ganharam, embora um deles estivesse cerca de liderar a geração, a melhor solução é passar batido. Trocando em miúdos, se um reprodutor não está conseguindo provar em haras de primeira grandeza, por que seria capaz de fazê-lo em outro de terceira ou quarta? Apenas por que mudou de hemisfério?
A imagem dos cavalos é feita muito em função daqueles que o projetam. E quanto maior for o projetor, maior será a projeção. Ai este grande projetor, num ato de bondade abre mão daquele que projeta e você, que assume o desafio - passa a creditar piamente ser o mais vivo elemento do pedaço. Vou repetir uma frase que disse em uma conferência que dei. A televisão conferiu aos Estados Unidos uma muito maior capacidade de convencer o mundo, que propriamente suas ogivas nucleares, que diga-se de passagem, nunca foram usadas. E assim no turfe, grandes cavalos que foram diferenciados em pista, mas que depois fracassaram - mesmo contando com o apoio de um grande haras internacional - dificilmente conseguem luzir em outros centros, mesmo estes sendo de menor competitividade.
Alguma dúvida? Vejam quem foram os grandes reprodutores no Brasil, na Argentina e no Chile. E chegarão a nomes como os de Ghadeer, Tumble lark, Earldom, Southern Halo, Candy Stripes, Roy, Seattleman Day, Mr. Long, named. Nenhum deles explorado reprodutivamente por grandes haras em seus países de origem. Nenhum deles foram considerados elementos diferenciados quando em pista. Porém, todos sem exceção, deixaram marcas indeléveis por onde passaram. Capazes, inclusive, de gerar em nosso hemisfério, cavalos com capacidade de ganhar provas importantes no outro.
A verdade, é que nomes, ainda falam ainda mais na criação brasileira, do que frios resultados. O que não deixa de ser uma pena, pois, apenas um em 100 irão contrariar esta regra básica que o que não funciona, não funciona. Não é por que vó Adelina ser brasileira, que ela seria titular da seleção boliviana. Quando algo não existe, preferível não inventar.
Mas ao mesmo tempo poucos, refraseando, muito poucos tem o poder de trazer um reprodutor sozinho e banca-lo neste sistema de shuttle, que em um ano certamente lhe trará uma despesa de baixos a médios seis dígitos. É mais lógico se comprar um e jogar suas fichas nele. Em termos de shuttle, se você trouxer aquele com confiável potencialidade, mas sem aquele projetor que faz dele algo objeto de desejo, não vende as coberturas e terá que bancar a grande maioria de sua produção. Por sua vez, o fashionable com potencialidade, aqui não aporta. Não temos o lastro financeiro para fazê-lo. Logo, o que sobra são os fashionables, que possuem baixos indices de elementos corridos e menor ainda de elementos clássicos, mesmo tendo sido um belo espécime de corrida em pista e tenha recebido por um determinado período apoio de grandes éguas. Aí é dose acertar.
Resumo da ópera: se ficar o bicho pega. Se correr o bicho come !
Não seria melhor voltarmos ao sistema antigo e investir na compra de reprodutores? Afinal não foi assim que Ghadeer, Roi Normand e outros aqui aportaram?
Agora quando você toca nestes assuntos, que são delicados, tem que se pisar em ovos já que muitos não gostam e invariavelmente criticam. Mas como diria vó Adelina, talvez querendo estar em seu lugar.