Alguém que não foi vó Adelina, escreveu uma vez, que o homem é produto do meio. Pois é, até o homem largartão acima, o conseguiu. Mas será que isto se aplica as corridas de cavalo? Pelo o que aconteceu este sábado nos Estados Unidos, acredito que sim, pois, em 11 provas de grupo disputadas em dois hipódromos, o que se viu foram 9 ganhadores descendentes de Mr. Prospector e os dois restantes, de Storm Cat. Que me desculpem, aqueles que possam não concordar , mas isto é mais do que uma tendência. Isto é uma pura constatação.
O fato que certas linhas se adaptam melhor a certas regiões que outras, para mim, é um dado fora de qualquer questionamento. Resta entender por que isto acontece. Por que os Buckpasser brilham na América do Sul assim como os Caros? Ou os Halos, na Argentina, no Japão e na Oceânia? E qual a razão deles não funcionarem da mesma forma na Europa e nos Estados Unidos?
Tenho pavor de unanimidade e mais ainda de generalizações. É excruciante ouvir ou ler alguém colocar tudo dentro de uma mesma panela e tratar como se fosse farinha de um mesmo saco. Generalizar o leva a certas situações, que parecem com aquela sinuca de bico. Esta semana recebi de um leitor uruguaio, uma observação, que não está de todo errada, mais por generalizar, perde na verdade o seu verdadeiro conteúdo.
Quando escrevi, neste blog, a nota, Para onde estão indo os Allegeds, o fiz, por ter sido ele um dos cavalos que mais me impressionaram em pista. Era de uma classe, de uma autossuficiência doentia. Fazia sua carreira e ganhava sem mexer um músculo sequer. Não é a toa que ganhou dois Arcos da mesma forma. E logo a seguir, recebi o citado e-mail que repasso aqui
Y los TUMBLE LARK (2s), donde?
Y los SECRETARIAT (2s)?
O su hermano SIR GAYLORD, donde?
Estamos lloviendo en el charco. de la 2s solo puede esperarse buenos corredores y mejores abuelos....no es poco.
Eu diria que tanto Alleged, como Tumble Lark e Sir Gaylord não foram apenas bons corredores e melhores avôs maternos, eles foram também grandes reprodutores, incapazes de se tornar Sire of Sires. Logo algo pode se esperar deles, também na produção de corredores Mas mesmo assim no caso de Sir Gaylord, ele tem uma tribo que dele descende, até hoje viva e diria até que tremendamente operante, já que Zabeel e seus filhos continuam a serem um dos únicos a fazerem frente ao enxame de Danehills, na Oceânia. Outrossim, razões existem para tal...
Para que uma tribo prospere, dois fatos devem acontecer, quando grandes chefes de raça, tais como Danehill, Sadlers Wells, Mr. Prospector, Storm Cat e outros deste naipe não estão presentes. O primeiro é a qualidade do descendente e o segundo sua plena adaptação as éguas que lhe serão ofertadas e a forma como seus filhos serão criados, treinados e corridos.
Eu não seleciono um animal inédito pensando no lado futuro da reprodução. Tento distinguir nele, o atleta que vai a pista. Mas quando a gente trabalha visando a criação outros detalhes tem que ser levados em conta. Um reprodutor da linha 5-h, até aqui, tem provado estatisticamente ser depositário de mais chances de criar uma hierarquia que um, por exemplo, da linha 2-s. Outrossim, isto não impediu que Sir Gaylord fundasse a sua, por intermédio de seu neto Sir Tristram. Este, sem dúvida alguma se transformou num escândalo de altíssimas proporções na Nova Zelandia. Ai a gente, examina e conclui que a terceira mãe de Sir Tristram - ele que não era considerado um bom cavalo em carreira e ainda por cima portador de sérios defeitos físicos - foi a mãe do chefe de raça Mossborough e era também uma irmã de outro, Hyperion.
Partindo-se do principio que um elemento da 6-e, tem antecedentes que otimizam suas chances de se transformar em um chefe de raça, e tendo ainda em consideração que Sir Tristram, além de ser um descendente direto de Selene, era nela também duplicado, assim como em duas outras grandes matriarcas Lavendula e Mah Mahal e tendo igualmente em vista, que seu pai, o derby winner Sir Ivor - que tem que ser considerado no mínimo um grande pai de corredoras - o era em Mumtaz Mahal e Plucky Liege, nos leva a pensar que foram estas duplicações a razão da tribo de Sir Gaylord estar ainda apresentando um alto padrão de operacionalização clássica. É um direito que me assisti
E ai virão algumas conclusões:
A - o leitor generalizou e em sua generalização em relação a manutenção de tribos via reprodutores da linha 2-s, ele pode estar também certo.
B - Não poderia não ter sido apenas um filho seu descendente da consagrada 6-e a razão de Sir Gaylord, ter hoje uma tribo ainda viva?
C - Ou será que as duplicações aqui comentadas, não ajudaram a resumir esta ópera?
Logo, penso que o leitor estava quase certo. Apenas não é uma questão de chover no mesmo charco o ponto dele achar que a 2-s não pode fazer bons garanhões, ainda mais que dos quatro elementos citados por ele, três o foram.
Afinal, cavalo de corrida tem mãe, e as vezes algumas podem até fazer a diferença, mesmo em um reprodutor, cuja linha materna não tenha até então, a presença de consistentes sire of sires.