Confesso que o sentimento de algo conseguido de forma imerecidade, explicada tão somente à sorte, sempre me apavorou. Pois, aumentava em muito a potencialidade do azar... E esta dúvida, formou em mim um fato lógico de mistério, dramaticidade e destino que me deixou confuso.
Outrossim, dentro de sua crassa objetividade, vó Adelina, vendo-me na penuria, refrasiou: a sorte só ajuda quem a merece. Para dizer a verdade, compadeceu-me, mas nem de perto convenceu-me.
Eu acho que a sorte, é ter um cerebro que funcione, destituído daquele rictus medonho de paixão, presente na maioria dos ignorantes, que abraçam causas, sem ao menor ter a noção do por que. Apenas seguem a luz, qualquer que esta possa ser e na direção que ela tiver.
O medo de ser um escravo do destino e um temente a sorte, me fez sempre tentar descobrir o por que. Nunca fui daqueles que desmontei brinquedos, mas em contrapartida, pensava por que ele fora feito e qual a sua maior utilidade. Como explora-lo ao máximo. Como melhor tirar proveito do mesmo. E esta constituíção curiosa acompanhou-me, por toda a minha existencia, como jovem, homem e hoje de um elemento cuja experiência lhe ensinou, que a sorte é sempre necessária, mas ela pode ser construída por você, sempre que você se dar ao trabalho de aumentar suas chances, por intermédio de decisões lúcidas.
Cada um pensa da forma que for. Eu acredito que partir-se das linhas maternas é um aumento substancial de chances. Somar-se uma criteriosa seleção de estruturas genealógicas e duplicações em elementos de comprovada competência na arte de transmissão de caracteres, aumneta ainda mais suas probabilidades. A partir da ai, tendo como base outros fatores que apenas a experiência lhe faculta exercer, você pode chegar ao ponto, ajudado, vamos assim dizer, por um pouco de sorte.
Acreditar na sorte é um direito de cada um. Como igualmente acreditar em Papai Noel ou mesmo na lucidez do Lula, na honestidade do Delubio, no patriotismo do Dirceu e até na inteligência de dona Dilma. Mas se você depender muito da sorte, você vira um naufrago em uma ilha deserta a espera que um avião fora de rota, o identifique. Ou despenca e apodrece, como o Brasil.
Mas para independer da sorte, você tem que conhecer aquilo que faz e ter a capacidade de aguentar aqueles que seja por inveja, ou mesmo deconhecimento ou convicção vão lhe criticar e menosprezar a sua tese. Pois, existe uma verdade bíblica - o conhecimento nem sempre incentiva, inspira, pelo contrário, acaba acarretando critica e contestações.
Sempre tive pelas duplicações, preferências escandalosas. Com isto trouxe para mim, muitas criticas. Outrossim, o tempo foi me demonstrando que certas duplicações funcionavam de uma forma constante, e outras não. E dentro destas que não funcionavam, existiam algumas que me moíam o cerebro. por que não funcionavam. Um delas era a de Gold Digger, a mãe de Mr. Prospector.
Aceito que era dificil ela funcionar, pois no caso de Natalma, de Somethingroyal, de Special, de Flower Bowl, de Selene, de Canterbury Pilgrim e de tantas outras, havia um precedente que lógico. Diria até que lúdico: estas éguas haviam produzido pelo menos dois filhos que haviam se excedido em termos reprodutivos. O que não era o caso de Gold Digger. Ela era a mãe de Mr. Prospector e ponto final.
Porém, a pulga que sempre habitou a parte posterior de minha orelha, renitentimente me lembrava, que Mr. Prospector não era apenas um garanhão de primeira lina. Ele com Northern Dancer, Sadlers Wells, Storm Cat, faziam parte daquela elite, que pode ser considerada de elementos de exceção. Algo tinha que acontecer um dia, mesmo faltando-lhe um parceiro.
O tempo passou e de uns anos para cá, a coisas começaram a acontecer. Tanto com Gold Digger como com sua mãe Sequence. Esta temporada, que ainda nem dois meses completou já são cinco individuais ganhadores de grupo a ter duplicações em pelo menos uma destas éguas. O grande cavalo norte-americano da atualidade, Shared belief, é um exemplo. Ontem foi a vez de Mufajaah, e a este somaram-se Multitude, Snowdrift e Foque.
Dizem que a justiça tarda, mas não falha. E embora eu tenha certas duvidas sobre este chavão, diria, que a égua que um dia produziu o elemento de exceção, pode tardar a provar seu ponto, mas um dia virá a confirmar a regra, que a sua duplicação será benéfica a quem nela acreditar.
Alguém, nestas mesmas condições está ainda devendo? Eu diria que sim, Pas de Nom. Mas isto é assunto para amanhã.