Vocês hão de concordar que dentro da lei natural das coisas, é o gato que tem que comer o rato e não o rato comer o gato. Mas em esportes geridos pelo tempo, em algumas vezes, o rato come o gato. Esportes tais como o Futebol, o basquete e o turfe. O mesmo dificilmente acontece com o tênis e o volley, onde você tem que ganhar os cinco sets, leve meia hora ou meia dúzia de horas.
No turfe estamos acostumados a estas coisas, pois, nem sempre o favorito leva a melhor. É um esporte onde ganha quem chega na frente, percorrendo a mesma distância no menor tempo. Mas para se conseguir o feito, adquirisse uma égua, compra.se uma cobertura, cobre-se a égua, e quando ela se torna prenha e 11 meses depois pare um novo ser, começa-se um processo que se chama de criação, que depois de vencer todas as suas etapas, vê-se o resultado, com a abertura do starting-gate.
Felizmente amanhã é dia de Royal Ascot, e lá poucas são os ratos que conseguem comer os raros. Prevalece a lógica, principalmente em terreno normal.
Mas voltando a nossa realidade, onde o rato de vez em quando se satisfaz, diria que os dois mais importantes reprodutores da modernidade no Brasil, tem suas últimas gerações a correr em 2021 e 2022. Falo de Wild Event e Agnes Gold. Quem os substituirá? Pois, mesmo por pior que possam ser aqueles que os vão substituir, alguém deverá emergir das profundezas do nada e tomar o local de mais destaque.
A primeira vista Put it Back e Drosselmeyer, ambos em Bagé, são os mais cotados, mas tirando estes dois, já que Nedawi continua vivo, mas abandonado, vocês arriscariam algum outro entre os que já tenham filhos corridos? Cavalos, alguma com idade avançada, Forestry, Setembro Chove, Tiger Heart, Salto, todos sediados no Paraná?
Temos uma crise, na hora de tentarmos montar nossos programas. Falta cavalos. Pois, cada dia produzimos um número menor de produtos. Importar se tornou difícil, dada aos taxas instituídas pelo governo. Cada vez mais saem cavalos para o Uruguai. Onde isto irá parar?
Pelo menos oito novos reprodutores foram importados, entre aqueles que tem sua primeira geração nascida em 2020 e 2021, e os que chegaram para sua primeira temporada de monta no Brasil. Mas e nosso número de éguas? Logo, enquanto não voltarmos a produzir pelo menos 3,000 cavalos ano, as chances de sobrevivência de nossos hipódromos, torna-se cada vez menor.
Isto é o que chamo o fundo do poço. Fácil de se descer. Difícil é se subir. Nosso decréscimo genético se dá quando passamos a usar a neta e a bisneta da importada, adornado muitas vezes por eletricistas, que como erva daninha, penetram e dominam pastos novos. Para muitos, não diferença. Sinto discordar: Há e muita.
Sei que para os administradores dos hipódromos, o problema exige uma solução imediata. Mas esta não se dará apenas com o aumento do movimento onde apostas. Necessitamos capacitar nossos hipódromos de três ou quatro reuniões repletas de inscrições. Caso contrário, a coisa não irá fluir, da maneira necessária. E antes que verdadeiros veios que se consagraram através de décadas sejam totalmente delapidados, precisamos aumentar nosso quadro criatório, não só de uma forma qualitativa, como também, quantitativa.
Estas são as linhas tronco, que apresentam maior destaque. Perduram por sua consistente transmissibilidade de bons caracteres. Mas até quando irão sobreviver?