PAPO DE BOTEQUIM: DEVERIAMOS USAR AS MATUNGAS?

Eis uma pergunta que merece uma resposta.

Até quanto a performance em pista de uma égua, pode influir em sua produção, positivamente ou negativamente? Não creio que ninguém possa dar esta resposta. 

Poderão haver opiniões, mas nunca certezas. É evidente que melhores campanhas, acabarão por atrair reprodutores de melhor qualidade, e isto ajudará na performance desta égua no breeding-shed.  Mas acredito que até as matungas tenham seu lugar ao sol, dependendo de seu pedigree.

Mas qual seria o seu conceito do que seja uma matunga?

Uma égua que não correu, de maneira alguma pode ser taxada de matunga, se seus antecedentes não forem devidamente checados. Ela pode não ter corrido, vitima que foi de um acidente, de um problema físico ou mesmo pelo simples fato de não ter aptidão alguma para o negócio. Outrossim, matunga mesmo, pelo menos para mim, é aquela que chega as pistas, se apresenta por mais de três vezes, e sequer se coloca.

Quando me propus a escrever este artigo, tinha catalogado em meu data base, 875 individuais ganhadores de grupo na atual temporada e destes apenas 75, reprodutores não havia conseguido levantar campanha. Logo, o universo básico desta pesquisa, é 800, dos quais 53 eram produtos de mães que correram e não conseguiram se colocar. Isto represente um percentual de 6,62%. Trata-se de uma participação pequena, mas ainda significativa. O que em outras palavras que dizer, que mesmo as matungas devem ter a sua chance testada no breeding-shed.

E justamente na semana que me propus a levar avante esta pesquisa, Frida La Blonde, uma filha de Elusive City, incapaz de se colocar em sete saídas as pistas, teve um produto seu ganhando o Railway stakes (G2) em Curragh. Trata-se de Bucanero Fuerte, que coincidentemente é irmão inteiro do ganhador do Prix de lÁbbaye de Longchamp (G1) versão 2020, a mais importante carreira no quilômetro do circuito francês. Logo, a Frida de inútil nada tem.

Não creio que o pedigree Frida La Blonde, seja algo de transcendental, embora o fato de seus dois produtos, dos cinco registrados até o presente momento, serem filhos, ambos, do excelente reprodutor Wootton Bassett, nos pode fazer crer ser ele o elemento chave nesta questão.

De maneira alguma vou defender as matungas. Apenas quero deixar claro, que algumas podem até ser aproveitadas com sucesso se a elas for ofertado reprodutores, bem acima da média. E outras sequer necessitam de grandes reprodutores como o caso da não corrida nacional Risota, reconhecida por sua pouca qualidade atlética - razão pela qual nem tentada foi nas pistas - mas que se transformou, numa das melhores, se não a melhor égua de nosso stud book, e conseguiu produzir até com Daddy R...