PREFIRO A MONARQUIA AO PT
Nelson Rodrigues, uma vez escreveu que a burrice é um dano incurável, e em se plantando brota mais que Maria-sem-Vergonha. Eu concordo ipis literis, com este pensamento. E como sempre digo, só há um sujeito que mais temo que o idiota, é o burro. Pois, enquanto nem todo idiota é burro, todo burro é na verdade um incurável idiota.
Novamente refrasiando Nelson Rodrigues, posso ser considerado um ser inatual, pois, atento para o fato que embora tenha nascido de família de classe média, coabita em mim, uma tendenciosa vocação aristocrática e um forma de agir e pensar, um tanto radical para muitos. Discordo apenas da radicalidade, pois, tenho no equilibrio a tentativa de manter-me vivo nesta atividade. Tenho sim decisão naquilo que penso e escrevo, porém, não me envergonho em curvar-me ao erro cpmetido, quando este me é provado. O que tenho como vocação aristocrática é a imensa aversão a burrice. Procuro tratar a todos com respeito e dou bastante cancha para que o outro ser prove que não tem na burrice, uma bandeira. Agora escrever ou decidir por qualquer questão independe da simpatia para com o próximo.
Dito isto, vamos ao que na minha opinião interessa.
Cordialidade não é para mim, sinônimo de intimidade. Sou restrito a pessoas e a cavalos de corrida. Amigos, amigos, negócios a parte. Quero ganhar como qualquer outro turfista assim o quer. Por isto tento me preparar e estar up-date em tudo aquilo concernente a atividade. Assim sendo quando digo que somos um nação turfística onde alguém tem que ganhar, sinto bastante tristeza em dizê-lo. Mas sinto ser a mais pura verdade.
Não temos fixação em nossa raça, e ao mesmo tempo, dependemos de elementos esporádicos, que possam exercer uma dominância, para que uma certa trilha deva ser escolhida. Digo isto na pista e no breeding-shed. Exemplifico. Você quando está na Europa e tem um poder grande de investimento, procura trilhas demarcadas, tais como Galileo, Dubawi e outros poucos de indiscutivel respeitabilidade. Quando você está do outro lado do lago, pode colocar o seu rico dinheirinho, em Tapit, Medaglia d'Oro e outros. Na Australia as possibilidades são ainda, quantitativamente maiores. E ai eu pergunto: e no Brasil?
O silêncio que toma conta de minha mente é sepucral. Juro que não tenho respostas.
Os únicos elementos, de maior padrão em pista que teremos, estreando ano que vem, é evidentemente a dupla Discreet Cat e Shanghai Bobby. Já tive o privilégio de examinar mais de 20 produtos de cada reprodutor, e confeso eles terem me dado um alento. Não encabeçam a minha lista de selecionados até aqui, mais os vejo com uma imensas possibilidades.
Como free-lancer que sou, tenho que achar proprietarios que se encaixem aos meus selecionados e torcer para que as coisas fluam de maneira satisfatoria, pois, proprietario sem cavalo, funciona mal, agora cavalo sem proprietario, é como uma nave perdida no infinito do eceano, pronta para naufragar a qualquer momento.
É, exatament isto, que um agente espera daqueles que seleciona. Que seus selecionados, tenham aquela vontade de correr que transmitida de forma empirica, quando examinados no haras. Você tem que sentir o cavalo e mesmo assim, com muita sorte, estará certo em 25% dos casos, se tiver evidentemente, experiência, conhecimento e imaginação. Tenho uma semana de visitas no Paraná pela frente.
E antes que seja apedrejado, como certamente o serei, afirmo que prefiro a monarquia ao PT.
Mudo de assunto, mas não abandono o tema.
Não é do meu feitio dar conselhos, pois, desde cedo aprendi com vó Adelina, que o bom conselho nunca deverá ser dado e sim vendido. E ai passa a ser chamado consultoria. Porém, de vez em quando a gente se esquece e aconselha sobre algo que se tem certa noção mas não, pleno conhecimento. E não existe pior coisa para uma atividade do que o amador “com certo conhecimento”. Aquele que ouviu o galo cantar, mas não sabe propriamente onde. Ai usa apenas o instinto para localiza-lo.
Desculpe aos que assim não o pensam, mas isto cria insuspeitas vunerabilidades em um sistema, seja ele qual for, e cria o boato, muitas vezes dissidente da real situação. Nem todo boato, a meu ver, tem um fundo de verdade. Os que possam ter, acreditem são criados por profissionais, não por amadores...
Trabalho em contacto com treinadores e aprendi a respeitar aqueles que afirmam as coisas antes destas acontecerem. Apontam o bom e o mal, antes deles mesmo chegarem a pista. Poupam o tempo e o dinheiro de seu cliente. E quando passam do treinamento a disputa, acerta na grande maioria das vezes. Acho isto importante, pois, descobrir um craque, depois que ele corre, me parece fácil. Necessita-se apenas senso de observação. Agora prever o que vai acontecer, conheço poucos.
No meu ramo de trabalho não dá para pedir ao vendedor de só decidir pela compra apenas depois que o cavalo corre. Você tem que ali, no calor da disputa do Tattersall, tomar uma decisão se levanta o dedo, ou mantem a sua mão longe das vistas do leiloeiro. Se eu tenho que ter decisão, exijo do treinador o mesmo. Mario Campos, Dulcido Guignone, João Maciel e Richard Mandella, são quatro de vários que me impressionaram por suas respectivas capacidades, de prever o que se constituíria em verdade, depois.
Antes que me acusem de algo, quero deixar claro que este detalhe não faz um treinador melhor do que aqueles que preferem afirmar qualquer coisa, apenas depois da corrida. O fazem apenas, diferentes. E todo proprietário tem o direito de escolher o tipo de treinador que mais lhe agrade. Para mim, um que define um bom treinador são suas convicções sinceras, não apenas seus resultados, pois, esta depende dos cavalos.
Dificlmente um treinador faz um cavalo, mas conheço muitos cavalos que fizeram treinadores. Da mesma forma que por melhores que seja, você não faz um poltrona correr, pelo simples fato de ter um treinador de primeira. O grande treinador é aquele que usa 100% da capacidade de um cavalo em correr. Não 90% e muito menos 110%
Muitos grandes cavalos, fizeram treinadores, que no momento que deixaram de receber este mesmo padrão de cavalo, e pereceram. ou se mantêm no estágio moribundo. Para não criar animosidades, cito alguns, apenas dos Estados Unidos. Vejam o que LeRoy Jolley é o exemplo que mais me chama a atenção. Teve seu tempo áureo, onde qualquer proprietario norte-americano ânsiava por usufruir de seus serviços. Era a era de Genuine Risk, Foolish Pleasure, Honest Pleasure. Pois bem, há quase vinte anos nãp consegue treinar mais do que meia duzia de cavalos ao ano. John Veitch, o menino prodigio da Calumet Farm e treinador de Alydar, teve que parar de treinar e por um bom tempo foi comissário de corridas em Keeneland. Onde andam William Turner e Douglas Peterson, treinadores de Seattle Slew? O primeiro ainda treina, mas apagadamente e com pouquissímos cavalos e o segundo se tornou um alcoolatra. E os exemplos são muitos, Nick Zito e Wayne Lukas a bem pouco tempo, dominavam o cenário do Kentucky Derby. Hoje dificilmente o correm. Logo, a fila anda e se você vacilar, muita gente passa à sua frente.
Treinar cavalos de corrida não é que nem andar de bicicleta. O treinador tem que se reciclar e são os cavalos que ensinam a eles, o proximo passo a ser tomado.