Tínhamos a nítida noção que não seria um sábado eletrizante, em ambos lados do Atlântico. Pelas chamadas seria sonolento e repleto de tédio. A não ser a volta de Thorpedo Anna num grupo 1 escolhido a dedo, no final do mundo, nada parecia de real importância.
Mas o turfe nos reserva, de vez em quando, surpresas, e uma em Chantilly me deixou boquiaberto, pois, que Lazy Griff venceu, os 1,800m do Prix Conde (G3), a meu ver de maneira inesperada.
A alemãzinha, filha de Protectionist (Monsun), fazia sua quinta apresentação a procura de sua segunda vitória, tomou a ponta, nunca mais abriu a mão da mesma, e nos últimos 100 metros, não esmoreceu em momento algum ao assédio da igualmente azarenta Gezara (18-1).
Lazy Griff tinha como pai um ganhador dos 3,200m da Melborne Cup (G1) e era uma poule de 37-10. Tem como mãe uma égua de origem dinamarquesa, vencedora ao seu tempo da primeira prova da tríplice coroa Suiça, para fêmeas e cuja estrutura genética não fazia medo a ninguém: Rock of Gibraltar-Tail of the Cat-Skywalker... Logo, um somatório de nadas. Mas venceu. Isto mostra que a turma francesa de dois anos no lado das fêmeas, ainda espera por algo. Esperemos.
Qual a vantagem de um cavalo como Next ganhar todas as provas de fundo quase sempre num mesmo cenário. Ganhar como faz todas as vezes, por 20 corpos? Se somarmos as distâncias de suas últimas corridas, devem superar a marca do 100 corpos. Este Greenwood Cup (G3) foi o terceiro e não foi diferente. Um galope de saude. O Broklyn stakes, (G2) já ganhou dois. Eu acho que é a certeza do cheque que este castrado, agora com sete anos, garante para as suas conexões. Estariam eles errados? Evidentemente que não. Com duas mãe tordilhas, ele vai somando contas em seu rosários de vitórias.
A única coisa que me impressiona no pedigree de Thorpedo Anna, é seu linebreed em Nasurullah, com suas 18 linhas, sendo dez por independentes mensageiros, sendo sete machos. Afora isto, se nos concentrarmos no fator pista, tudo me impressiona. Da orelha direita a casco do posterior esquerdo. Ela corre, mesmo.
Seu treinador para apagar a perda do Travers - que não pode ser visto de maneira alguma como um fracasso - escolheu a dedo um Grupo 1, de boa bolsa e que forma alguma fosse algo difícil de ser ganho, fosse o passo seguinte a ser dado. Lembro aos navegantes menos atentos, que ela poderá ser ainda a Horse of the Year. A Pennsylvannia pareceu apetitosa e o Cotillon stakes, o alvo demarcado. E assim foi feito, tudo dentro de um script inteligentemente elaborado.
Logo, pelo que foi explorado, era para Thorpedo Anna vencer no mínimo por 10 corpos e na realidade venceu por diferença quase mínima. E o porque? Porque o turfe, como o futebol e tudo na vida, é uma casinha de surpresas. Evidente que alguns vão dizer que la foi corrida como uma barbada e seu ginete fez tudo para jogar a carreira fora com as duas mãos. Não concordo, pois, ela assumiu a ponta ainda no inicio da reta e parecia que ia se despregar. Coisa que não aconteceu em relação a aquela que a secundou no final e perdeu para a ainda líder de sua geração, por uma diferença mínima. Vejam atentamente a corrida e tomem as suas próprias conclusões.
A vitória de Thorpedo Anna foi sofrida, acho eu vitima que está sendo de uma campanha rigorosa, que culminou em um Travers - que deveria ter vencido - mas que parece lhe ter minado, consideravelmente, suas reservas energéticas. Possivelmente na Distaff, teremos uma melhor noção sobre este assunto.
Quanto ao Derby da Pennsylvannia, foi o mais deplorável derby de uma serie de tantos outros lamentáveis ao longo desta temporada. Por isto, foi verdadeiramente um sábado suspeito em todos os sentidos.