Já dizia a nobre senhora que "bocejar e se coçar era só começar". Pois é, em outras palavras que por sermos criaturas sugestionadas aos costumes, tendemos a exagerar em nossas necessidades. O que uma coisa tem haver com a outra? Nunca realmente entendi, mas era assim que a dona Adelina queria que entendêssemos. E ficou entendido, diga-se de passagem...
Quando sentia vontade de bocejar, lembro-me que corria e trancava-me no banheiro, até ter certeza absoluta, que não entraria em uma sincope de bocejos. Coisas der crianças que poderão tranquilamente transformam-se em traumas se não forem desde o inicio, tratados. Ai, só Freud pode explicar.
O que Freud não explica é o bocejo que damos todos os dias em relação ao grande cavalo brasileiro em pista e seu aproveitamento reprodutivo. Como explanei ontem.
Na vida procuro nunca me deixar levar por certos hábitos adquiridos, e no turfe, muitos são eles que o impelem a ser repetidos, mesmo fazendo você cometer erros contínuos. Um, e o mais usual de todos, é rotular certas tendências que um forte reprodutor - independentemente de seu sexo - tende a transmitir a sua descendência. Os Xs só correm na grama. Ou os Ys não passam da milha e assim por diante, esquecendo-se que para fazer qualquer produto, são necessários dois, no caso um garanhão e uma reprodutora.
Outrossim esta taxação se aplica mais aos reprodutores que as reprodutoras, embora em minha maneira de ver, elas são muito mais importantes na feitura do psique de um cavalo de corrida. Principalmente quando o assunto em questão é temperamento.
Poucos são aqueles que creditam as mães, parte da tendência de seus filhos e no Brasil não deveria ser assim, já que por questões financeiras, somos muitas vezes obrigados a importar o rebotalho da raça. Trazemos o Galileo, que não consegue transmitir estamina e o Mr. Propsctor e pouca velocidade. E ai fica a pergunta: isto seria tãomal assim? Depende é a minha resposta.
O melhor Mr. Prospector ai ancorado, foi em campanha tardio e melhor adequado a distâncias acima da milha. Custou em 1983 US$1,5 milhões como yearling em Saratoga e pintou no Brasil, por não ter as características próprias de um verdadeiro Mr. Prospector. Seu nome, Fast Gold.
Para mim se mais conscientemente aproveitado, poderia ter se transformado num Ghadeer, num Wild Event ou mesmo um Agnes Gold. E da onde viria sua força? Eu diria que provavelmente de Ack Ack, seu avô materno. Ou quem sabe pela estrutura genética de sua mãe, uma apenas ganhadora, mas calcada na estamina do já citado Ack Ack, somada as presenças de Prince John, Sicambre e Vandale . Todos elementos staminados.
Fast Gold, se tornou um globetrotter e deixou ganhadores de graduação máxima no Brasil, no Peru, em Porto Rico e até em Singapura. Neste último caso alguém chamado Setembro Chove.
Sempre fui fã de carteirinha de Setembro Chove e creio que ele além de nunca ter me decepcionado em pista, reprodutivamente poderia, como disse, ter se transformado, em um fenomeno reprodutivo. Basta notar, que a impossibilidade da utilização de um determinado reprodutor no Paraná e lhe criou a chance de vir a cobrir em uma temporada, uma quantidade e uma qualidade de éguas, nunca vista antes.
