Há uma verdade uníssona no turfe. A liturgia do cargo se faz presente na necessidade da hora. Vários são os componentes que montam uma história. Principalmente as bem sucedidas no turfe. No que me compete, atestaria que nas duas reprodutores mais importantes da qual fiz alguma parte do projeto de seus respectivos sucessos, como apenas um elemento da engrenagem que fazem as coisas fluirem na direção certa. Aquela da correnteza do rio que o levará ao oceano desejado. O parafuso a ser apertado que liberará a máquina de funcionar livremente.
Quero deixar claro que tanto no caso de Really Blue como no de Cara Rafaela, a importância maior sempre ficará com aquele que acreditou e bancou o projeto e de todos os profissionais que tornaram bem sucedido o processo. Elas não se transformaram nas mães de um ganhador do Kentucky Derby e do Preakness batizado de Real Quiet, e a outra, de um vencedor do Preakness, reconhecido como Bernardini, por obra e o acaso do Espirito Santo. Anbos quase se chegaram a gloria eterna por uma série de pequenos fatores. E é sobre a história de um destes dois elementos consagrados era pista que aproveito no momento, para comentar.
Eduardo Gaviria, um colombiano que estudava intensamente pedigrees, nos anos 90, um dia numa conversa as vésperas de mais um leilão reprodutivo em Keeneland, mostrou-me seis ou sete pedigrees que havia selecionados nos catálogos de Keeneland. Um dos lotes que mais me chamou especial atenção e por isto foi por mim assinalada como meu único pique, entre as apresentadas por ele, foi Really Blue prenha do meu tão decantado e já em período de baixa, Spend a Buck. Afinal, tratava-se de uma filha do terceiro colocado no Kentuky Derby e Preakness stakes, Believe It - também ganhador do Wood Memorial e segundo colocado no Florida Derby e Foutain of Youth stakes - mas longe de serem estas provas como outras de anos quaisquer. Falamos do ano de 1978, o de Affirmed e Alydar.
Meus queridos navegantes, o simples fato de ser terceiro colocado em um Kentucky Derby e um Preakness já se torna um fato meritória. Agora imaginem o ser para Affirmed e Alydar? Mas a coisa não parava por ai. A mãe de Really Blue, Meadow Blue, era uma irmã inteira do ganhador do Kentucky Derby e do Preakness, stakes Majestic Prince e que consequentemente tratava-se de uma filha de Gay Hostess, a meu ver a fonte de tanto classicismo.
Gay Hostess, produziu além de Majestic Prince, a um irmão inteiro deste batizado como Crowned Prince, ganhador na Inglaterra aos dois anos do Dewhurst Stakes (G1) e Champagne stakes (G2) e por isto denominado English champion 2yo. Querem ser mais? Ela era também avó do English Derby winner, Secreto e neta da matriarca Boudoir (4-d). Ficamos por aí, ou iremos além?
... Era muito classicismo para passar a desapercebido aos olhos do Eduardo e depois de exposta, pelos meus. Really Blue não era apenas um grande pique, era égua do leilão e o Eduardo, não a deixou passar, adquirindo-a por US$37,000...
Foi o que eu escrevi na época, logo após assistir com o Eduardo o Kentucky Derby ganho por seu crioulo, Real Quiet. Exatamente horas depois de sermos barrados na entrada do Winners Circle de Churchill, mesmo tendo o Eduardo se identificado como o criador do vencedor.
Duras realidades são expostas no momento certo. Foi naquele exato momento da barração, que dois atônitos sul-americanos aprenderam uma lição: que os direitos de um criador nos Estados Unidos, cessam no segundo subsequente que ele vende seu pupilo a um comprador, por milhões ou mesmo por apenas US$17,000 como foi no caso de Real Quiet - inédito, operado dos boletos e sem nenhuma abertura toráxica, tanto que foi apelidado por seu treinado de peixe e levado a um centro menor, pra iniciar sua campanha.
Porque Baffert o comprou? Possivelmente dominado pelo álcool.
Porque o Eduardo, o vendeu? Pelo total descredito que seu fisico emanava.
Porque não o adquiri? Por ser uma besta quadrada. Minha liturgia neste cargo...