No reino dos cavalos de corrida, existem elementos que chegam todos os dias a pista e provam ser verdadeiros leões. Tanto pela manhã, como a tarde. Ganham até dos trens, como Frankel o fez contra o trem de Cambridge para Oxford, como a mim foi repassado, por alguém que sabia muito bem, reconhece-los e doma-los: Sir Henry Cecil.
Vi Franekl estrear e vencer por uma margem muito pequena de Nataniel, que futuramente iria ganhar entre outras, o King George. Foi quando afirmei, temerariamente diga-se de passagem, que estávamos possivelmente a frente de algo do quilate de um Ribot. O destino provou que minha bravata estava mais para profecia, pois, o filho de Galileo, se manteve incólume nas 14 saídas as pistas.
Alguns anos depois, senti as mesmas palpitações coronárias ao ver City off Troy estrear. E a não ser, até hoje o seu difícil de acreditar fracasso nos Guineos britânicos, se manteve irresistível em suas outras seis apresentações em terreno europeu. Quem entre este dois seria o Rei das Selvas ? Arriscaria a afirmar que na milha Frankel. Na milha e meia City of Troy. E onde estariam enquadrados outros leões ? Animais como Camelot, Sea the Stars, Baaeed, Enable, por mim imediatamente detectados ? Seriam Reis das Selvas a seus respectivos tempos? Sim, cada período deverá ter o rei que merece. Existirão igualmente anos que o trono ficará vago.
Esta temporada recebi palpitações quando Field of Gold se viu privado de vencer os Guineos, por causa de um jockey, que já o desmontou, sem seu emprego no barn que defendia. Provou a seguir o tordilho, que eu possivelmente estivesse certo tanto em Curragh nos Guineos irlandeses, quando em Royal Ascot, no St. James Palace stakes, para surpreender-me a seguir com uma inexplicável quarta colocação em Goodwood, naquela que considero uma das mais atrativas milhas do circuito inglês, o Sussex stakes.
Estaria eu errado em minha avaliação ? Se for verdade o problema detectado por John Gosden, não. Porém nunca se sabe - mesmo em se tratando de Juddemont e Gosden - até onde há veracidade na explicação de fracassos nesta esfera de competição. Se ele fosse da Coolmore, uma mosca maior estaria rondando minha orelha...
Recentemente nos Estados Unidos, tivemos Flightline, Zenyatta e Rachel Alexandra. Na Australia Winx e Black Caviar. No Japão Equinox e Deep Impact. E se retroagimos alguns anos Invasor e Candy Stripes vindo da América do sul, assim como Paseana e Bayakoa, a seus tempos. Logo não são muitos leões e leoas, que podem ser considerados reis de suas próprias selvas. Mas quando eles vem de outro hemisfério, creio que os argentinos e australianos merecem meu maior respeito.
E creio que há espaço para se enaltecer, o resultado argentino, que vem desde os tempos idos de Forli, Lord at War, Mat-Boy, Gentlemen, mesmo aquele centro criatório estivesse dotado de numa genética de segundo mundo.
Em termos brasileiros, sinto ter que afirmar, que apenas Pico Central e Riboletta - esta durante uma temporada - poderiam aproximar-se de serem rotulados de Reis de sua respectivas selvas.
Portanto pelo que me reservei ao direito de citar esta pouco mais de um dúzia de animais em mais de 50 anos de acompanhamento de turfe, me credencia a ser não apenas uma testemunha ocular da história, mas como um severo critico em relação a aqueles considerados fora da curva. Abstenho-me a caracterizar todo aquele que um dia ganha por larga margem, de pico das galáxias, pois, assim os colocaria no mesmo patamar dos citados anteriormente. E olho que em minha breve explanação, omiti grandes cavalos norte-americanos que vi correr em uma década dourada, onde sobressaíram, Secretariat, Forego, Ruffian, Affirmed, Alydar, Seattle Slew e Spectacular Bid.
Portanto à aquele que me repreendeu por ter colocado Field of Gold, num pedestal que segundo ele não merecia estar, quando de minhas palpitações por City of Troy, peço perdão, mas mas ao mesmo tempo peço por paciência, pois, esta mesma critica a mim foi feita quando da derrota acachapante de City o Troy nos Guineos britânicos. E vejam o que ele ganhou a seguir...