Bom dia. Com as mais recentes importações de reprodutores para a Terra Brasilis surgiu uma dúvida. Algumas pessoas passaram a questionar o número de garanhões que temos por aqui em relação ao nosso estoque de matrizes. Como não poderia deixar de ser, fiquei curioso para comparar o Brasil com o resto do mundo e assim criarmos parâmetros fidedignos de análise. Fui atrás dos números e achei um condensado estatístico do Comitê Internacional do Stud Book, datado de 2023, trazendo todos os dados necessários para meu estudo. Vamos a alguns números. Tivemos 39 países que registraram ao menos 100 matrizes cobertas. Foram registradas 125.415 mamães com cobertura em 2023 e que foram servidas por 5.637 garanhões. Haja fôlego e vitalidade. A relação média é de 22 matrizes por reprodutor em atividade. Quais são os países mais representativos?
EUA com 26.684 matrizes;
Austrália com 17.968 matrizes;
Irlanda com 12.286 matrizes;
Japão com 10.650 matrizes.
Para se ter uma ideia da concentração existente, estes 4 países detém 54% das matrizes do mundo. Eles mandam no negócio, não tenham dúvida disso! Sem eles a criação do PSI no mundo acaba. Como fica o quadro de concentração de progenitoras por reprodutor? Segue assim:
Irlanda com estonteantes 64 matrizes por reprodutor;
Grã-Bretanha com 54 matrizes por reprodutor;
Nova Zelândia com 46 matrizes por reprodutor;
Austrália com 44 matrizes por reprodutor.
Como podemos ver, esses países têm uma concentração de ao menos 2 vezes a média mundial na relação de fêmeas por garanhão. Não é fácil a vida dos meninos nas pastagens dessas jurisdições. E o Brasil, como está? A bem da verdade é que temos uma média de 17 matrizes por reprodutor. Abaixo da concentração mundial e obviamente muito longe dos países destacados acima. Nossa concentração está totalmente alinhada com Chile, Argentina e Alemanha. Realmente a quantidade de garanhões disponível no Brasil está alta. Precisamos depurar o que temos nos pastos e concentrar um pouco mais a oferta de matrizes por reprodutor. Se tivéssemos apenas 96 garanhões em atividade, estaríamos alinhados à média mundial. Além disso, o caso mais exótico que encontrei foi o do nosso vizinho Uruguai. Lá eles registram 2.290 fêmeas cobertas por 266 garanhões ativos. Uma verdadeira extravagância de reprodutores. O número parece conter até algum erro, mas não tenho ferramentas para contestar, logo, cada reprodutor por lá tem em média 9 matrizes disponíveis. Olho vivo nesses pampas. Resumindo, grandes produtores do mundo concentram boa parte das matrizes globais. Estes reprodutores têm que cobrir muito mais éguas do que a média mundial. Nós aqui no Brasil precisamos melhorar nossa relação entre as mamães e os papais. Nossos números não são absurdos, mas apontam para um pequeno excesso de varões em nossos haras. Uma boa semana de trabalho para todos e até a Live de segunda-feira.
Abs, Baronius