Nunca escondi, que por mais que tente me conter, sou um turfista de preferências escandalosas, mas em minha defesa, clamo que nunca de gostos exacerbados. Sempre tive em mente, desde os primórdios de meus passos iniciais, que o turfe é uma atividade sem fronteiras. E muito a isto devo, graças a dois três homens: Atualpa Soares, George Blackwell e Roberto Prado Telles, que em distintas épocas incutiram em mim, ensinamentos importantes e mais do que isto, uma abertura mental de sentir o cavalo e não apenas analisa-lo como um bem que respirava. Hoje isto é fácil de se conceber, com a globalização de tudo e as diversas formas de comunicação. Quando comecei não era bem assim. A coisa funcionava mais setorizada. E a nós, era ofertado, aquilo que teoricamente o mundo não sabia o que fazer. E por muitos anos pagamos o preço por esta subserviência.
Outrossim, a abertura do mercado norte-americano para nós, realmente colocada em prática a partir do final os anos 60, esculpiu em nosso perfil, características distintas, que com o tempo vieram a formar um novo tipo de PSB, agora mais semelhando a um PSI. penso que cavalos como Earldom, Tumble Lark e outros que minha mente se recusa a traze-los a tona, foram fundamentais para que haras como o Faxina e o Rosa do Sul, exercessem suas respectivas dominâncias.
Tumble Lark, era filho de Tumbling, que com o tempo viria a ser reconhecida como a irmã a bisavó do grande ganhador de dois Arcos, Alleged. Pois bem Tumbling era duplicada na maior égua do inicio do século passado, Canterbury Pilgrim, na razão 5x5 e triplicada em sua mãe Pilgrimage, na razão 6x6x6. A mãe de Earldom, Pink Velvet possuía também suas duplicações, a primeira na mesma Canterbury Pilgrim na razão 6x5 e a segunda em Gondolette na mesma razão. Todavia torna-se necessário salientar-se, que a mãe de Pink Velvet, Bayrose o era em Plucky Liege na razão 2x4, por intermédio dos irmãos inteiros e leading sires nos estados Unidos, Sir Gallahad III e Bull Dog.
Mesmo George Raft, que a meu ver não pode ser considerado do nível dos anteriores, mas que mesmo assim, ganhou uma estatística de reprodutores em nosso pais, tinha como avó, I Say, e esta possuía uma duplicação, na tão não luminosa, Mannie Gray na razão 5x5.
Atigun
Confesso que foi ai, ainda no inicio de minha carreira - que nesta época não passava ainda de um hobby de um jovem aspirante a arquiteto - que passei a ter preferências escandalosas, por reprodutores, cuja mães viessem a estar embargadas em duplicações de grandes éguas de valor reprodutivo. Evidentemente que fui alertado para o fato pelo senhor Atualpa Soares, mas tive a meu crédito o valor de não só notar, como igualmente acreditar na importância do fato.
Foi nesta época também que passei a prestar mais atenção ao turfe norte-americano, primeiramente com o sucesso de Habitat de Europa, e a seguir com o massacre de Sir Ivor, Nijinsky, Mill Reef e Roberto, em quatro de cinco disputas do Derby em Epson. Estamos nos referindo aos anos 1968, 1970, 1971 3 1972, mas foi em 1973, que Secretariat consolidou a importância mundial do cavalo de corrida norte-americano.
Mas o conceito de duplicações de matriarcas nas primeira mães de um reprodutor ficou marcado em mim, como uma espécie de marco fundamental em minha crenas de transmissão de classicismo. Evidentemente que não necessariamente um reprodutor necessita que sua mãe e avó, tragam duplicações em uma determinada égua. mas que elas ajudam, posso garantir que sim.
Albano
Um pequeno parênteses, uma vez ao ser perguntado, qual a razão do sucesso de sua Claiborne Farm com reprodutores, Bull Hancock respondeu: seus proprietários. O que ele quis dizer na verdade é que grande proprietários além de trazer uma tranquilidade financeira para seu estabelecimento, portavam com eles as grandes éguas e estas faziam os reprodutores. Um haras que não tem como pensionistas, grandes criadores avulsos, dificilmente em Lexington, consegue fazer reprodutores na constância necessária, para sua manutenção na disputa dos melhores nomes do mercado. Fecho este breve parênteses.
Istan (foto de abertura) foi uma cavalo que dificilmente poderia ser visto como de nível médio em solo europeu, incapaz inclusive, de brilhar, sequer em uma prova de grupo. Mas aos cinco anos, nos Estados Unidos, arrumou um grupo 3, em Churchill Downs, na moderada milha do Ack Ack Handicap. (Gr.3) e ai reside o seu grande feito em pista. Aproveitado reprodutivamente para a surpresa de muitos em Lexington, ele pouco a pouco vem se revelando de uma utilidade, bem acima da média.
Este fim de semana Turkish, ganhou no Canada, o Valedictory Stakes (Gr.3) e aumentou para para seis Istanford ganhador do San Clement Hcp. (Gr.2), Albano do Pegasus Stakes (Gr.3), Mr. Bowling do Lecomte Stakes (Gr.3) (foto ao lado) e dos colocados em provas de grupo, Atigun e Myosotis Dan. Seria pouco? Creio que não, pois, todos pertencem a uma geração de apenas 76 nascidos e poucos, ou melhor muito poucos, de éguas que você sonharia a ter em seu plantel.
O algo a mais a que me refiro é de sua mãe, a Group 2 winner na Alemanha, a britânica Ronda, ser duplicada em Dusky Evening, na razão 3x4. Não quero com isto afirmar, que um reprodutor tenha que ter uma mãe ou uma avó com duplicações em grandes matriarcas em seu pedigree. ainda mais que no caso de Dusky Evening, mãe de Blue Bird e avó de Java Gold, não poder-se-á defini-la como uma égua de importância fundamenta. Todavia, como disse antes, que ajuda, ajuda!
E como desde cedo aprendi, que não atrapalhando, já é bom...
Istanford