Sempre que venho ao Brasil, muitas inquisições a mim são feitas, como eu fosse o depositário de todas as respostas. Sinto informar que não sou. Principalmente em se tratando de política de clube. Aliás, nunca fui e nunca serei sócio de clube algum. Não chego ao extremo de Grouch Marx, que em um de seus filmes, afirmou que nunca se associaria a um clube que o aceitasse como membro. Não é isto, mas creio que principalmente no caso de Gávea e Cidade Jardim, significativa parte da situação precária que nosso turfe se encontra, é o fato de ser gerido por clubes.
Em minha concepção, qualquer negócio que não tenha um dono, não funciona. O dono quer sair no azul e logo faz de tudo para que as coisas em seu negocio prosperem. Investe mais, se necessário for. Nunca deixa cair a peteca. No Clube, não é bem assim. Querem um exemplo maior? A Petrobrás. Se ela tivesse dono, não existiria o Petrolão. Por que não se falam de escândalos da Vale do Rio Doce, da Siderurgica Nacional ou mesmo no sistema de telefonia no Brasil. Por que tem dono. O mesmo não pode-se se dizer da Eletrobrás, né?
Nós brasileiros somos multiétnicos e multilinguisticos, por que seriamos culturalmente homogêneos? Por assistirmos todos, as novelas da Globo? Como os cavalos que criamos, somos na verdade um cataclismo biológico, que ainda acredita no jeitinho como forma de contornar problemas. Resolve-los? bem, isto para a nossa formação é meio complicado...
Muito me perguntaram o que falta no Jockey Club Brasileiro e eu diria que um volume maior de jogo e algumas melhorias básicas. Quais seriam estas melhorias básicas? Um telão como o de São Paulo. Uma transmissão em HD de primeiro mundo. Um sistema de simulcasting, mais eficaz que a claudicaste Codere, seriam a meu ver os ajustes primordiais de adequação a modernidade. E evidentemente aquilo que até o senhor LuiZ concorda: patrocínio, apoio e divulgação da mídia e penso ainda em um sistema mais ágil de apostas.
Com o calor do Rio de Janeiro, precisaríamos de ter uma área maior de ar condicionado, talvez fechando, como nos hipódromos norte-americanos a área das mesas com vidro. Como arquiteto odeio a idéia, mas como turista a aceito. Mesmo tendo em conta que nosso pé direito é monumental. Mas o que temos hoje, dá para o gasto. Mas não dá se o turfe evoluir.
Acho que muito foi feito nesta ultima edição do GP. Brasil. Foi uma festa agradável e com muita participação da comunidade. Mais uma vez, parabéns a aqueles que organizaram a festa. Quanto aos resultados, numa escala de classicismo, creio que foram afetados pelo estado em que se encontrava a pista. E ai entra uma observação que deve ser feita, mas não tomada com rigor ao pé da letra. Na Gávea, a pista de grama depois de açoitada - como foi - por chuvas intensas, custa muito a voltar ao normal. O problema se chama drenagem, e ai a coisa fica complicada. Sei que existe um custo excessivo. Mas este custo é excessivo, pois, financeiramente somos frágeis, já que, nos Estados Unidos, troca-se de dirt para all weather e anos depois destroca-se. O custo é alto, mas a pujança da atividade, absorve.
O All Weather penalizou treinadores e raças nos Estados Unidos e não resolveu uma das razões que levaram hipódromos a adota-las: o da segurança dos atletas. Diminuiu o custo de manutenção, mas das benesses esta foi considerada a menor. Quebraram na California mais cavalos durante a utilização deste tipo de piso em Santa Anita e no finado Hollywood Park, do que no tempo do velho dirt. Del mar o manteve. Vamos ver no que dá, pior se até a austera Keeneland voltou atrás, existe algo por trás do fedor advindo do reino da Dinamarca. Por sua vez, houve uma perda considerável em certos aspectos: eclipsaram treinadores como Baffert, que com a volta do dirt, está novamente luzindo e agora os Seattle Slews voltaram com toda força assim como os Mr. Prospectors, raças, que trazem em seu bojo, a perfeita adaptação ao dirt e nem sempre ao all weather. E creio que dentro das diferenças que possam existir, entre pisos, o mais importante no turfe como atividade, é a manutenção de seu mais alto índice técnico.
No Brasil o maior sucesso do reprodutor norte-americano em relação ao europeu, não precisa ser provado. Pode ser notado a olhos vistos. Resta saber por que. E eu diria que seja a equidade das pistas depois de intempéries climáticas. Tanto assim, que não dá para se confiar um um reprodutor que tenha se graduado no inverno em Aqueduct, ou numa reprodutora que tenha ganho meia dúzia de carreiras durante os verões da Flórida. As drenagens por aqui são perfeitas. Em coisa de horas, a coisa volta quase a normalidade. O mesmo não pode ser dito de muitas pistas francesas e britânicas, principalmente as de cunho natural. Deus faltou as aulas sobre drenagem.
Talvez o estado em que se encontrava a pista de grama da Gávea, tenha sido o único ponto negativo da festa, que para mim, esteve muito acima de minhas expectativas. Mas o palco é o principal ingrediente para a medição do parâmetro qualidade, seja no turfe, no ballet ou mesmo em uma prova de Formula 1.
Como contornar este problema? Investimento pesado, mas sei que isto é pedir demais, aos dirigentes do hipódromo da Gávea, em se tratando de um turfe financeiramente tão fragilizado como o nosso. Mas como pedir como perguntar não fere...
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