Sempre uso o futebol para fazer comparações com o nosso turfe. Afinal são duas atividades, das mais desorganizadas, em nossa nação. Dá para imaginar que o São Paulo que fez tudo errado e de três em três semanas leva uma goleada, até para time reservas, e o Internacional, que por três meses, abandonou a competição, olhando por uma sonhada Libertadores, possam estar disputando a ultima, ou quem sabe as duas últimas vagas para a Libertadores do ano que vem? Se alguém afirmasse isto, no inicio do campeonato, seria linchado publicamente.
Ai a gente olha o Corinthians, que no inicio do campeonato, sequer chegou a final do Paulistão, foi eliminado tanto na Libertadores como na Copa Brasil, entrou em processo de desmanche e ganhou o campeonato brasileiro, por uma diferença de pontos em dois digitos, o que pode se pensar? Que no campeonato brasileiro como no turfe, alguém tem que ganhar.
Erro de quem assim pensar. O Corinthians chegou lá porque, sabedor de suas deficiências, soube como conviver com suas fragilidades. Deu a volta por cima e levou a melhor. Agora se for lá fora, e como no Santos de Neimar, leva uma goleada histórica do Barcelona, não estará aqui mais quem falou. Aceito nossa fragilidade e coloco minha viola no saco.
Quando falo em duplicações, como a grande alavanca genética de nosso mercado, estou tentando ser o Corinthians, sem imaginar que esteja ganhando, por estar em um mercado, em que alguém tem que ganhar. O Corinthians fuzilou seus adversários. Tratou-os como verdadeiros elementos de claiming. E a coisa só poderia ter sido distinta se São Paulo e Internacional tivessem tido outra conduta durante a competição. Como não tiveram...
Hoje, o Santa Maria de Araras está fuzilando seus adversários. Eu diria que mais pela coerência de conduta, nestas duas últimas décadas, do que propriamente por um projeto genético, embora, ninguém, possua na escala que este estabelecimento de cria tem, o percentual de qualidade. Criatório, organizacional e genético. Necessariamente nesta ordem. E olhem o número de elementos clássicos, nestes últimos anos, que trazem em seus pedigrees, duplicações em certas matriarcas, demonstra que eles querem ainda mais. Vocês acreditam que isto aconteceu por acaso? Eu, tenho certeza que não.
Olhem a incidência de ganhadores que trazem em seu pedigree, duplicações em uma determinada matriarca, de sua mãe e de sua avó. Volto a perguntar, seria coincidência? Eu tenho certeza que não. Alguém notou e desenvolveu uma ação nesta direção.
Não se chega a um produto, sem um pai e sem uma mãe. Grande parte de nosso rebanho de éguas tem uma genética abaixo da média. Em se tratando de reprodutores, diria que genéticamente estariamos muito melhor. Outrossim, peca-se pelo indivíduo em si, que em muitos casos se transformará num mensageiro de baixa qualidade. Duplicar pontos de força existentes em seu pedigree é vital. O que nos obriga a pensar que reprodutores sem um grande número de pontos de força, não é o perfil ideal a se trazer para o Brasil. Mesmo em comparação com excelentes corredores, ganhadores de grandes provas, mas pobres em número de pontos de força. Porquê ai, não há o que se duplicar. E não havendo, genéticamente as coisas não irão ser transmitidas por mais de uma geração. Morreram prematuramente.
Temos que levar em consideração, que 95% de nosso rebanho feminino, não ganhou ou se colocou até a terceira posição, em provas de grupo. O que me sugere, que trazer uma ganhadora comum, com muitos pontos de força, do hemisfério norte, aumenta nossa chance de melhoria genética. suas chances de bater as ganhadoras clássicas brasileiras, poderá ser maior. Na verdade o é, e posso provar, levando-se em consideração o período de provas de grupo disputadas de 1974 até aqui.
Vamos ter uma batelada de leilões reprodutivos pela frente. Um cliente me perguntou, quais eram as éguas, entre as oferecidas, com genética internacional. Eram muito poucas e a maioria delas, já testadas. E como não são vendas de liquidação, há uma grande possibilidade de haver caroço neste angu, ou elas ali estarem, representando as cerejas do bolo. Cerejas do bolo? Explico-me. No final do ano passado tivemos uma oferta total de plantel, onde bem mais de 20 éguas vieram a não ser vendidas. É isto que chamo as cerejas do bolo. E tudo a sua volta pareceu mais barato, do que realmente foi.
Como passei um longo período examinando o plantel, marquei aquilo que achei que estava realmente a venda e adquiri a sete lotes. Sem querer assumir a posição do profeta do acontecido, tenho certeza que não levei as cerejas do bolo, - aliás ninguém levou - mas provavelmente o melhor recheio do mesmo. Que na realidade são aquela éguas que genéticamente se encaixam com os reprodutores que você tem a seu serviço. Esta deve ser a mentalidade, dentro do perfil de vendas existente em nosso mercado, principalmente em se tratando de grandes estabelecimentos de cria.