PAPO DE BOTEQUIM: O ORGULHO QUE NÃO É UM PECADO CAPITAL

São sete os pecados capitais. A gula, a ganância, a luxuria, a ira, a inveja, a preguiça e o orgulho. Eu seria mais condescendente, e os transformaria em seis, pois creio que ser orgulhoso, não é um pecado e sim uma contingência do estágio de seu conhecimento, sobre quaisquer questões.

Você pode e deve ter orgulho do que faz. Isto o torna mais ambicioso em suas conquistas. Ao que os norte.americanos se utilizam muito de uma palavra bem apropriada, proud, que representa na verdade a alegria de conseguir o seu intento e o estado de espirito atingido, por isto. De maneira alguma pode esta situação ser confundida com ego. A vontade e a certeza de se atingir um objetivo o faz crescer dentro de sua profissão e se esta é algo tão imprevisível qual o turfe, esta vontade e esta certeza se tornam ainda maiores. Ego, é outra coisa, muito levado a efeito por gente que justamente não consegue aquilo que deseja e alisa-o como forma de provar que aquilo não foi atingido por razões externas a sua vontade. A famosa a culpa é dos outros. Alguém errou e mudou o destino da coisa. Nunca é visto como um erro de avaliação ou de feitura, seu. E deste ego nasce a frustação, a ira e o demerito do sucesso alheio.

Você pode ver seu desempenho de duas maneiras. Afinal, toda e qualquer situação pode ser vista de ângulos distintos. A primeira que se, como agente, em quatro cavalos você acertou plenamente em um, seu indice foi de 25%, pois, ainda sou do tempo, que o alvo sejam as provas de grupo. A outra forma de ser vista esta mesma situação, é que em 75% você não atingiu seus objetivos. Eu diria que na segunda alternativa possa haver um pouco de ganância, regada a um imenso pessimismo. Logo, é uma visão, a meu ver, perniciosa. Principalmente se houver nesta atividade poucos que atingem os 25%.

Outrossim, ela acontece no turfe onde existe muita inveja e esta se transforma rapidamente em ira, se não houver daquele que inveja um controle emocional. Assim sendo, estes são na minha opinião, os grandes pecados capitais de nossa atividade. 

Sejamos honestos, Quase todos no Brasil, que mexem com cavalos de corrida, sonham em ganhar o Grande Prêmio Brasil. Os gauchos começam com o Bento, os paranaenses com o Paraná, e os paulistas como o São Paulo. Mas na verdade o Brasil, é o Brasil, não só para os cariocas como para todos os outros. Ele passa a ser o centro convergente de todas as atenções deste mercado. Ai quando o conseguem, passam a ter um novo alvo, o Pellegrini, e quando nele chegam, passam a pensar na Breeders Cup, na Dubai Cup e na sequência quando estas etapas forem vencidas, no Arco e no King George. Desculpem, os que assim não coadunam com esta forma de ser, mas este é o caminho natural de pensamento de quem quer ser grande naquilo que faz. A ambição de se galgar mais um degrau em sua vida, na verdade não é ganância, e evolução.

O mundo evolui. Do tambor, passou a carta. Da carta ao telegrafo. Do telegrafo ao fax, Do fax chegou-se ao email. E o que virá a seguir? Isto não é ganância. Isto é a evolução de comunicações. Já diria o velho guerreiro, que quem não se comunica se trumbica. Pois é, se trumbicar em meu conceito, é achar que este que evoluiu, tem um ego ou uma ganância pessoais. Ai entra por parte do critico a inveja, a ira e assim por diante.

Com as obras que estão sendo levadas a efeito em Longchamp, hoje terá seu inicio em Chantilly a primeira parte da festa do Arco. para mim, um dos mais conceituados meetings de nossa atividade, pois, congrega os melhores gramáticos da Europa e agora até da Australia e do Japão. Apenas o metting de Royal Ascot pode vir a ser considerado superior a este, outrossim, tem uma maior duração e é disputado geralmente em melhores condições climáticas. 

Hoje acompanharemos cinco provas de grupo, sendo quatro delas de graduação 2, e uma prova para stayers de graduação máxima. São os aperitivos de um grande banquete que será ofertado amanhã pela France Galop. Nomes serão consagrados e outros florescerão com o evento. Gostando ou não dos parisienses, há de se convir que a festa do Arco é um parâmetro de medição de classicismo, como a feira da moda, ou o salão de carros. Nele se criam tendências e como sempre ressalto, os verdadeiros leões são separados dos felinos selvagens. 

Acompanhem conosco, mais este meeting e tentem tirar de seus resultados, os ensinamentos que por ventura possan existir. É o que sempre tento fazer, pois, a verdade nua e crua, é que nesta atividade aprende-se todos os dias.