O turfe sobrevive durante séculos, pelos legados deixados por alguns. Seja na forma administrativa. Seja na forma da criação dos cavalos de corrida, estes, os verdadeiros artistas do espetaculo. Algumas familias, deixaram um legado no Brasil. É verdade. Mas creio que apenas uma atividade consolidada e pelo menos dois hipódromos belíssimos. podem ser computados. A grande verdade, é que pouco salvamos de uma genética adquirida e desperdiçada. Movemos nossos locais iniciais de criação, que embora tenham sido para lugares melhores, decaracterizam nosso perfil. Desculpem, mas isto se constitui no maior deserviço cometido.
Tivemos, recentemente, uma incursão a San Isidro trágica. Um morto e vários feridos. O cavalo mais caro do Brasil, nem se colocou no Pelegrini. O melhor potro do turfe paulista na milha, idem na prova da milha. Uma ganhadora do OSAF fechou a raia. E tudo isto demonstrando não apenas uma inferioridade técnica, mas talvez um desprepararo, somado certamente um desconhecimento do que iriamos enfrentar. Não foi por falta de aviso...
Outrossim a euforia, faz muitos proprietarios se tornarem cegos e suceptíveis a aceitar os contos das fadas, o cantar das sereias, o embalo suave das odes e como para alguns treinadores, as opções no Brasil estão cada vez menores, a festa de San Isidro parecia uma opção. Desculpem, aos que não assim pensam, mas nosso paraíso está hoje, duas escalas abaixo, uma da nossa e duas da Argentina: Maronas. Lá, mesmo com pedigrees de grama, cansamos de ganhar no dirt. Porque para mim, a pista do hipódromo uruguaio está mais para o dirt do que para areia, que são coisas, completamente distintas, a meu ver.
Arrisco a afirmar, pelo que vejo por aqui nos Estados Unidos, que o cavalo brasileiro de grama se adapta melhor ao dirt, que o de areia. Na verdade não me lembro de nenhum cavalo brasileiro, ou peruano, que tenha sido um cavalo de areia consagrado e de dirt, por aqui, pelo menos acima da média.
Mas o assunto são os legados. Creio que o mais importante legado que o Sergio Coutinho Nogueira, pode deixar de sua administração - que para mim foi uma das melhores que tive conhecimento - é conseguir liberar o jogo das maquinas caça niqueis. Ele está empenhado e sabe que este é o último trem para Paris e muitos lobbys que desejam o monopólio do jogo, devem ser vencidos. Não diria vencido, mas igualado Ninguém tem mais interesse na sobrevivência do turfe, que certamente o Sergio, que continua sendo um dos maiores investidores de nosso mercado.
Porém depois da Lava Jato, ficou claro que a situação de nosso Congresso ficou complicada e qualquer congressista pensa agira 99 vezes antes de dar seu próximo passo. Na era da corrupção seria muito simples passar a lei do jogo. Agora nem tanto, embora temos hoje um presidente que pelo menos raciocina e não tem interesse de tratar um cancer terminal com aspirana.
Trabalho com o Sergio, a algum tempo, e o conheço o suficiente para dizer que existe empenho, mas necessita-se de toda a ajuda possível e necessária, para tocar este barco. Que é grande e pesado. Impossivel de ser levado por uma só pessoa. Somos uma atividade pequena, mas recheada de gente importante que tem amigos nos lugares certos. Está na hora, de nós turfistas nos ligarmos e catucarmos aquele amigo que possa nos ajudar nesta empreitada. O famoso, jeitinho brasileiro. Fui inclusive informado, que uma força tarefa composta pelos presidentes de nossos clubes e capitaneada pelo João Paulo Ribeiro - de quem vocês cedo muito ouvirão falar - foi formada e está ativa, visitando a presidência de nossas duas casas do legislativo. Todos empenhados, com um só alvo. salvar o turfe.
Dependendo, de onde elas forem colocadas no Rio de Janeiro, será uma grande ajuda para o turfe. Em São Paulo, onde não há lugar mais propicio que Cidade Jardim, certamente o será. No Paraná, não conheço bem a situação, mas se está mas mãos do Roberto Belina, está em ótimas mãos.
Mas vejo um problema. Estacionamento. Jogo de maquinas caça niqueis demanda espaço, pois, muita gente vai pintar no pedaço. Você pensam que nossos atuais estacionamentos no hipódromo poderão comportar o publico? Evidentemente que não. Então teriamos que transformar as últimas arquibancadas, tanto da Gavea, como em Cidade Jardim, em edificios garage.
Vou contar uma história. Anos atrás fui com um cavalo de um cliente correr o Idaho Derby. Prairie Meadows, fica longe do aeroporto, uns quarenta minutos, e do aeroporto para o hipódromo só uma rodovia, em terras de pouca pouca gente, cercada de batatas por todos os lados. Todavia, quando cheguei ao hipódromo, tomei um susto. Em um estacionamento gigantesco, foi muito dificil conseguir uma vaga. Entrei no hipódromo radiante, e decepcionei-me, pois, não tinham mais de 500 gatos pingados, naquela que é a mais importante noite do turfe daquele estado. Fui ao cassino. Tinha gente saindo pelo ladrão. No minimo 2,000 pessoas. Deu para entender onde quero chegar?
A salvação do turfe brasileiro, podem ser as maquininhas, mas volto a repetir, que dependem muito de onde elas serão instaladas. Hoje nossos dois mais importantes hipodromos, necessitariam de mudanças radicais em seu desenho para comportarem o publico que será gerado por este novo tipo de jogo. Mais até em Cidade Jardim, que não tem praia e o hipódromo é um oasis, dentro de uma selva de pedra, cobiçado por todo prefeito que assume seu cargo, a se tornar uma parque.
Se a lei do jogo sair do Congresso aprovada, temos que imediatamente resolver os problemas de funcionamento das mesmas dentro de suas dependencias. Ou então perderemos espaço para os outros lugares onde elas serão instaladas, por pura falta de planejamento.
Fui arquiteto e sei do que estou falando. Quem avisa, amigo é!
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