Outro dia me encurralaram contra a parede, me pedindo soluções para os problemas que destaco como graves na administração do turfe brasileiro. Para aqueles que assim me perguntam, tenho sempre a mesma respostas: nunca me candidatei a nada no turfe brasileiro, logo, não sou obrigado a apresentar soluções, pois, não ganho para isto, nem fui eleito para tal.
Eu acho que mesmo nas aberrações, a limpidez pode ser alcançada se for perseguida e analisada em toda a sua essência. Nelson Rodrigues foi para mim o Papa neste setor. Concordo, com Mario Vargas Losa, quando este escreveu com bastante propriedade, que a industria do narcotráfego foi a que apresentou maior modernização e melhor crescimento, pois, aproveitou a globalização, melhor do que qualquer outro, para estender seus tentáculos além fronteiras, diversificar-se, metamorfoscear-se e reciclar-se na pseudo legalidade de sua ilegalidade.
O turfe brasileiro necessita, diversificar-se, metamorfoscear-se e reciclar-se. Isto se chama modernização. Sem ela ficamos no passado e ninguém vive mais do ontem, Numa sociedade moderna, você vive do agora e daquilo que possa ser no futuro. O passado fica nos anaias da história e deve ser consultado, não revivido..
Dentro daquilo que posso humildemente contribuir para a melhoria do turfe brasileiro, estão meus estudos do que está dando certo além de nossas frinteiras, independentemente do hemisfério que tenha acontecido. O que acontece na Inglaterra e nos Estados Unidos tão importante como o que está acontecendo na India ou mesmo na África do Sul e Austrália. Nosso continente ainda é dependente da genética alheia. E o Brasil, mais ainda. Penso que apenas Uruguai, Venezuela e Peru, podem depender mais que o Brasil. Isto nos coloca num patamar de pouca sintonia com o mercado internacional.
Não somos mais referência, pois, perdemos o bom posicionamente conseguido nos Estados Unidos e África do Sul. Somos hoje apenas fornecedores para o Uruguay. Isto não lhe parece aterrorizante?
Outro dia um parelheiro argentino venceu sua segunda prova de grupo aqui nos Estados Unidos. Filho de um reprodutor argentino, mas de campanha internacional, me sucitou uma curiosidade que resolvi sanar por meio de pesquisa. Descobri, que o cavalo argentino ganha mais cedo nos Estados Unidos que o brasileiro, Como os dois sofrem as agruras da aclimatação, você só pode atribuir a esta mais rápida adaptação platina, ou a tipo de criação, ou de pedigree.
Eu penso que possa ser o pedigree, pois, o nivel de criação tanto brasileiro como o argentino, é coisa de primeiro mundo. Mas a genética não. Os argentinos optaram por investir no cavalo norte-americano. Em detrimento da stamina, aumentou sua capacidade de precocidade e velocidade. Nós mficamos em nossa eterna dependência do turfe europeu. Hoje temos mais stamina e não tanta precocidade e velocidade. Outrossim, o que me parece mais grave, é o fato de nossa aclimatação ao hemisfério norte.
Mas seria apenas o pedigree? Não, mas ele é o principio de tudo. Um pedigree direcionado a velocidade e precocidade incita um novo calendário e uma diferente atitude no treinamento e na performance dos cavalos. Moral da história, o cavalo argentino está mais próximo do cavalo norte-americano que nós. Por isto escrevi o que escrevi sobre Fluke e nunca deixei de prestigiar a Redattore.
Já que não dá para se investir pesado no reprodutor norte-americano, que pelo menos pretigiemos o nacional que tenha se saido bem nos Estados Unidos, pois, o primeiro passo para solidificar um mercado e forcar-se no comprador. O que este comprador precisa? E uma pergunta torna-se necessária: seria mais fácil vender cavalos nos Estados Unidos ou na Europa? Eu acho que a história de nossas exportações, responde, por esta indagação.
E ENTÃO FAÇO A PERGUNTA QUE
REALMENTE NÃO QUER SE CALAR
ESTAMOS QUERENDO OU NÃO
NOS TORNAR UM MERCADO EXPORTADOR?