Outro ponto de sempre alta intensidade, são os casos da adaptação e da aclimatação. em se tratando de cavalos de corrida. Coisas muitas vezes confundidas, principalmente por aqueles que não tentam se aprofundar na questão, mas que na verdade são situações bastante distintas, quando estudadas.
Quem por primeiro sacou a mudança exercida em um cavalo de corrida quando este era obrigado a uma mudança de hemisfério, foi o argentino Horatio Luro, também conhecido por ser apelidado de El Gran Senor, de ser a alegria de muitas esposas de proprietários abastados e principalmente por ter treinado um tal de Nothern Dancer. Ele foi primeiro a introduzir o conceito da aclimatação com a mudança de hemisfério, Aqueles seis meses, de preparação antes do cavalo sul-americano re-estrear agora em pistas norte-americanos. Logo quem não acredita na necessidade de uma aclimatação, que vá discutir com Luro no além !
Quando há uma mudança de hemisfério, o relógio biológico de um cavalo, precisa de seis meses para entender o que está acontecendo. Ele necessita de uma aclimatação. Perguntas rondam seu organismo: porque veio o inverno, quando na verdade era para vir o verão. A mudança de pelagem estranha o fato de vir numa hora agora errada, pois cavalo de corrida é um ser. Não uma máquina de velocidade.
Por isto, eu digo, tendo como base uma experiência profissional de décadas,- experiência própria - que uma égua, seja ela for advinda da Europa ou dos Estados Unidos, leva de dois a três anos para chegar a plenitude de suas funções, em Bagé e no Paraná. As europeias as vezes até um pouco a mais. Certamente esta é a razão, de 95% dos importados no ventre, não serem em pista, aquilo que seus importadores esperavam. Evidente que existem exceções. E o mesmo deve ser dito em relação ao produto que vem desmamado e o que vem já com cerca de dois anos de idade. Os resultados dos desmamados importados em pistas brasileiras é superior aos dos já quase formados, Não sou eu que o digo. São os números que assim provam.
Pois bem, isto é produto de algo chamado aclimatação. Mas somado a isto o animal importado tem ainda que se adaptar ao novo meio ambiente e estou considerado meio ambiente aqui, água, alimentação, lida, clima e mais aquilo que possa afetar. de alguma forma, o desenvolvimento de um atleta. Por isto animais já nascidos e criados em nosso hemisfério, tem apenas que se adaptar, assim mesmo quando há uma mudança brusca, pois, a aclimatação só é necessaria, quando eles mudam de hemisfério. Estudos nesta área já provaram que é mais fácil se vir do hemisfério norte para o sul, do que no sentido contrário. Mas este é outro problema.
Quando digo que a égua que não deu em um haras, pode florir em outro, estou falando de encaixe. Uma égua de São Paulo, sofre muito com sua mudança, por exemplo para Bagé. Ela normalmente necessita também de um tempo - bem menor diga-se de passagem - de adaptação.
Abro um parênteses. Tenho um lema.Ç éguas depois de apotadas em qualquer rincão, lá devem permanecer, pois, são seres que necessitam confiança aonde pisão, nas amizades levadas a efeito nos paddocks, na lida diária. Fecho o parênteses.
Nunca abdiquei do direito de adquirir, éguas consideradas fracassadas em outros estabelecimentos de cria, quando achava que por uma coisa ou outra, ela se encaixaria no reprodutor para quem estava trabalhando. Evidente que aquilo que o Santa Maria de Araras vende, principalmente entre as ainda jovens, não deve ser encarado. em sua grande maioria, como refugo. O excesso de qualidade, cria a possibilidade de se deixar sair algo, que num haras de porte médio, nunca sairia. Mas esta situação, não faz deste excepcional estabelecimento de cria, uma exceção. Você tem que procuar o encaixe, isto é, aquela égua que possa cair como uma luva para seu repodutor, independentemente do que ela tenha vindo a fazer em pista. Pois, se assim não o fosse, as ganhadoras de graduação máxima, seriam as únicas opções a serem usadas. E não me consta que Quanto Carina seja ganhadora de grupo 1.
Outrossim, ela como as brasileiras Sociedad, Hospitaleira, Ocasião, Laura Ricci, a uruguaia Salineta e a argentina Gas Mask, são as detentores de quatro individuais ganhadores de grupo no Brasil. Todas não sofreram as agruras de uma aclimatação. Só a francesa Exarque, teve que por isto passar.
A pergunta imediata que não quer calar: Então para que importar uma reprodutora ? São várias as respostas. A principal de todas? Pelo aumento da condição genética que ela impetrará em seu haras, depois de perfeitamente aclimatada e adaptada. As vezes este plus genético, vem com uma geração, mas dificilmente falhará em duas ou nas três subsequentes. Ou haveria a existencia de Ocasião se a britânica Avenue não tivesse vindo para o Brasil? Ou Sociedad sem a britânica Freedwoman. E mesmo Quanto Carina, sem a importação da argentina Shanty? Só Hospitaleira, entre estas reprodutoras citadas, advem de quatro primeiras mães, genuinamente brasileiras.
Na leis das probabilidades, creio que a égua importada está bem na foto...
Resumindo. As importadas formam familias, e de suas familias saem de vez em quando brasileiras famigeradas.
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