Dizem as linguas que pouco concordam, com minhas opiniões e atitudes, que sou um pouco duro demais com o turfe brasileiro. Talvez seja, mas em defesa de meus posicionamentos afirmo que a gente só né duro com aquilo que ama. Com os filhos, com sua consciência e principalmente naquilo que acredita como certo.
Moro fora do Brasil desde 1987, e aqui de fora cheguei a uma conclusão. O Brasil é uma ilha. Uma Ilha que ocupa uma grande parte do território sul-americano. Seja por questões linguisticas, seja por costumes. Nada temos a ver com o resto das populações limítrofes. E agora politicamente, demonstramos isto. Uma guinada para a direita, quando a exceção da Argentina, os demaisvizinhos tendem a se alinhar com a esquerda.
Este "ilhamento" tem seu lado positivo, como igualmente um negativo. E isto é fácil de se ter detectado em nosso turfe. Temos uma forte influência europeia, tanto em genética quanto na forma de se encarar o enquadramento de nossos calendário. Argentina, Peru Chile e guardadas as devidas proporções, Uruguai e Venezuela, são mais alinhados com os Estados Unidos. Tanto em genética quanto na formação de elementos a serem exportados.
Quem está certo? Não sei. Creio até que não exista um certo e um errado. Mas há de se convir, que mesmo para um investidor norte-americano que abre mão de genética em função do que o cavalo especificamente proporciona em pista, sempre olhará com mais simpatia, primeiro para uma genética que consiga entender e segundo para aquele que lhe pareça mais adaptável ao dirt. Os asiáticos, que são mais abertos, aceitam as duas posições, e por tal, nos parece hoje o mercado do hemisfério norte, mais compreensível as nossas expectativas.
O La Quebrada, talvez tenha sido o grande impulsionador da genética norte-americana no seio da criação argentina. Aqui acredito que o Santa Maria de Araras tenha sido. Ambos foram e no caso dom último, ainda o é, haras de ponta. Importavam genética melhor alinhada ao dirt. O haras argentino ainda com a vantagem de poder ter Palermo e La Plata. O haras brasileiro, desafiando a grama. Desafiando e a subjugando.
Hoje, as pessoas adquirem um Wild Event ou um Por it Back, cientes que poderão enfrentar mesmo aqueles considerados especialistas na grama. E sabem porque? Pois, além da genética existe algo nela inserida, chamado linha materna e sempre que possível aqui repito, que houve esmero em nossas importações, desde a primeira metade de nosso século passado.
Trouxemos, como disse muitos trombones e tubas para a nossa sinfônica. E sobrevivemos a estas excrescências, graças aos violinos, no caso presente, as éguas importadas no passado. Mas as linhas maternas não podem ser seccionadas por eletricistas de forma constante. Se a filha, a neta e a bisneta o forem, por melhor que tenha sido a importação, morre ali o teor de transmissão de qualidade da mesma. Ela basicamente evapora. Some no universo. E não adianta que a oitava ou nona mãe seja Pretty Polly, Sceptre ou Mumtaz Mahal. Ela inevitavelmente desaparece.
Imaginem o poder de uma Risota, de uma Arumba sendo massacradas pela baixa qualidade de eletricistas. Diminui-se seu poder de ação. Coisa que as Pretty Polys do Santa Maria de Araras conseguiram sobreviver, graças a bem menor inserção dos chamados eletricistas.
Separar o joio do trigo, é olhar uma linha materna e avaliar se ela ainda carrega aquele poder de transmissão. Como disse anteriormente, não adiante ter uma Best in Show, que já foi triturada. Concordo, que ainda possa existir um resquício de qualidade, guardado nas profundezas, mas para ele aflorar é necessário a presença de um regenerador, coisa que não podemos nos furtar de notar, uma grande falta de existência deles por aqui. E mesmo com o regenerador, as vezes é necessário mais de uma geração, para a qualidade emergir de suas profundezas. E como a vida é curta, e o tempo exíguo, a melhor solução será partir para outra.
É importante se tentar detectar a possível validade de transmissão de uma linha materna. Isto poderá lhe poupar tempo e dinheiro.
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