Fui recentemente perguntado em Lexington, porque cavalos brasileiros não estavam vindo com mais frequência para terminar suas campanha nos prados norte-americanos. Tratei de mudar de assunto.
Vamos ser honestos. Nós brasileiros adoramos criticar, conhecendo ou não o assunto em questão. Outrossim, nos recusamos terminantemente a olhar para o nosso próprio umbigo.
Filho feio é sempre o do outro e problema no quintal do vizinho, nada tem a haver com você. Isto somado a nossa velha tendência de querer levar vantagem em tudo, nós faz um povo sui-generis, capaz de por quatro eleições, colocar no poder, a um torneiro mecânico e a seguir um poste implantado pelo mesmo. E precisou de quase ter o pais quebrado, para colocar um atrás das grades, e direcionar a outra que parece estar a caminho.
Vejam o caso de nosso futebol. O levado a efeito no Rio de Janeiro, está atualmente abaixo da critica. Inferior ao processado em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, para ficarmos apenas por ai. E os torcedores cariocas continuam a se enganar. Gozam quem ]e vice campeão, mesmo tendo se livrado da queda, apenas em sua última partida.
Senhores, tirando o Flamengo que vem a duras penas disputando todos os anos o campeonato brasileiro, os outros três grandes clubes, Botafogo, Vasco e Fluminense, do Rio de Janeiro, se limitam a lutar por permanência na serie A. E todos com passagens recentes na segundona, sendo que para pelo menos um ou dois destes clubes, é o único lugar que pode ganhar algum titulo.
Mas todos os torcedores unidos, destes três clubes, gozam a ineficácia do Flamengo em ser campeão, aludindo com o cheirinho nunca alcançado. Ai eu pergunto com uma naturalidade de uma criança de quatro anos de idade; se safar como por milagre da segundona, não cria um odor mais pútrido?
Em nosso turfe a situação me parece análoga. É o roto se unindo ao esfarrapado para menosprezar aqueles que conseguem um feito maior. Seja ele nacional ou internacional. Lembro como fui criticado ao levar Hard Buck para correr o King George. Depois da carreira, nada foi dito. nem, para o fator sorte, alguém teve a coragem de apelar. Lembram como ridicularizado foi o fato de Einstein, por nem sequer ser domado no Brasil? E depois da limpeza que ele fez nos Estados Unidos - em ambas as costas - quem foi capaz de emitir algum comentário? Ao contrário, silêncio absoluto... Parece que nem aconteceu. Não é gozado?
Gloria de Campeão, era visto como uma piada. Como poderia alguém leva-lo para Dubai, se nem um grupo 1 foi capaz de ganhar no Brasil? Mas ele não só foi levado, como conquistou a única Dubai Cup que um cavalo brasileiro teve a oportunidade de levar, até o presente momento. Quando levaremos outra? Não creio que eu veja outro, no tempo que me compete.
Não investimos sequer mais naquilo que nos trouxe algum sucesso. O inédito de boa campanha no exterior. O Locris, o Henri le Balafré, o Waldmeister, o Ghadeer. Preferimos o fracassado nos mais importantes breeding-sheds do planeta, mas que em pista ganharam Arcos e grandes provas internacionais. Pensem bem, não seria contraditório? Porque estes monstros sagrados em pista, não fazem mais temporadas na Australia e nem são ambicionados pela África do Sul e demais países da América do Sul? Seria tão difícil chegar-se a uma conclusão?
Se não olharmos para o nosso próprio umbigo e deixarmos nos levar pela onda da moda, seremos em anos engolidos até pelo Uruguai, hoje nosso mercado mais fiel de compra. Vender para a Ásia é bom, mas nem de longe salutar. Castrados e depois esquecidos, eles dificilmente fazem algo por nossa criação, como Siphon, Sandpit e os primeiros a ir, aos Estados Unidos, fizeram. Desculpem aos que não concordam, mas as terras de Tio Sam são nossas principais vitrines.
Temos que olhar o turfe a longo prazo, não de forma imediata. E isto acontece tanto na compra como na venda. O imediatismo pode nos levar a um caminho sem volta. Não existe o "salvador da pátria". Existe projeto e consecução do mesmo. Dar certo, na grande maioria das vezes leva tempo. Mas quando o objetivo é conseguido, há chance de você lá permanecer por tempo indeterminado.
Ato de contrição. Quem está agindo profissionalmente dentro de um projeto pré-determionado? Quem realmente tem consciência importância de uma genética de primeiro mundo? O que uma Galileo, uma A. P. Indy, ou uma Nureyev podem fazer para sua montagem de um banco genético?
Agora, se dinheiro não for um problema, não está aqui aquele que critica, SEJA IMEDIATISTA: compre uma Danehill ganhadora de grupo 1 e a mande para Galileo. E garanto a vocês que suas chances de conseguir êxito, a curto prazo, crescerão consideravelmente.
SE VOCÊ NÃO GOSTA DE TURFE, PROCURE OUTRO BLOG. A IDÉIA AQUI NÃO É A DE SE LAVAR A ROUPA SUJA E FAZER POLITICA TURFISTICA. A IDÉIA AQUI É DE SE DISCUTIR TEORIAS QUE POSSAM MELHORAR A CRIAÇÃO E O DESEMPENHO DO CAVALO DE CORRIDA. ESTAMOS ABERTOS AS CRITICAS E AS TEORIAS QUE QUALQUER UM POSSA TER. ENTRE EM NOSSA AERONAVE, APERTEM OS CINTOS E VISITEM CONOSCO, O INCRIVEL MUNDO DO CAVALO DE CORRIDA, ONDE QUERENDO OU NÃO, TUDO É PRETO NO BRANCO!