A caminho de Bage, e tendo nestes três últimos dias interagido no Rio de Janeiro com criadores e proprietários enraizei mais uma impressão que sempre tive.
Nós brasileiros temos uma tendência natural de discordar do óbvio. Aliás, diga-se de passagem, o óbvio é realmente muito chato. A outra característica - igualmente marcante - é que o de seu tempo sempre foi melhor, O que em outras palavras é também discordar do presente com algo que chamamos de saudosismo.
Apresentei as corridas de Ruffian, que foi para mim, a maior égua que vi correr no dirt, com todo o respeito que Zenyatta, Rachel Alexandra, Azeri, Paseana, Bayakoa, Riboletta e outras igualmente brilhantemente dotadas, devem ter. Na verdade não as comparo, apenas demonstro minhas preferências. Como explicar? Desenharei... Uma mesma camisa nas cores azul e amarelo. Uns gostarão da azul, outros comprarão a amarela. Em função e qualidade, tratam-se da mesma camisa.
A década de 70 foi para mim a descoberta de um novo mundo. Até ali eu acreditava apenas na Europa com centro máximo do turfe. Aí com as vitórias de Sir Ivor em 1968, e de Nijinsky, Mill Reef e Roberto, em 1970-71-72 no Derby de Epson, acordei para uma outra realidade. E a coisa pegou. Em 1973 foi o ano de Secretariat, 1974 o de Ruffian, 1975 o do castrado Forego e um final de década eletrizante com Affirmed, Alydar, Seattle Slew e Spectacular Bid. Não havia como deixar de respeitar mais o turfe do continente norte-americano. Ele igualara-e potencialmente ao europeu e o primeiro a notar isto, antes mesmo que o mundo tomasse conhecimento, foi Vincent O'Btien e seu genro John Magnier. Que trataram de achar um fornecedor de dinheiro, chamado Robert Sangster, para introduzir na Europa de uma forma definitiva o gem norte-americano.
A partir deste momento, o mundo do turfe passou a ser outro.
Pois bem, inbreed em Discovery e Sir Gallahad III e neta da matriarca Bol Irish, Ruffian foi invicta em sua campanha oficial com duas características importantes acima das coetâneas citadas anteriormente. Ganhava de ponta a ponta e com distâncias para suas adversarias que eram verdadeiro caninos. Ela não apenas ganhava. Tratava suas adversárias, como estas simplesmente não existissem. Se recusava a deixa-las aparecer na foto de chegada.
Correu oficialmente em 10 oportunidades, ganhando todas, sendo quatro em record, foi Champion 2 and 3yo, triplice coroada, faz parte do Hall of Fame e infelizmente teve um final trágico, na pista que a consagrou, num duelo com o ganhador do Derby Honest Pleasure. Em Belmont está enterrada.
Como disse, postei suas 11 vitorias juntamente com uma homenagem a outro que deixou sua vida na pista, Barbaro. Não deveríamos render mais homenagens a cavalos como Much Better, Itajara, Duplex, Bal a Bali e outros? Não deveriam ser montados filmes sobre eles? Isto teria muito mais efeito para o mercado externo do que um video tentando explicar o que é o turfe.
Eu a credito no cavalo brasileiro. Precisamos TODOS demonstrar que acreditamos de um forma mais direta. Einstein provou que mesmo um inédito, bem selecionado - com características físicas e de pedigree para o turfe norte-americano - pode funcionar. Mas alguém seguiu a lição? Hard Buck levantou uma lebre, que com um projeto bem delineado, até em provas do quilate do King George, podemos competir com razoáveis chances. Por acaso alguém voltou lá e tentou? E Gloria de Campeão ganhou a prova mais bem dotada no planeta. Todo um rigoroso planejamento foi levado a efeito. Ela, a prova, ainda existe, e porque não voltamos lá? O que estaríamos esperando então? A morte da bezerra????
Acordem, pois o tempo passa e a fila anda.
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