sábado, 2 de março de 2019

PAPO DE BOTEQUIM: SERIA ELE O MELHOR?

Para dizer a verdade, eu nunca fui da esquerda, embora tenha trafegado nas universidades em pleno era do arrocho da revolução brasileira. Não sofri agruras, mantive minha moto, minhas namoradas, domingo era dia de Flamengo no Maracanã e nos fins de semana, os desfrutava na Montenegro e nos ensaios do Salgueiro. Uma vida normal de um carioca alienado.

Pois bem quando cheguei pela primeira vez aos Estados Unidos, no final da década de 70, tomei conhecimento do que era o real capitalismo. E me encantei com a lógica que emana a vida por aqui, que independe de vontade politica, da justiça social, da concretização das massas, que nada mais são do que distrações. Os Estados Unidos é uma maquina colossal de garantias de emprego, de livre iniciativa, de segurança, de saude ao alcance de todos - quando se paga o seguro - de justiça rápida sem a necessidade de segunda, terceira e quarta condenações, e de uma perspectiva de vida, para quem quer realmente viver.

Havia ali uma coisa que desconhecia: o respeito ao cidadão e principalmente a sua opinião. Ninguém ousaria em pensar que um ser humano pudesse pagar mico, por estar fora da caixinha. E eu imediatamente vi isto na criação de cavalos de corrida, onde correntes distintas disputavam seu lugar ao sol, sem precisar pisar no vizinho, para colocar sua cabeça de fora.

No Brasil, há mais gente falando mal do outro do que realmente obstruindo algo. A turma do torce contra, excede as expectativas. E quando em grupo ou numa rede social quando agrupam-se deixam o fel afogar a quem estiver despreparado.

Hã muito desconhecimento e menos ainda imaginação, numa gama significativa de profissionais brasileiros. Uma pena, pois, o brasileiro é reconhecido mundialmente por seu espirito de humor, respeitado por suas manobras e até temido por seu jogo de cintura. Improvisamos onde não deveríamos improvisar e não damos a mínima bola, para as regras básicas. Pois é, isto no turfe não cola- Principalmente fora de nossas fronteiras. No hemisfério norte, todos querem ganhar e não são poucos os profissionais preparados para a faina. As vendas de Keeneland são um exemplo disto. para se achar um Da Hoss, uma Sea Girl, um Cara Rafaela, um Estrela Monarchos e uma Giulia, é mais fácil encontra-las no patamar financeiro que as adquiri, do que na turma dos seis e sete dígitos, dos catálogos 1 e 2. Como é possível? Pelo simples fato de aqueles que realmente entendem e estão com os bolsos cheios para gastar, não percam tempo com aqueles fadados aos médios e baixos cinco dígitos, geralmente inscritos do catalogo 4 para cima.

Cavalo bom pode estar em qualquer lugar. Até no fim do leilão de Keeneland. O problema é que agente bom nem sempre está mais por ali, quando ele aparece. No Brasil, se o profissional quiser, mesmo não examinando antes, vai a todos os leilões e inspeciona a todos. O problema é que não terá condição de escolher entre os melhores, pois, só assim o faz, aquele que consegue ver tudo antes e compara. E assim mesmo isto não é uma garantia de sucesso. Apenas uma maior oportunidade de consegui-lo.

O que vê nom dia da venda, ou nas vésperas da mesma, pode chegar a uma escolhe certa. Mas talvez não a mais certa, pois, no dia seguinte, depois que seu dinheiro foi gasto, vem outro que suplanta a sua escolha. E sempre aquela pulga atrás da orelha: seria ele o melhor?