Caro Gameiro,
hoje durante uma conversa com um conhecido, lembrei do senhor em vários momentos da conversa. Um conhecido uruguaio me contava que comprou uma égua para tentar correr um reta e depois por em cria e me falou se podia cobrir com o Danton. De cara lembrei de uma de suas frases "o tiro pode vir de qualquer lugar" e perguntei o nome da égua. Pesquisando seu pedigree descobri que era uma velocista filha de Desejado Thunder que com Danton duplicava Crimson Saint, uma duplicação feminina que o senhor tanto fala que sempre ajuda em um cruzamento. Me aprofundando no estudo, notei que ela é irmã materna do Derby Winner FAMOUS ACTEON, o qual o senhor sempre teve admiração. Fazendo uma simulação do cruzamento entre Danton e Fera Radical além da duplicação feminina, cria-se um 3x3 em Roi Normand e um 4x5x5 em Ghadeer... Duplicar elementos com comprovado sucesso na nossa reprodução brasileira me deixou excitado, algo que ninguém tentou ainda, ao mesmo tempo que há o medo do novo
Também há oportunidade de ser o primeiro a fazer um doble mágico tupiniquim. Tinha razão ou não de ter lembrado do senhor durante toda conversa? Qual sua opinião sobre um doble tupiniquim?
Marcel
A história do turfe, principalmente no Brasil, está repleta de figuras do pântano, desagregadores por excelência, que teimam em tratar o óbvio como um mistério conspiratório contra a razão. Eu ao contrário, acredito no raciocínio lógico, no pensamento quântico e deixo as efemérides, para aqueles que falam muito e agem pouco.
Alguém descobriu a pólvora e outro alguém moldou a roda. Calculo a dificuldade que estes inventores tiveram até provar a validade de seus pontos de vista. Deverá ter tido alguém, que pensou que a roda não tinha utilidade pois era incapaz de se manter em pé como uma superfície plana. E que seria impossível transformar um pó em um elemento capaz de destruir uma rocha. Não importa.
No nosso caso, Lord Derby, não foi o primeiro, mas certamente aquele que usou com maior sucesso a duplicação de éguas em um pedigree, pois descobriu cedo da importância de uma Canterbury Pilgrim, de uma Selene e de uma Scapa Flow. Se eram capazes de gerar mais de um elemento diferenciado para a pista, porque não seriam se duplicadas em um pedigree, gerar elementos que mantivessem seus legados?
Boussac não foi o primeiro, outrossim, há de se convir que talvez tenha sido o mais ousado em duplicar machos em um pedigree. O fez até entre irmãos, como já demonstrei com Coronation V e Ormara, a mãe de Locris. Pois, em sua maneira de ver se havia uma afinidade, porque não trazê-alo mais perto possível?
Tesio, de maneira alguma inventou os linebreeds. Aliás, vale a pena lembrar, que ele viveu numa era que estes linebreeds eram inevitáveis, pela escassez de nomes. Todavia soube como ninguém ordena-los e direciona-los a uma fonte de transmissão de classicismo, como St. Simon. E, torna-se importante igualmente frisar que no final de seus dias, soube na hora que se tornou necessária, montar uma Romanella, para esta tornar-se um fenômeno em pista, capaz de gerar a um dos maiores fenômenos da história.
Não sou mágico e muito menos tenho uma bola de cristal, contudo, quando aventei a possibilidade de se utilizar em um mesmo pedigree imbreeds nos dois maiores chefes de raça da história mundial moderna, Northern Dancer e Mr. Prospector, fui visto como o professor Pardal. O tempo passou, e provei meu ponto de vista. Ai eu pergunto, para aquela criança remelenta de seis anos de idade. Qual seria o problema de duplicar dois dos quatro mais importantes reprodutores de nossa história ao mesmo tempo em um pedigree?
Imediatamente as figuras do pântano e os detratores do óbvio, urraram que os mensageiros não são qualificados. E eu retrucaria, não seria esta a melhor maneira de qualifica-los?
A história não fala dos covardes.
Abraços
Renato




