E ainda sou de um tempo, que ninguém dava bola para esta tal de Libertadores, e o campeonato carioca valia mais do que qualquer outra coisa. A gente ia ao Maracanã, ver Garrincha, Dida e outros craques. O Rio-São Paulo bastava. Hoje há uma verdadeira concepção, - do qual não compartilho - pela Libertadores como se ela fosse tudo man vida do individuo.
Resolvi ir ao cinema. Quando voltei, ainda na garagem consultei o relógio e só então liguei de volta meu celular, pois, pelas minhas contas o jogo já deveria ter acabado, ou estava por acabar. Como não havia aquele imensidão de Whatszapps da turma das kombis, achei que o Flamengo tinha ganho. E subi para casa feliz, seco para ligar ba TV e ver os melhores momentos, quando chegou uma mensagem do Aluízio, em forma de uma foto do Maracanã- O que ele queria dizer com isto? Perguntei se o jogo já havia acabado, certo que ele diria que sim e que o Flamengo tinha ganho de 3x0, de 4x1 ou até de 5x2. Sua resposta tornou, minha felicidade em desespero: pênaltis.
Sua perversidade foi cruel. Inominável. Pedi que não me passasse o resultado das penalidades, mas ele começou 1x0, 1x1, 2x1, e eu não aguentei: QUEM??? Quando ele disse Flamengo, não sei se fiquei feliz ou mais apreensivo. Pedi que ele parasse, mas ele veio com 2x2, 3x2. Parecia o Conde Dracula ao ver o pescoço alheio, numa viela abandonada da Transilvânia, em plena madrugada... Prometi a mim mesmo que não iria olhar mas, quando fui desligar o telefone, ele repetiu 3x1. Ai fui eu que me interessei e fiquei ainda mais interessado quando ele publicou 4x2. O resto vocês sabem exatamente o que sucedeu.
No turfe, em uma prova de alta relevância técnica, é esta a mesma sensação que você sente, quando seu pupilo vai para o photochard. E não foram uma nem duas, as situações em que me vi nesta encruzilhada. Parece que o chão sai de seus pés, quando você fica aquinhoado com uma segunda colocação. Não interessa se foi numa Breeders Cup Juvenille Fillies como como Cara Rafaela, ou em um Grande Prêmio Brasil, como com Much Better. Perder, diga-se de passagem, é sempre ruim. Porém por diferença mínima, é ainda pior. Diria que mortal. Pio do que dor de dente ou improviso da Dilma
Aqueles segundos que o comissários, parecem ter o prazer de fazer esperar aos diretamente interessados, são terríveis. São que nem disputas de pênaltis. Agora pior do que assistir a uma disputa de pênaltis e ouvir a mesma, sem ter como vè-la.
