SE VOCÊ NÃO GOSTA DE TURFE, PROCURE OUTRO BLOG. A IDÉIA AQUI NÃO É A DE SE LAVAR A ROUPA SUJA E FAZER POLITICA TURFISTICA. A IDÉIA AQUI É DE SE DISCUTIR TEORIAS QUE POSSAM MELHORAR A CRIAÇÃO E O DESEMPENHO DO CAVALO DE CORRIDA. ESTAMOS ABERTOS AS CRITICAS E AS TEORIAS QUE QUALQUER UM POSSA TER. ENTRE EM NOSSA AERONAVE, APERTEM OS CINTOS E VISITEM CONOSCO, O INCRIVEL MUNDO DO CAVALO DE CORRIDA, ONDE QUERENDO OU NÃO, TUDO É PRETO NO BRANCO!
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
PAPO DE BOTEQUIM: UMA VISITA QUE FICARÁ ETERNAMENTE EM MINHA MEMÓRIA
Houve um tempo, que o simples mencionamento da palavra peteleco ne causava calafrios. Assim como raciocínio lógico a Dilma Roussef, ou Deus ao capeta. Eu era vitima no colégio Santo Inácio daquilo que hoje chamamos de bulling com colegas maiores. Principalmente dois deles. Ai fiz questão de entrar num curso de defesa pessoal com a família Gracie e adotei o Jiu Jitsu como uma filosofia. Era pequeno e precisava de lutar contra meus demônios. Em seis meses mudei a situação e de dominado, passei a ser dominante. Mas nunca exercendo aquilo que um dia abominei, como minha nova linha de ação.
Com cavalos de corrida acontece - guardada as devidas proporções - a mesmíssima coisa. Os dominantes um dia são dominados e a coisa toma outra direção. Quando iniciei meus estudos de pedigrees, nomes como The Tetrarch e Son-in-Law ainda eram vistos como chefes de raça, o primeiro com o o rei dos sprinters e o segundo o dos stayers. Pois bem, desapareceram. Foram simplesmente pulverizados, e na época por Tourbillon, Hyperion, Blandford, Harry On e Phalaris. Contudo, com o tempo, foi apenas Phalaris de construiu um caminho sólido e sem atropelado-los. Formando um tribo praticamente indestrutível como um dia o fizeram Eclipse, Herod e Matchen. E eu passei a aprender, que mesmo entre as grandes dominâncias haviam, aquilo que comumente chamamos de dias contados.
Tesio que sempre usou o Derby de Epson, para praticamente tudo, notara a dificuldade que era uma tribo conseguir produzir a três ganhadores desta prova em forma de uma transmissão direta. Para ele, depois da terceira o segmento perdia força e eram necessárias outras fontes de classicismo, para rejuvenescer a antiga formula de sucesso.
Na verdade tenho aqui minha duvidas sobre qualquer formula que lhe induza a achar ser a do sucesso. O Sucesso é decorrência de conhecimento e imaginação, assim como para mim, a sorte, é para Oprah Winfrey o encontro da preparação com a oportunidade. Vó Adelina sempre dizia que acordar cedo e trabalhar duro, sempre lhe traziam sorte.
Estive na quarta feira inspecionando os potros da geração do Santa Maria de Araras, que irão a leilão em Junho do ano que vem. Serão os últimos a serem vendidos com esta idade. A partir de então, esta conceituada instituíção de criação de cavalos de corrida, passará a vender sua produção ainda desmamada, no haras e no sistema virtual. O sistema de recria hoje vigente no Paraná, irá ser desativado e deverão ir os compradores com antecedência a Bagé para fazerem suas escolhas. Isto se chama vida que se segue.
O Santa Maria de Araras foi uma instituíção que sempre se repaginou. Modernizou-se com o sinal dos tempos. A conheci quando ainda mantinha seus trabalhos em Teresópolis, e vi dali nascer uma geração pela qual torci e vibrei: Latino, Lucksor e Leonino. Eu era tão fissurado, por Latino e seu pai Sabinus, que me lembro de ter ido ao latino Americano no Chile, onde Latino foi se não me engano terceiro e anos depois de ter ido a Scandinavia ve-lo como reprodutor, Era muito romantismo.
Sim o turfe desta época era um misto de aventura e romantismo. Com o devido respeito, ganhar era muito mais complicado, pois, haviam as grades famílias, Os Seabras, os Paula Machado, os Peixoto de Castro, os Lara, os Vidigal. os von Leitner e uma gama de novos criadores como Julio Bozano, Matias Machiline, Jose Carlos Fragoso Pires, Nagi Nahas que traziam uma renovação de conceitos e um desafios as bases existentes.
Com eles novas tribos e famílias maternas vieram a ser incorporadas, centros de criação desenvolvidos e os tradicionais abandonados como parte de um processo de construção de uma era moderna, Engagei-me neste crescimento e larguei a arquitetura que exercia, para me dedicar de corpo e alma ao cavalo de corrida. Fui mais romântico que o romantismo.
E o tempo passou, as famílias quase todas se foram, as reais novas forças do turfe igualmente uma a uma abandonando a atividade, porque como os cavalos, não conseguiam emplacar mais de três gerações no comando das ações.
E o turfe ficou relegado a uma posição, que não merece. Ninguém me contou. Vivi uma era importante quando esta atividade era vista como algo nobre. Fiz do conhecimento e de minha imaginação, as ferramentas para ir para os Estados Unidos, onde acreditei que o brasil teria uma lugar cativo. E teve, por um determinado período. Mas a lei das dominâncias se fez presente, e por nossa culpa passamos a ser dominados. Perdemos a força, a importância e agora vejo que talvez um dos últimos grandes, irá se recolher a uma posição de maior espera do que protagonismo, como proprietário.
Não sei se felizmente ou infelizmente, os grandes proprietários brasileiros, sempre foram os grandes criadores, com raras exceções. Hoje na Europa, creio que este detalhe também exista, pois a Coolmore, a Juddmonte, Aga Khan e a Darley dominam a situação. Eles que devem ser considerados no rol dos mais importantes criadores da atualidade.
Junto da última geração do consagrado Wild Event, examinei a um grupo de potros machos, excepcional. Foi minha primeira inspeção, antes que os cavalos entrem no processo final de preparação. Espero voltar - se Deus assim o quiser e a saude colaborar - em Janeiro e Março e participar em uma mesmo ano, da venda de duas gerações deste importante centro de cria.