Ivar
Prezado sr. Renato
Escrevi esse texto no dia do GP São Paulo, e para a minha surpresa, no mesmo dia, o senhor escreveu algo no mesmo sentido.
Sendo um leitor assíduo, me sentiria extremamente feliz por um feedback.
"Uma parte considerável dos entusiastas do turfe clamam pelo melhor aproveitamento do cavalo nacional na reprodução. Pois vejam: no Grande Prêmio São Paulo, nossa segunda mais importante prova, em um campo com 13 cavalos, 8 eram filhos de garanhões nacionais. Porém, por mais contraditório que seja, pouco são os lugares que oferecem boas oportunidades de cobertura ao bom cavalo nacional. Então o que justifica o que vimos? Eu tenho minhas suspeitas.
Pois bem. Imagino que talvez essa seja a hora de uma mudança na mentalidade da criação nacional. Se não por bem, que seja por uma necessidade. Explico: apesar das recentes aquisições de reprodutores, se olharmos as estatísticas de reprodutores da gávea na temporada passada, por exemplo, encontramos Agnes Gold (22 anos), Put It Back (22 anos), Wild Event (desaparecido), Midshipman (Shuttle), Pioneering (27 anos), Forestry (24 anos), Shanghai Bobby (shuttle), Kodiak Kowboy (15 anos), Redattore (25 anos), Drosselmeyer (13 anos), Discreet Cat (shuttle), First American (desaparecido), Adriano (15 anos) e Glória de Campeão (17 anos).
A maior parte deles são cavalos mais velhos ou que já não estão por aqui. Isso sem falar em Royal Academy, Trempolino, Roy, Spend a Buck, Northern Afleet, Holy Roman Emperor e Elusive Quality. De quantos desses conseguimos tirar algum outro reprodutor com bons números? Dá para contar nos dedos de uma única mão.
Recomendo a leitura e reflexão: https://albatrozusa.blogspot.com/2019/11/papo-de-botequim-exploracao-do.html
Seguindo esse pensamento, nos anos mais recente do turfe, nossos 4 maiores nomes entre os reprodutores foram Ghadeer, Clackson, Wild Event e Roi Normand. Desses, a criação nacional conseguiu dar continuidade para apenas uma dessas linhas, a de Roi Normand por meio de Redattore. Não soubemos aproveitar os filhos dos outros nomes, tendo preferido apostar em cavalos importados que em pista não mostraram ser de qualidade superior aos nossos e, se mostraram, ainda em outros países não mostraram bom aproveitamento na reprodução (se veio parar aqui, é porque foi enxotado de outro lugar). E isso vem se acentuando nos últimos anos. Ora, para que servem as provas de grupo se não para selecionar os melhores cavalos a continuarem suas linhagens? E por qual motivo não fazemos uso dos cavalos que por aqui se mostraram superiores aos demais para formarmos uma tribo nacional?
Agora vamos nos ater ao GP São Paulo: George Washington foi seu brilhante ganhador. Ele se junta a um seleto time de cavalos que ganharam as duas mais importantes provas do calendário nacional. E vejam só, ele é filho do nacional Redattore, que por sua vez é filho de Roi Normand. Oh céus! A única linha entre as 4 citadas anteriormente que conseguimos preservar! Redattore já se mostrou um ‘sire of sires’. Pelo menos 3 de seus filhos já produziram ganhadores e, 2 deles, ganhadores de grupo, apesar das parcas oportunidades. Me refiro a Al Arab e Kapo di Tutti. Talvez Al Arab, depois de produzir a líder e ótima Neusely tenha mais chances, mas, apesar de achá-lo ótimo, ainda o vejo como um reprodutor sem apelo na pista, pois seu ponto alto em corrida foi um G3 em Cidade Jardim e um handicap em Dubai.
Mas e George Washington? Sabemos que ele sempre foi um cavalo tido em altíssima conta, que em treinamentos sempre foi melhor do que todos e que, talvez apenas não seja um cavalo ainda mais inesquecível por causa de seu temperamento.
A maior parte deles são cavalos mais velhos ou que já não estão por aqui. Isso sem falar em Royal Academy, Trempolino, Roy, Spend a Buck, Northern Afleet, Holy Roman Emperor e Elusive Quality. De quantos desses conseguimos tirar algum outro reprodutor com bons números? Dá para contar nos dedos de uma única mão.
Recomendo a leitura e reflexão: https://albatrozusa.blogspot.com/2019/11/papo-de-botequim-exploracao-do.html
Seguindo esse pensamento, nos anos mais recente do turfe, nossos 4 maiores nomes entre os reprodutores foram Ghadeer, Clackson, Wild Event e Roi Normand. Desses, a criação nacional conseguiu dar continuidade para apenas uma dessas linhas, a de Roi Normand por meio de Redattore. Não soubemos aproveitar os filhos dos outros nomes, tendo preferido apostar em cavalos importados que em pista não mostraram ser de qualidade superior aos nossos e, se mostraram, ainda em outros países não mostraram bom aproveitamento na reprodução (se veio parar aqui, é porque foi enxotado de outro lugar). E isso vem se acentuando nos últimos anos. Ora, para que servem as provas de grupo se não para selecionar os melhores cavalos a continuarem suas linhagens? E por qual motivo não fazemos uso dos cavalos que por aqui se mostraram superiores aos demais para formarmos uma tribo nacional?
Agora vamos nos ater ao GP São Paulo: George Washington foi seu brilhante ganhador. Ele se junta a um seleto time de cavalos que ganharam as duas mais importantes provas do calendário nacional. E vejam só, ele é filho do nacional Redattore, que por sua vez é filho de Roi Normand. Oh céus! A única linha entre as 4 citadas anteriormente que conseguimos preservar! Redattore já se mostrou um ‘sire of sires’. Pelo menos 3 de seus filhos já produziram ganhadores e, 2 deles, ganhadores de grupo, apesar das parcas oportunidades. Me refiro a Al Arab e Kapo di Tutti. Talvez Al Arab, depois de produzir a líder e ótima Neusely tenha mais chances, mas, apesar de achá-lo ótimo, ainda o vejo como um reprodutor sem apelo na pista, pois seu ponto alto em corrida foi um G3 em Cidade Jardim e um handicap em Dubai.
Mas e George Washington? Sabemos que ele sempre foi um cavalo tido em altíssima conta, que em treinamentos sempre foi melhor do que todos e que, talvez apenas não seja um cavalo ainda mais inesquecível por causa de seu temperamento.
Ainda assim, foi capaz de ganhar um São Paulo e um Brasil, além de duas provas de grupo 2. Podemos ter vários “e se” em mente quando falamos da campanha de George Washington, mas não se pode negar que ele é um cavalo acima da média e, diferente de seu irmão, com apelo em pistas. Então por qual motivo não tentar com ele no breeding shed?
Vejo em George Washington a melhor maneira de manter viva essa linha Roi Normand > Redattore que tanto funcionou por aqui. Seu avô, Roi Normand, produziu incríveis 661 ganhadores, sendo 66 em provas principais e 24 (!!!) ganhadores de graduação máxima. Dispensa qualquer tipo de comentário. Já seu pai, Redattore, até o presente momento produziu 367 ganhadores, sendo 10 de grupo 1. Citando algo que Renato Gameiro falou há alguns anos:” Redattore [...] na era moderna depois de Clackson e num nível similar a Romarin, vem se saindo muito bem reprodutivamente. Como os demais andou pulando de galho em galho, como se fosse artigo de manuseio e não de veneração.”
George Washington pertence à família 3-o e sua linha materna começa com Princesa Carina (Know Heights), múltipla ganhadora de grupo na Argentina, filha de Heavely Dancer (Fitzcarraldo), uma das maiores matrizes desse século, mãe de, além da já citada Princesa Carina, nosso conhecido Out Of Control (Vettori), cavalo ganhador de duas provas de grupo 2 nos EUA e que tem incríveis 4 segundos lugares em provas de grupo 1 por lá, e que na reprodução já deu o G1 winner Céu de Brigadeiro; Send Inthe Clows (Know Heights), ganhador de G1 na Argentina, e Notre Dame (Royal Academy). Heavely Dancer também é irmã própria do ganhador de grupo 2 Silver Planet e materna de Alphard (ganhador de g1). Isso proporciona a George Washington inbreeds em El Centauro, ganhador do Pellegrini e que serviu na reprodução na Argentina, EUA e Japão; e em sua mãe, a sensacional Planetaria cuja descendência ainda conta com os craques Notark (Fitzcarraldo) e Algenib (Oak Dancer), também bom reprodutor, que produziu Coalsack, ganhador do Pellegrini de 1998.
Abro apenas um parênteses para falar sobre Know Heights, avô materno de George Washington, que na década passada, juntamente com Nedawi, talvez tenha sido o principal transmissor de estamina na criação nacional. Know Heights foi pai de 12 ganhadores de grupo 1, sendo vários deles nas principais provas brasileiras disputadas em distâncias mais alongadas e inclusive recordistas em suas épocas, como Coray e Ivoiré (GP Cruzeiro do Sul), o também vencedor do Brasil e do São Paulo Jeune-Turc e a tríplice coroada Colina Verde. Know Heights é avô materno, entre outros, do ganhador do GP São Paulo Jaspion Silent.
Posto isso tudo, por que não apostar em Roi Normand, Redattore e seus filhos, para dar início, mesmo que tardio, a um projeto nos moldes de Japão, Austrália e -sem precisar ir tão longe- Chile: uma linha de garanhões nacionais. Por que não o sindicalizar e oferecer boas oportunidades para esse cavalo que tem um papel maravilhoso, um físico acima de qualquer suspeita (como curiosidade, fica a informação que o stride angle de George Washington fica por volta dos 100º) e que em pista já foi provado?"
Desde já, agradeço a paciência
Renato Trevisan Signori