Você já desmontou um bicicleta? Pois é, eu com oito anos de idade o fiz, por pura curiosidade. Confesso que não é muito difícil. Dificil é mesmo reconstruí-la. Pois, tem sempre aquela pecinha que sobra e sua mente imediatamente vaticina que ela não faz nenhuma diferença. Mas o pior é que sempre faz. E você tem que recomeçar todo o trabalho.
Quando se estuda um pedigree, você tem que reconstruir a obra e descobrir de onde vem aquela força que fez daquele cavalo, algo diferenciado. Do pai? Da mãe? De sua linha materna? De um nick? De uma estrutura genética de imbreeds? Do avô materno? Enfim, são uma série de variáveis, que podem inclusive ter suas respostas no somatório de vários destes itens. Logo, quando você detecta o ponto, na verdade você "acha" que seja aquele ponto. Não há certeza alguma, apenas sua intuição, lhe assegura que a coisa é por ali.
Evidente que quando você tem a sua frente um Galileo ou um Deep Impact, sua crença passa a estar consubstanciada em uma série histórica construída por estes dois excepcionais reprodutores. Da mesma forma quando você de depara com uma Hasili, com uma linha materna estabelecida por Redbrick ou com uma conjunção de imbreeds que o faz a arriscar ser um tripé mágico. Aí, estas conjecturas passam a se tornar quase certezas, pois, os acertos são bem superiores aos fracassos.
Outrossim quando você acredita em um Galileo, ou em uma Onefortheroad, você automaticamente está aceitando o fato de poder haver uma transmissão linear. Algo que se passa de pai para filho e de mãe para filha. Uma dominância de certas vertentes são capazes de agir em relação a outras. E sei que para muitos, é muito difícil de se admitir.
Se a gente levar em consideração que St. Simon, The Tetrarch, Son-in-Law, Hurry on, Blandford, Hyperion, Ticino, Dominó, Man O´War já foram grandes chefes de raça e que hoje claudicam nas linhas altas dos ganhadores modernos de provas de grupo - alguns desaparecidos há décadas - há de haver um raciocínio lógico que aquelas que foram incontestáveis dominâncias, na verdade um belo dia vieram a ser simplesmente dominadas, por outras de mais alto poder de persuasão. Porque? Perguntem a genética.
É como a aquela bicicleta que você desmontou e não soube como remonta-la. Com um agravante. Por melhor que seja o técnico que tente resolver a questão, esta questão não tem capacidade de ser resolvida. Vejam o caso recente de Monsun. Ele reavivou os Blandords, quase que enterrados. Mas por quantas gerações este processo, sobreviveu?Pergunto e poucos são aqueles que podem me trazer uma resposta.
Hoje são poucas as tribos que parecem estar aptas a lhe dar uma certeza de continuidade. Northern Dancer, Mr. Prospector, Royal Charger, Nasrullah e quem mais? In Reality, o veio mais producente de Man OWar parece estar se retraindo mais e mais. E ai eu me pergunto, não teríamos nós com Put it Back e Locris a chance de reanimarmos os Man O´Wars? Pimper´s Paradise trás em seu pedigree 11 linhas de Man O´War por sete distintos mensageiros, sendo dois machos (os aqui já citados) e cinco fêmeas.
Da mesma forma que com Roi Normand, este mesmo Doce Vale tem a oportunidade de reavivar suas chances por intermédio de Ay Caramba e Flymetothemoon, ambos portadores das chancela de qualidade especificada por Court Lady. Não seria igualmente válido um crédito a Redattore, como mais uma possibilidade a Roi Normand de persistir? Opções existem. Vontade de explora-las, nã teria tanta certeza...
Quando duas linhas de alto potencial de transmissão de classicismo estão unidas em um só pedigree, há chance de perpetuação da raça. Basta apenas se ter a coragem de se meter a cara.