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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

A COLUNA DE SEGUNDA-FEIRA

Uma viagem no túnel do tempo: 1985

Bom dia! Na Live da semana passada o Edson Alexandre me perguntou de supetão se o grande BARONIUS era filho de Falkland. Confirmei a veracidade da informação e emendei que a mãe do craque dos campos de Rio Claro era a brasileira Liselotte. Ledo engano, bela tropeçada no frango de minha parte! A filiação correta é Falkland na brasileiríssima Pavane. Ora bolas, por que veio em minha mente a filiação incorreta? Aí nasce nossa história de hoje. 

Quando guri houve um filho de Falkland em Liselotte que corria demais, e entre outras provas, venceu o sensacional GP Brasil de 1985. Seu nome era GRISON. Essa era a filiação que fiquei repetindo na minha cabeça durante toda minha vida! Liselotte, nascida em 9 de dezembro de 1966, foi uma ganhadora de provas da programação clássica e já havia produzido em 1975 o tríplice coroado AFRICAN BOY. Quando acordei, na terça-feira pós-Live, parecia ter entrado em um episódio da série de TV “O Túnel do Tempo”. Simplesmente minha cabeça havia voltado para 1985, nos acontecimentos das tardes do final do mês de agosto e o primeiro dia de setembro, data da disputa do GP Brasil. Momento estranho para a disputa? Quem não se lembra, informo que o Brasil sofreu com uma tremenda gripe equina durante o outono/inverno daquele ano e as datas de várias provas importantes foram adiadas. Como sempre, a semana do Brasil é vivida com muita intensidade, mesmo para uma criança que acabara de se mudar para o bairro da Gávea e estava louco para ver os craques em ação. Apesar de bem pequeno, eu já tinha várias convicções sobre as carreiras, o que devia irritar um pouco meu pai, logo brigávamos um pouco por essas nossas convicções. No sábado do Major Suckow queria de todo jeito assistir a paulista Irish Sea correr. Eu e meu pai nos desentendemos e ele foi para o Jockey sozinho e eu fiquei em casa amuado, até tomar a decisão de que não poderia deixar de ver o páreo de velocidade. Como morávamos em um apartamento na praça Santos Dumont em frente ao hipódromo, era fácil tomar essa decisão. Foi só me aprontar, atravessar a rua e ir ao prado. Vi a carreira colado na cerca, e a égua montada pelo Ivan Quintana chegou em um apagado quinto lugar. Depois da prova encontrei meu pai, fizemos as pazes e fomos marcar o programa do domingo. E que dia inspirado foi esse primeiro de setembro! 

Estávamos vivendo um grande momento do Haras Santa Ana do Rio Grande, que havia se consagrado com VISTORIA no OSAF, chegando ao bis da prova. Eu não acreditava na derrota de Último Macho na milha internacional. Meu pai, um fã incondicional do brilahnte bridão chileno Gabriel Meneses, só falava das chances de KEW GARDENS, mesmo em pista pesada e largando em uma baliza quase desqualificante. Ele sempre contava uma frase que ouvia do gringo: “Carrera son carreras, se pierdem y se vencen en la partida”. Nunca havia entendido o significado da frase até este dia. Dada a partida, Meneses e sua montada largam de forma exemplar e ele se coloca exatamente no pelotão traseiro, sem dar um milímetro de vantagem aos adversários. Em um dia de chuva e com a grama muito pesada, KEW GARDENS, trazido para uma árida fulminante, veio a desalojar a minha escolhida próximo ao disco. Resumo da ópera, muito dinheiro no bolso com o vencedor pagando 12/1. Também acertamos a dupla e os dois placés de nossos palpites individuais. E eu saí com mais um aprendizado sobre as carreiras. 

Para o GP Brasil não tínhamos convicções muito grandes. Fomos ao padoque e não me recordo dos motivos pelos quais escolhemos o animal paranaense Blessed Nest, mas foi o escolhido no jogo para vencedor. Como GRISON iria com Barroso, um emérito jóquei ponteiro, firmamos a dupla, apostamos e fomos tomar assento para assistirmos o páreo. Que carreira! Poucos metros após a partida, o filho de Liselotte tomou a frente colado à cerca interna e o excelente bridão Edson Amorim posicionou seu montado no encalço do líder. E não é que eles vieram assim até a entrada da reta? Obviamente, neste dia, apesar de meu pai ser também um fã de longa data da farda ouro e costuras azuis, torcemos como loucos para que Blessed passasse na frente no disco, mas não houve jeito. Barroso, o sangue da criação Paula Machado e o coração do bravo castanho não permitiram nossa alegria. Fiquei com uma recordação incrível de um páreo memorável. O bolso ainda saiu cheio, já que acertamos a dupla e o placé do nosso escolhido. Esse dia foi só multiplicação! Quem sabe no futuro o Lineu nos dá a honra de contar a história por trás da trajetória dos dois brilhantes filhos de Liselotte? Deve haver muitos detalhes na campanha dos dois animais que talvez nos façam viajar no tempo. Essa foi minha viagem de hoje. Aguardo todos vocês na live de logo mais onde comentaremos as carreiras do fim de semana.

Abs, do Baronius (Falkland em Pavane, nascido em 02/10/1976)