Sejamos honestos, aproveitando-nos deste novo ano que se inicia, e perguntar-mos a nós mesmos, se a cada sucesso que obtemos, não surge a áurea da incerteza, de qual foi a ação que verdadeiramente tornou aquele determinado sonho em realidade. E seguir, qual a vereda a se manter, para que novos sonhos - cada vez maiores - possam ser realizados? Dúvidas, dúvidas e cada vez mais dúvidas. Quanto mais elas se esclarecem, mais ainda aparecem. não seria um dádiva ao ignorante ser dado o direito de ignora-las e do imbecil de rebate-las?
Verdadeiramente não acredito que sejam necessárias se ter a inteligência de um Einstein ou a imaginação fértil de um Da Vinci, para se concluir que o turfe, seja ele nacional ou internacional, é uma atividade onde 20% se baseia em realidades e 80% em probabilidades. Outrossim, não tenho dúvidas também, que 100% desta atividade baseia-se em sonhos e na perspectiva de torna-los realidade que todo turfista nutre em seu intimo.
Vejo dentro das realidades hoje aceitas e não mais discutíveis, que tribos podem se manter em estado de hibernação, mesmo durante longos períodos de inatividade e com longas estadias no Irajá. O que vemos acontecer hoje com Try My Best, é um exemplo indiscutível desta forma de se aceitar esta probabilidade. Ao passo que outras, como a de por exemplo Bahram, deu indícios por intermédio de Monsun, mas feneceu tão logo necessitou do esforço da terceira geração. E existem também, aquelas que parece que foram de forma definitiva como as de The Tetrarch, Teddy, Tourbillon e Hyperion. Não vejo como resgata-las.
Logo, não se trata de nadar ou não contra a correnteza. Trata-se sim de deixar o rio correr na direção que seu destino previu como lógica e tentar assim chegar aos 20% de certezas que determinam a existência do oceano. Algo quase que vocacional. Intuitivo. Obrigatório...
E dentro destes 20% de realidades, estão inseridas as teses que defendo sobre tribos, linhas troncos, estruturas genéticas, validade de imbreeds em chefes de raça e duplicações em matriarcas, além da logicidade que um raciocínio deve ter para se constituir no alicerce de uma base que sustente qualquer tese.
Tesio, Boussac, o velho Khan e Lord Derby sustentaram a seu tempo, diferentes teorias de como construir algo mais próximo da realidade, por diversas veredas, utilizando-se dos mais diversos profissionais. Do outro lado do Atlântico, Bull Hancock e Edward Taylor, com a importação de Nasrullah e a criação de Northern Dancer, determinaram o surgimento de algo ainda maior do que o imposto até ali por James Keene e William Woodward. Base do turfe norte-americano.
Enquanto, chefes de raça como Danehill e Sir Tristram na Austrália e Sunday Silence no Japão, acabaram por criar diferentes caminhos para a internacionalização de seus respectivos mercados. E hoje, creio ser licito se afirmar, que todos os citados, de uma forma ou de outra, contribuíram para on desenvolvimento da atividade.
Desta forma, conclui-se que a força de um determinado animal, bem como a imaginação de um ser humano, podem caracterizar o destino da criação de thoroughbreds, no mundo. O que fez estes homens e animais, sedimentares suas raizes, foi a extrema dominância que eles exerceram sobre seus rivais. Numa atividade que vive de um astro principal, o cavalo, produto de um cruzamento e derivado de um meio. Simples assim. Não existe outra possibilidade, plausível a uma discussão.
Temos apenas que aceitar a realidade, e evoluir dentro daqueles 20% produtos de nosso conhecimento da certeza, arriscando, sempre que for possível, por intermédio nossa imaginação e coragem, nos outros 80% soltos no ar, elevando-os, no máximo, a altura dos sonhos exequíveis de serem sonhados e possivelmente vividos.
Como repeti-los?
No turfe, não há teoria alguma que garanta a legitimidade do solo em que você pisa. Porém, no entanto, a experiência lhe demonstra, a existência de um vasto campo de areia movediça, que poderá enterrar suas expectativas, para o todo e sempre, nesta atividade. E ele se chama, achismo. E o erro na utilização de uma tribo, pode ser fatal.