Bom dia! Mantendo o pique da remada, como um bom bridão em final disputado, vamos em frente com os nossos conceitos e dados do puro-sangue inglês.
Em artigo escrito anteriormente, citei o jornalista Joe Estes (criador do AEI), ele também desenvolveu o conceito do Comparable Index (CI), que vem a ser o resultado dos filhos que as matrizes cobertas por determinado garanhão têm com outros reprodutores. Complicadinho né? Minha mulher também acha.
Quando a "uso" como cobaia para compartilhar meus estudos, ela, mesmo sendo matemática, me olha com aquela cara de "lá vem"! rs enfim, o CI é uma medida conhecida e divulgada pela Blood-Horse que nos diz qual foi o desempenho geral das matrizes com outros reprodutores. O objetivo final é ter um AEI bem superior ao CI, demonstrando que o reprodutor é um melhorador do desempenho das mães. A operacionalização demorou bem mais para ficar pronta devido à necessidade de poderio computacional para realização dos cálculos. Desconheço que o índice comparativo das éguas tenha sido introduzido no Brasil. A Blood-Horse é a matriz divulgadora do índice para os reprodutores americanos.
O livro “Racehorse Breeding Theories”, de Frank Mitchell, que teve contribuição de algumas pessoas que fundamentaram muito do que é discutido hoje em criação e desempenho do PSI no mundo. Cito o Steve Roman (Dosage – Pedigree & Performance) responsável pelo moderno sistema de dosagens e Rommy Faversham (Nicking & Female Family Breeding Inbreeding) que trabalhou em conjunto com Leon Rasmussen no levantamento das duplicações em matriarcas (Rasmussen Factor). Aproveito a citação para compartilhar a definição longa do Rasmussen Factor: “Inbreeding em mães oriundas das famílias superiores através de diferentes indivíduos”. Sempre que possível passarei os conceitos bem definidos para todos.
O Rommy tem um blog ativo que divulga os resultados pelo mundo do ponto de vista da teoria por ele defendida (RF). Existe uma treta interessante entre ele e o Alan Porter, do TrueNIcks, quanto a validade estatística do Rasmussen Factor. Não é só abaixo do Equador que o bicho pega. Usando a tabela e levantamentos realizados por Mitchell, vou compartilhar alguns números que são fundamentais para medir desempenho em pista e na reprodução do PSI:
O que a tabela indica para você criador, que queira estar acima da média, é que 8 de seus 10 pupilos tem que chegar em pista, enfim competir! 6 em cada 10 animais tem de vencer. O topo é ainda mais rarefeito. Um animal teu em cada 30 tem de vencer prova de grupo.
Com certeza no Brasil existe uma profusão de provas clássicas e uma competitividade menor, o que não invalida o desempenho de nossos melhores criadores. Em terras tupinambás quem foi mais eficiente em ganhar clássicos foi o Stud Rio Dois Irmãos, hoje totalmente internacionalizado, que conseguiu produzir quase 15% de resultados em provas clássicas. Um dado preocupante quanto a atividade por aqui, é que, dos 4 primeiros em desempenho em provas clássicas, dois já encerraram suas atividades em nossos campos. Não criam mais no Brasil. A pergunta que fica é a seguinte. Se dois dos mais eficientes criadores brasileiros não têm perspectiva de manter-se na atividade, o que dizer dos que não conseguem tantos resultados?? Fica a reflexão sobre a situação da equideocultura brasileira.
Em média, nossos melhores criadores produzem 6% de vencedores clássicos e quase 2% de ganhadores de G1. Neste tipo de prova (G1), o líder nacional é o Haras Doce Vale com desempenho de 6%. Realmente um haras de excelência. Quanto ao AEI, podemos perceber que no Brasil a distribuição é bem mais comprimida que lá fora e os nossos garanhões não conseguem exercer dominância nesse índice. Pelas minhas estimativas e usando os números oficiais da Equineline, Agnes Gold tem um dos melhores índices por aqui, ficando na casa de 1,80. Comparativamente é um AEI abaixo dos melhores do mundo, índice que gira na faixa de 3,00 para animais como Galileo e Frankel.
O objetivo desta série de artigos que escrevi foi compartilhar com vocês conhecimento, parâmetros de desempenho e algumas reflexões. Sem métricas, não sabemos qual é nosso real desempenho. Sinto falta de mais estudos e levantamentos de estatísticas locais, dados que tenham nossa cara e que demonstrem nossas peculiaridades. Dessa forma poderemos estabelecer padrões básicos que todo competidor da atividade deveria almejar.
Aqui do nosso lado, a vizinha Argentina dá um show com o site do Stud Book local. Um primeiro passo para nós seria irmos até lá e contratar o serviço da tropa que faz as estatísticas locais e o site. Custa dinheiro, mas vale a pena! Aguardo todos vocês na tradicional live de segunda-feira. Até breve.
Abs, Baronius