O centro do Rio de Janeiro, antes de Pereira Passos
Para muitos, o pedigree do recente vencedor do Fair Grounds Hcp. (Gr.3), pode não ter significado algum. Mas para mim tem. E eu explico por que, não antes de filosoficamente posicionar-me. Falo muito em passado e, por incrível que pareça, não sou um saudosista. Por enumeras razões, adoraria ter hoje 25 anos, sabendo o que sei. Aliás, sempre me vi como uma pessoa para frente. Outrossim, resigno-me com a grande realidade: o passado sempre tem razão. E sabem por que? Porque ele não muda.
Porém, embora ele sempre tenha razão, os que o viveram, - principalmente aqueles de décadas distintas - o veem de forma diferenciada. São diferentes interpretações. Minha avó Adelina, dizia que nunca houveram tempos no Rio de Janeiro, como os do inicio do século, quando o prefeito Pereira Passos em 1902, resolveu construir uma Paris a beira mar. Meu pai, pensava de forma distinta. Para ele os anos dourados do Rio de Janeiro foram os de sua juventude, com Copacabana se transformando na Princesinha do Mar. A inauguração do Copacabana Palace em 1923 e os casinos repletos de gente, foi talvez para ele, o auge e o apogeu daquele bairro, antes só habitado por pessoas com problemas pulmonares.
Ipanema e Leblon, antes do Sergio Dourado
Para mim, o Rio de Janeiro foi o Rio de Janeiro, do final da década de 60 ao inicio da década de 80, onde o cachorro quente do Genial comido na madrugada em frente ao mar, só poderia ser comparado ao sandwich de pernil com abacaxi do Cervantes. Que melhor do que a sopa de cebola do Beco da Fome, era somente a canja que o Sergio Mendes dava lá de madrugada, à espera da primeira barca que o levaria de volta a sua Niterói. De um Arpoador povoado pela Duda Cavalcanti e Odete Lara, a um Veloso cravejado de Tom, Vinicius e Cia. De um Maracanã que comportava mais de 150.000 pessoas e um hipódromo da Gávea, que em dia de Grande Prêmio Brasil, recebia mais de 40.000.
Hipodromo da Gávea, antes dos anos negros que vivemos
Maracana, horas antes do Macaranazo
Onde o Antonio's recebia de Nelson Rodrigues, que para lá chegar tinha que se utilizar de bondes. Um Rio onde cheguei a me banhar em águas limpas, mas que sempre encheu quando a chuva cai por mais de uma hora. Foram os meus anos dourados.
Os bondes, antes dos ônibus que hoje pegam fogo.
Nostalgia é atraso, pois, outra grande verdade, é que o passado nunca volta. No máximo, repete-se. Hoje, o morador do Rio de Janeiro está sujeito a balas perdidas. No tempo de Estácio de Sá - o desbravador, não o bairro - o problema eram flechas perdidas. Tanto assim que ele morreu vitima de uma delas.
Descobri que havia uma espaço para mim fora de nossas fronteiras e pequi me estabilizei, ainda que de forma provisória, no ano de 1987. Adquiri em Keeneland três potrancas desmamadas e uma égua de cria. Uma das potrancas foi de esfera clássica e a égua, uma filha de Sir Gaylord chamada Lady Munnings, produtora de uma ganhador de sete, que mesmo pouco aproveitado reprodutivamente, - apenas seis filhos registrados - foi capaz de gerar a um elemento de esfera clássica, West Star.
Em minha segunda investida, com um pouco mais de dinheiro no bolso, coloquei na cabeça, que se eu estava nos Estados Unidos, tinha que dar inicio a minha criação, com uma descendente de La Troienne. Parecia para mim, claro esta tomada de posição, e como o dinheiro era ainda pouco, consegui levar a Gleaming Water, uma filha de Pago Pago.
Mas quanto o conceito está consubstanciado em realidades, a coisa acaba por acontecer. Gleaming Water gerou com Wild Again a Middlefork Rapids e a seguir, com Fast Gold, a um elemento sublime a quem dei o nome de L'Eau Vivre, que se não tivesse quebrado no inicio de sua campanha, e não fosse obrigado a permanecer fora das pistas por mais de 3 anos, poderia ter sido um ganhador de grupo 1 nos Estados Unidos.
HOJE MIDDLEFORK RAPPIDS
É A TERCEIRA MÃE DE CHOCOLATE RIDE
E NOSSA GLEAMING WATER
CONSEQUENTEMENTE A QUARTA
PASSARAM-SE MAIS DE 20 ANOS
DA AQUISIÇÃO DA ÚLTIMA
MAS O FATO DE LA TROIENNE SER LA TROIENNE
APENAS GARANTIU QUE O FATO ACONTECESSE.
O sandwich de pernil com o abacaxi do Cervantes, e as enchentes
as únicas coisas que sobraram
do meus anos dourados no Rio