São poucas as certezas que temos em nossa vida. Uma delas é que ninguém, e reforço NINGUÉM, nasce sabendo: seja o japonês de seu idioma ou mesmo Albert Einstein, que 2+2 sejam quatro... Ou seis como a geração Paulo Freire deve melhor digerir.
Mas aquele velho ditado que ninguém desaprende a andar de bicicleta, me parece hoje falho, pois o equilíbrio físico, muitas vezes se deteriora com o avanço da idade.
O que dizer, de treinar cavalos de corrida? Porque certos treinadores demonstram brilhantismo a uma certa altura da carreira e com o tempo se apagam no ocaso das mesmas? Não vou enveredar pelo mercado nacional, pois, o Brasil ainda é um pais de sérios melindres, mesmo em se tratando de uma critica construtiva.
Sou da época em que vi brilhar Leroy Jolley, Nick Zico, Patrick Byrne, John Veitch, Ron MacNelly e Wayne Lukas, para se citar apenas meia dúzia de elementos. Todos, eu repito TODOS, que um breve período tempo, - uns mais outros menos - o Olimpo do treinamento de cavalos de corrida. Porém, quiz o destino que simplesmente vissem seus impérios ruírem.
Seria a falta de cavalos? Perda de clientes? Ou a incapacidade de reconhecer-los - cavalos e clientes - e deles tirar tudo aquilo que poderiam extrair? O Edson Alexandre sempre nos lembra que sem ovos não se faz um omelete, mas não teriam certos cozinheiros perdido a mão e passado a fritar mais ou de menos, estes ovos? Ovos se quebram, bem como mal acondicionados ou com excessivo tempo na frigideira, se perdem. Em meu parecer não são somente os ovos, os responsáveis por um bom omelete. Existe algo chamado motivação e outro fator ainda maior: o foco na questão.
Leroy Jolley (foto de abertura), ganhou mais de 991 carreiras, entre as quais dois Kentucky Derbies - um deles com uma fêmea, Genuine Risk - e duas Breeders Cups - Turf e Juvenile Fillies - foi elevado a categoria de Hall of Fame, e terminou seus dias no Irajá, com um barn despovoado.
Nick Zito tem a seu favor, até o presente momento, mais de 2060 vitórias, entre as quais dois Kentucky Derbies e duas Breeders Cup - Juvenile e Juvenile Fillies. Hoje, mesmo tendo sido elevado a altura de um Hall of Fame, em seu barn não detém mais de 30 cavalos em treinamento.
E já que falamos de Breeders Cup Juveniles, cabe sempre lembrar que o britânico Patrick Byrne (foto al lado), foi o único a ganhar as duas Breeders Cup Juveniles em um mesmo ano. Responsável até aqui por 448 vitórias, no ano seguinte a estas duas memoráveis vitórias, veio a levar Awesome Again, do anonimato a horse of the year, numa campanha invicta aos 4 anos, culminando com sua vitória na Classic, que considero a de melhor campo até hoje formada. Onde está Byrne? Confesso que não faço a menor idéia?
E o que dizer do wonder boy, John Veight? Ganhador de 410 carreiras e protagonista na triplice coroa da disputa de Affirmed e Alydar, foi elevado a categoria do Hall of Fame, e terminou seus dias, solitariamente, como juiz de carreiras em Keeneland, sem sequer um cavalo para treinar.
Bayakoa, Paseana, Festin, John Henry, Candy Ride... Que ovos ! Contando com mais de mais de 2,500 vitórias até o presente momento, Ron Macnelly (foto acima), levou a melhor em quatro Breeders Cups, três Distaffs e uma Turf. Feito hall of Fame, hoje conta com poucos cavalos em treinamento.
Todavia, o caso mais gritante é o do hall of Fame, Wayne Lukas (foto abaixo), com 4,839 vitórias ate o momento, quatro Kentuccky Derbies e estupefato número de 19 Breeders Cups, sendo 11 das mesmas, entre os dois anos. 14 vezes líder das estatísticas de treinadores por prêmio ganhos, Quem diria que o Hall of Fame, amarga uma posição subalterna nos dias atuais. Pareceu que iria voltar a disputa, mas ficou apenas no alento.
Será que todos desaprenderam ou a escassas disponibilidade de bons ovos s pegou em cheio, de surpresa?
Não vi até hoje, uma treinador que tenha convivido no Olimpo e tenha por qualquer motivo descido a ladeira, voltar a subi-la e reencontrar o seu caminho.