A COLUNA DE SEGUNDA FEIRA

O Irish Oaks, uma tarde em Saratoga e o ano do Frankel

Começando por um ótimo dia para todos nesta segunda-feira que abre a semana, após o anúncio da saída de Joe Biden da corrida para a reeleição! Por enquanto a teoria da conspiração sobre a data do debate e a previsão dos experts têm sido confirmadas. Muito cuidado com a política nos próximos meses...

 

Falando em corridas, tivemos carreiras em Curragh durante sábado e domingo com várias provas grupadas com destaque para o Irish Oaks. Vitória da filha de Nathaniel chamada YOU GOT TO ME, que descende da família 4-m, e as duplicações cruzadas em seu pedigree parecem uma iluminação de árvore de Natal. Quando vejo esses pedigrees, só me lembro dos ensinamentos do Renato, que adora esses “iluminados”. A combinação que funcionou aqui é muito similar ao cruzamento da craque Enable, ou seja, o inconstante Nathaniel, cruzando com a linha materna 4-m gerando um animal com duplicações em excelentes mensageiros. Quanto à prova, podemos dizer que a vencedora teve um percurso favorável, brigou para conseguir os espaços necessários nos momentos cruciais e bateu a representante da Coolmore, Content, que por outro lado teve condução desastrosa de Ryan Moore. Corrida de muito alcance, foi embaraçada ao final da curva e teve de esperar demais para que a passagem se abrisse. No final, a filha de Galileo não conseguiu desfazer a diferença para a ganhadora. A centésima vitória de G1 do excepcional Galileo continua encabulada, mas sai ainda este ano. A divisão das potrancas de 3 anos está muito aberta com um "perde e ganha" danado e a aparente líder, Ezeliya seguiu para reprodução. Com isso estamos à espera de uma líder consistente.

No verão americano em Saratoga, tivemos dois combates interessantes na turma de 3 anos. No Coaching Club American Oaks, mais um show de THORPEDO ANNA! A potranca de Kenny McPeek não tem adversárias, recebeu reconhecimento por sua esmagadora vitória através de rating alto, equivalente aos melhores potros da geração, torço agora para que ela seja direcionada para enfrentar os machos no Travers Stakes. Se o seu treinador procurava um urso para enfrentá-la, talvez ele tenha que mudar de divisão e seguir o caminho de Rachel Alexandra, Zenyatta, Serena’s Song e tantas outras que dominaram também seus rivais masculinos. Vamos aguardar com ansiedade a chamada da prova. Em Nova Jersey, O brigador DORNOCH deu mais uma vitória de G1 para ilustrar a sua mãe Puca, também mãe de Mage. Essa está valendo muito na reprodução. O Haskell foi um repeteco do Belmont Stakes em Saratoga, com a dupla sendo preenchida por Mindframe. 

DORNOCH tem saído ligeiro, brigado com a ambulância e resistido aos ataques de seus adversários na reta. Os dois animais não empolgam com seus desempenhos, contudo eles têm dominado uma divisão que aparenta ser fraca e que o retorno do temido Fierceness não tem acontecido. Quem sabe um Travers com a dupla do Haskell, mais dois potrinhos do Baffert, Sierra Leone (com um jóquei que consiga dominá-lo na reta final) e os dois potros da cocheira do Pletcher, podemos ver realmente um tira-teima da geração. Nos planos da Coolmore também teríamos o City of Troy, entretanto o planejamento mudou e por enquanto ele tem destruído seus rivais na Europa mesmo.

Na última Live citei meu espanto com o fraco desempenho do extra-classe Frankel nos páreos clássicos deste ano. Comentei que não havia estudado com mais profundidade o assunto e durante a semana me debrucei nos números para ao menos ter uma noção mais precisa de como tem sido o ano do filho de Galileo. Meus amigos, o quadro não foi bonito, talvez algo parecido com algumas bizarrices que encontramos na Bienal de São Paulo. Frankel é um animal de AEI de 3, que no turfe contemporâneo é praticamente o limite que um garanhão consegue imprimir sobre seus rivais. Os anos entre 2021 e 2023 foram excepcionais para ele, que recebeu o bastão das mãos de seu pai e levou o tricampeonato entre os reprodutores europeus e de lambuja atingiu percentual de vitórias clássicas da ordem de 10%. Em 2024 ele se encontra na sétima colocação por prêmios ganhos, com um índice de ganhadores clássicos de 5,5% e um AEI da ordem de 1,5, que representa uma queda de desempenho da ordem de 50%. Não é pouca essa queda!

Motivos para o que está acontecendo não os tenho, apenas observei a ausência de seus filhos e filhas nas provas de maior graduação e fui confirmar minha sensação com os números das estatísticas. Tenho uma tremenda admiração por esse garanhão e espero que 2024 seja apenas uma escorregada no quiabo em sua brilhante carreira reprodutiva. O ano tem sido muito frutífero para Lope de Vega que lidera, e também para seu mais próximo perseguidor, Kingman, que está juntamente com Frankel na Juddmonte. Vale mencionar o excepcional ano de Dark Angel, que vem em terceiro e para um reprodutor de velocistas isso é uma façanha. O ano dominante de Dubawi nas provas clássicas e em seu desempenho comparado (AEI), onde ele só perde para Justify e Shamardal, devido ao diminuto e seleto grupo de animais que esses dois últimos citados têm em carreira. O AEI de Justify é muito impulsionado por City of Troy e destoa do número dos demais concorrentes. Faz parte do jogo e de como analisamos esses números. 

Teria muito mais a comentar sobre outros detalhes observados nas estatísticas europeias, mas fico por aqui, desejando uma excelente semana para todos, aquele tradicional convite para a live de hoje a noite e fechando cito AEI do Il Campione na Argentina que é de 4,52, um verdadeiro monstro na reprodução contemporânea.

Abs, Baronius