Estamos a um dia, de uma data em que os cristões comemoram com extrema felicidade. A véspera de Natal. Uma data que inspira renascimentos. Que na verdade incita, aos menos céticos, a pensar apenas em vitórias e não tão somente em derrotas.
Tudo parece fácil e lógico depois de uma vitória. Porém, quando se trata de uma derrota, algo se dispersa em sua mente, principalmente nos dias de hoje, onde sempre haverá uma opinião ou um comentário de alguém, em algum lugar.
As coisas já foram mais simples. A modernidade e a facilidade de comunicação tendem a transformar o simples no complicado. E isto me lembra aquele texto de Verissimo, onde um pai dá uma bola para o filho no Natal e este lhe pergunta, sem pestanejar: Onde liga? Tem Manual? É em inglês? No meu tempo bola era bola. E nada mudava o fato.
Por exemplo, sou do tempo que cada time de futebol tinha um massagista pai de santo. Acreditava-se em macumba como um indutor à vitória. O massagista ganhava bicho, como o craque em campo, em caso de vitória. Passou-se o tempo e o pai de santo foi substituído pelo gestor da palestra de alta ajuda. E o que ela ajuda? Por acaso sugestiona o cara sem talento? O transforma em um Pelé? Não houve então palestra de alto ajuda antes dos 7x1 contra a Alemanha?
Meus amigos, desde os primordios da existência, nada substitui o talento. Seja ele nato, ou desenvolvido. O talento é o diferenciador em qualquer que seja a atividade. A criatividade, a inventiva, a imprevisibilidade, produtos de uma ação talentosa, mudam todo e qualquer destino. São insubstituíves na criação do acaso. E o chamado acidente de percurso, em qualquer momento surge, na forma de sucesso.
Sempre fui e sempre serei contra a dependência de pessoas a dogmas, crendices, supertições e até moda. Você tem que criar situações em torno de si, que o façam ver e agir da melhor maneira possivel. Aquela capaz de faze-lo conseguir, atingir seus objetivos.
Esta forma de raciocinio se aplica ao turfe. E já foi usada por muitos daqueles que não só atingiram o sucesso, como igualmente por aqueles que ao atingi-lo, se mantiveram no mesmo. E veremos no decorrer do mesmo, que centros menores, que agem com inteligência, colhem seus frutos.
E quando se fala em talento, há de não se omitir o nome de Mr. Prospector, pois, além de te-lo em pista, principalmente em se tratando de velocidade, ele nos Estados unidos foi indubitavelmente aquele que mais o transmitiu, como pai, como pai de reprodutores e reprodutoras, como pai de segunda e terceiras mães e em imbreeds, inclusive aquele que chamamos de audaciosos ou ousados, que tive o ensejo de publicar dias atrás. Logo ele é algo que todo pedigree moderno deveria ter.
Sou ainda daqueles, que pensam, que em qualquer situação, a gente sempre sabe quem é a mãe, e acredita em quem possa ser o pai. E Mr. Prospector, mais do que a mãe tinha a linha materna, a 13-c, que pelo ramo Myrtlewood foi capaz de se tornar um linha de reprodutores, já que além dele, houveram Seattle Slew, Siberian Express, Multidimensional e até o nosso Pleasant the Colors, para se citar apenas alguns.
Pois bem, outro dia afirmei, que a cada dia, a importância de Gold Digger se torna maior no cenário clássico. Ela é a mãe de Mr, Prospector. E o digo em termos mundiais. Pedigrees que contenham seus imbreeds estão crescendo embora a primeira vista sejam dificeis de serem concebidos, já que ela produziu de realmente distinto a apenas um grande raçador, Mr. Prospector. Assim sendo ela depende de suas filhas, para que que quando encontrem em um pedigree a um descendente de Mr. Prospector, propiciem o imbreed. O que como já disse não é nada simples.
Simples são éguas que produziram pelo menos dois reprodutores de sucesso terem seus nomes duplicados, pois a proliferação de seus filhos é centenas de vezes maior que a de suas filhas. Mas os indianos, descobriram uma formula. Trouxeram a um filho de Danehill, descendente por linha feminina direta de Gold Digger e passaram a cobrir ele com éguas que possuíssem em seu pedigree a Mr, Prospector. Principalmente com as filhas de Steinbeck, um filho seu de importante participação reprodutiva naquele mercado. E este ano este tipo de junção Multidimencional-Steinbeck, produziu a três ganhadores de grupo, inclusive a recente vencedora dos Guineas, Godspeed.
Mas a beleza de toda esta situação não fica apenas neste ponto demonstrado. Nos pedigrees destes três elementos citados, aparece um terceiro nome, Razeem, um filho de Northern Dancer, descendente de Numbered Account - o mais importante veio de La Troienne - que obteve decadas antes, extremo sucesso na reprodução indiana. Desta forma se formou o tripé mágico, como pode ser visto nos pedigrees que se seguem. E qual a razão do sucesso deste tripé? Razeen é um neto materno de Graustark e Danehill, o pai de Multidimensional, um neto materno de His Majesty. Desta forma uma duplicação obrigatória em Flower Bowl igualmente se forma.
Desculpem aqueles que possam discordar, mas este sucesso não é obra do acaso, nem produto de um destino. Ele é resultante de uma perseverante busca, que um dia encontra seu acidente de percurso e se transforma em sucesso. Centros menores, como a India, tem que assim agir. Construir seus próprios pedigrees encima de elementos que embora em pista não tenham sido diferenciados, possuem uma carga genética esta sim diferenciada. Muito melhor do que se trazer o ganhador do Arco, cuja equação genética esteja ultrapassada ou mesmo deixe a desejar.
Corro a lembrar, que ultrapassada, não é fora de moda. Ultrapassada na mais é, do que um segmento que luziu durante um determinado periodo, mas por diversas razões simplesmente não teve forças para manter este sucesso na extenção do tempo. Ou como diria Tesio, uma lâmpada que perdeu a sua capacidade de gerar energia luminosa.
Trazer reprodutores de linhas maternas constituídas por éguas capazes de gerar importantes reprodutores, deveria ser a meta básica do criador que habita o segundo e terceiro mundos da criação do cavalo de corrida. Não matungos consagrados, mas cavalos de honesta campanha. Sua chance de erro é menor do que trazer aquele de grande campanha, mas desonesto pedigree.
Lembro-me de Dance Bid, por mim trazido. Um filho de Northern Dancer na linha materna 13-c. Ele não foi sucesso. Longe disto, embora até existam razões que possam justificar o ocorrido. Outrossim, o importante é que ele foi capaz de produzir elementos de extrema velocidade. Velocidade através da distância, até então muito pouco comum em nosso meio. Mr. Fritz e Keith Richards, seriam os dois melhores exeplos a serem relatados.
O que quero dizer? É que a 13-c tem esta característica e quando você se acopla em algo que vem pelos segmentos de Mr. Prospector ou de Seattle Slew, suas chances de gerar diferenciados se torna ainda maior.
Acredita-se. Tenta-se. E um dia, o sucesso, que para mim nada mais é do que um acidente de percurso, acaba por acontecer. E como no caso descrito sobre a criação indiana, quando feito de forma estudada, não só acontece como fica, por um bom período.
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