Tem um dizer antigo que é mais ou menos assim: Nunca se aproxime de um bode pela frente, de um cavalo por trás, e de um idiota por qualquer lado. Concordo, principalmente em relação aos cuidados da terceira aproximação. Sempre defendi a tese que se tiver que dividir em uma noite um quarto com Al Capone e um idiota, se a mim for dada a opção de colocar um para fora, certamente tiraria o idiota, pois, de Al Capone sei o que posso esperar. Mas do idiota...
Um dos velho hábitos brasileiros, é o de achar que todos são bobos, e nós os malandros. Os Estados Unidos, por exemplo, é formados por bobos e nós por espertos. A situação financeira dos dois países, responde pela veracidade da afirmativa.
O Brasil regride. É a meu conceito um pais de futuro incerto se a corrupção não for definitivamente abolida. As metástases da doença maior apontada pela operação Lava Jato, - o Petrolão - já são numerosas e creio eu, que igualmente serão significativas. E assim será mais pressão nos alicerces da base. Não podemos deixar isto acontecer com a nossa criação de cavalos de corrida. E creio que possa estar muito perto de acontecer se não abrirmos nossos olhos. No operacional, Tarumã está fechado, São Paulo ainda não se acertou e até o Rio de Janeiro anda dando seus tropeços. Ainda em pequenos números e sem grande significância, mas são igualmente tropeços. E, com todo respeito, eu não creio que possamos viver apenas da Gávea e do Cristal.
Espero que o plano da atual diretoria de São Paulo funcione. Não sei qual ele é, mas penso que se houver algum, que funcione, pois, nunca fui a favor de monopólios. Vivo em um país, que os tenta evitar a todo preço. Não podemos ficar nas mãos de apenas um hipódromo. Com o tempo a falta de competição e uma preguiça natural, afetam o desenvolvimento de quem está absoluto na situação. E Cidade Jardim, é que nem o Brasil. Não dá para imaginar que possa acabar.
Mas voltando aos idiotas, diria que em nosso turfe temos os nossos. Não são a maioria. Mas possuem o seu peso. Outrossim, um idiota tem a capacidade de não se achar um idiota. Inclusive ele se acha safo e pensa que idiota são aqueles que o acham idiotas. E se a gente for uma pouco aberto as opções, temos que vestir as sandálias da humildade, e aceitar que aquele que não coaduna com suas idéias, não é necessariamente um idiota. E em alguns casos, pode ser ele o certo, e você o idiota.
VIR PELA FRENTE DE UM BODE,
POR TRÁS DE UM CAVALO,
OU MESMO ACEITAR A APROXIMAÇÃO
DE UM IDIOTA, SEJA POR ONDE FOR,
SÃO NA VERDADE DEAD WISHES
COISA QUE BRASILEIRO CULTIVA
Quando comento que grande parte da população brasileira perdeu a noção do que possa ser o absurdo, diria que uma parcela de elevada significância no turfe, perdeu a noção do perigo. Estaria eu exagerando? Talvez, mas por favor me deem um mínimo de credito e me respondam qual dos cavalos que vieram por exemplo para Bagé, que poderiam remotamente se equiparar a Holy Roman Emperor, Discreet Cat, Rock of Gibraltar, Elusive Quality ou Northern Afleet, Spend a Buck, Royal Academy isto levando-se em consideração apenas alguns dos shuttles que pelo sul do Brasil passaram, independentemente do sucesso ou da expectativas, que cada um possa ter.
Existe hoje uma nova força surgindo em nosso mercado. Ela se chama Black Opal. Fui contratado por este grupo para fazer um estudo sobre a criação brasileira, levando-se em consideração alguns aspectos, vistos por eles, como importantes, para nortear seus investimentos. Pois bem, desde a implantação no Brasil das Pattern races em 1974, de lá para cá, 2356 individuais ganhadores destas chamadas provas de grupo entraram para a nossa história. Destes 660, vieram a ser gerados por éguas trazidas de fora.
Este percentual de mais de 28% tem que ser considerado significativo, por o percentual de éguas importadas em nossa criação em média, não chega a 3%. O que isto sugere? Que a genética externa tem muita influência na genética interna. E como ela se divide, geograficamente?
AMÉRICA DO SUL - 300
Argentina - 240
Chile - 9
Peru - 6
Uruguai - 45
OCEÂNIA - 1
Australia - 1
AMÉRICA DO NORTE - 240
Estados Unidos - 230
Canadá - 10
EUROPA - 119
França - 30
Inglaterra - 63
Irlanda - 22
Itália - 2
Suécia - 2
Como pode ser notado, - mesmo pelos idiotas - as norte-americanas que chegaram depois, já dominam percentualmente o mercado... Dominam, mas não são elas que percentualmente tiveram mais sucesso, já que apenas uma australiana foi trazida, e, ela já é mãe e avó de group contenders.
Mas há de se convir que as norte-americanas sozinhas - Estados Unidos + Canadá - produziram até aqui um número superior ao dobro dos individuais ganhadores de grupo produzidos pelos cinco países europeus. E elas na média, tiveram um ingresso em muito menor número, do que argentinas, para o período escolhido como universo (1974-2015). Não chegaram sequer a um terço. Evidentemente que isto são números, e aqui não estão sendo julgados o mérito individual. A pergunta seguinte passaria a ser, quantos ganhadores brasileiros, não possuem em suas três primeiras mães, nenhuma de nacionalidade estrangeira? Pois é, esta resposta como muitas outras só serão respondidas quando este trabalho for apresentado pela Black Opal quando do lançamento de sua página corporativa. Portem, garanto a você, que os percentuais, são ainda muito mais significativos.
Se alguém discordar desta concepção de raciocínio, que defenda a sua posição. Em minha defesa, digo que desde o final dos anos 70, tomei conhecimento qual o caminho a tomar. O aparecimento de Garve no cenário nacional e uma frase que ouvi depois de sua segunda colocação no derby paulista, mudaram minha forma de avaliar o peso de nomes em um pedigree. Mas isto é uma outra história, que se houver tempo, contarei amanha.
Voltando a reprodutores. Acho que estamos regredindo a olhos vistos, como a economia brasileira, e talvez numa velocidade ainda maior. Vejamos que até aquele que deve ser considerado por direito, o mais importante centro de criação de cavalos de corrida no Brasil, está andando para trás. Vai depender de Wild Event, Put it Back, Redattore, First American, Agnes Gold e Acteon Man, alguns de acesso muito restrito, ou de preços acima do que nosso mercado comporta, mesmo levando-se em consideração, que nem todos destes vieram a gerar ganhadores das mais importantes provas de nosso calendário, recentemente. Logo, a condescendência faz parte da opção.
Precisamos urgentemente de uma injeção que revigore nossos planteis. E creio que seria uma verdadeira idiotice tentar encobrir a realidade, mesmo levando-se em consideração que carreiras no Brasil em muitas oportunidades, são ganhas pelo menos pior.