KHANTAROS
Não me perguntem o por que, mas sempre - desde cedo - eu tentei intelectuar-me lendo, ouvindo e tentando achar a verdadeira racionalidade das coisas, até descobrir com um dos grandes gênios brasileiros, o Carlos Imperial, que intelectual não comia ninguém. Desculpe o linguajar, mas foi exatamente assim que ele se expressou. E no caso especifico do Rio de Janeiro, o cafageste sempre funcionou melhor do que o santinho. Isto é tão claro, que o Lula cola até hoje no Rio de Janeiro. E nem tanto em São Paulo...
Tanto o Lula como o Carlos Imperial, eram grandes blefadores, e a grande maioria destes blefes, colavam. A diferença entre ambos, é que o Imperial se via como um cafageste e gostava que falassem mal dele, mas não deixassem de falar. E o Lula, se sente como a alma mais puro deste pais, e por isto se rebela quando dele falam mal, e ameaça colocar fogo em tudo. Como Cezar em Roma... Ou será que foi o cumpanheiro Napoleão?
No turfe brasileiro, coisas colam ou não colam. Não é questão de cafagestismo, mas sim daquela maneira bem nacional de não se fazer muito esforço, para se conseguir o que se quer.
Por formação academica e por uma tendência pessoal, eu sempre acreditei em projetos. Com começo, meio e fim. Embora um dos contistas que mais admiro, o Rubem Fonseca, tem contos como começo e meio, mas sem fim. Eles simplesmente terminam quando você menos espera e não completam a história que você estava acompanhando. No turfe, existem projetos sem um final, o que em outras palavras para mim, soam como atitudes não projetos, que terminam, pois, na realidade não deviam sequer ter começado. Como discurso de dona Dilma. Sem pé, sem cabeça. Um amontoado...
Quando investimos em shuttles, e não trazemos aqueles objetos de nossa admiração temporária de volta, estamos na realidade não levando avante um projeto. E sim atitudes esporádicas ditadas por agentes que apresentam aquilo que na verdade não tem pé nem cabeça. Quando São Paulo partiu para Holy Roman e Rock of Gibraltar, senti um nexo. Dois filhos de Danehill, com características similares. Em Bagé quando optou-se por dois filhos de Galileo, o Roderic O'Connor e o Soldier of Fortune, não houve um cuidado maior, nem no parâmetro físico, muito menos no aptitudinal. Dois elementos tão diferentes como a água e o vinho. E evidentemente com o agravante de que muito dinheiro veio a ser gasto.
Por sua vez, quando decidiu-se trazer elementos de shuttle por mais de uma temporada, como no caso de cavalos de fundo já com baixos resultados registrados em seus paises de atuação reprodutiva, como Shirocco, Peintre Celebre e Point Given, a coisa não funcionou, ou melhor ainda não funcionou como dela era esperada. Ai alguém pode dizer que houve uma tentativa de inicio, meio e fim. Porque então não funcionou? Por que talvez os elementos escolhidos por já terem fracassado em outros mercados, não fossem aquilo que sonhavamos, embora em pista, trataram-se indubitavelmente de três baita cavalos de corrida.
E assim, embora eu prefira projetos com inicio, meio e fim, tenho que concordar que não é apena um projeto que o levará a elever seus niveis de resultados. Mas sim ser um projeto certo, que como os contos de Rubem Fonseca, podem terminar antes que se espere.
O turfe brasileiro, na situação em que se encontra nosso turfe, tem que voltar a sua atuação básica. Aquela que erigiu nossa atividade criatória. Você tem seu próprio reprodutor e passa a montar seu plantel de uma maneira que as éguas escolhidas se encaixem com o pastor chefe. Como o fizeram o São José e Expedictus, o Mondesir, o Santa Ana do Rio Grande, o Faxina, o Malurica, o Rosa do Sul e como continua fazendo, desde o seu inicio, o Santa Maria de Araras e o próprio TNT.
Resultados não aparecem por acaso, e nos ainda somos uma atividade que acredita no poder do acaso...