O estado da excepcionalidade sempre me preocupou. Desde garoto, com calças curtas no Santo Ignácio, que tomei certa aversão para tudo aquilo que fosse exceção. Mas as pessoas devem entender primeiro o que é exceção para mim. Einstein, não é uma exceção a regra. Ele é aquilo que melhor pode a raça produzir. Logo, ele é um melhoramento da raça. Hugo Chavez sim, pode e deve ser considerado uma exceção da raça, pois, nele existem muitas caracteristicas, do que o ser humano não deveria ter. Ele é a deteriorização da raça. E assim, penso ser o estado de excepcionalidade sumamente duvidoso.
Mas existem problemas, tão grandes ou maiores. Tenho a coleção de livros publicada por Elio Gaspari e sempre que possivel o acompanho em sua columa. Semana passada, ele apresenta algo que realmente acredito: a impossibilidade estatística. Vejam o caso da delação dos executivos da Odebretch. Existem, um presidente atual e um ex-presidente, nove ministros e ex-ministros, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 parlamentares, três servidores, dois vereadores e um empresário, todos do ou ligados aos poderes executivo e legislativo. Nenhum sequer do judiciário, que na verdade deverá julgar o caso. Isto é para mim, também uma impossibilidade estatística. No minimo um conflito de interesses. Pois das duas uma, ou todos, os representantes do poder judiciãrio são honestos - sem exceção - ou impossibilitados de serem apontados, por razões óbvias, já que neste processo parecem ser os donos da bola.
O dono da bola, sempre é escalado e ainda na posição que quizer. Afinal sem a bola não há jogo. Que mal fará induzi-lo a ser escalado na ponta esquerda? Melhor do que não ter jogo. No turfe também existe o dono da bola, cuja força do dinheiro o faz ser um participante aceitado na atividade e na maioria das vezes adulado, por aqueles que precisam do seu pão do dia a dia, que a atividade lhe provem.
Não aceito este estado de excepcionalidade, porque, ele está intimamente ligado a impossibilidade estatistica. Trata-se do encontro das grandes incertezas. E nossa atividade já tem incertezas demais para somarmos mais outras. Não sei neste caso, se poderíamos de chamar, o encontro destas incertezas, do começo do fim, ou o fim do começo.
Imaginem você retirar de sua lista garanhões, apenas por eles pertencerem a fulano ou ao beltrano. Torcer contra, por não ter sido parte do processo de seleção. Omitirmos problemas, pois, ele foram causados por cicrano. E é claro, que fulano, beltrano e cicrano, são os donos da bola. Aí eu pergunto: se fizermos isto como separaremos o joio do trigo? E aumentaria a minha curiosidade com outra indagação: como podemos deitar no cabeça no travesseiro e ter certeza que com as omissões, estamos realmente ajudando a atividade e a nós mesmos?
Acho que a impossibilidade estatistica e o estado de excepcionalidade, são prejudiciais ao discernimento de qualquer problema. Seja em nossa área. Seja em qualquer área também. Mas a verdade nua e crua é que a sinceridade fere. Cria celeumas e cancela relacionamentos.
Se você algum dia ouvir alguém, como aquela personagem comica, que brandia: eu quero, pois, tô pagando! Apavore-se. E se esta afirmativa vier do dono da bola, imediatamente se jogue ao mar, pois, o barco está por afundar a qualquer momento e o levara ao fundo do oceano, junto com ele.
O estado da excepcionalidade e a impossibilidade estatística não podem ser ditados, pela força do dinheiro. Quem assim o faz, não merece a posição que ocupa. Sempre existirão os bons e os maus cavalos e apontar um fracasso, antes que este venha a se verificar, não é estar torcendo contra. Quem assim o pensar, deve procurar Freud, o mais rápido possível... levantar a lebre, antes que esta saia da toca, representa muitas vezes, já ter visto aquele filme. O que em outras palavras, resume-se em algo comumente reconhecido como experiência.
Stefan Friborg, o proprietario com quem trabalhei que mais desafiava o perigo, era capaz de escutar. As vezes não gostava do que ouvia, mas prezava o dinheiro que gastava. E quando ouvia, e fazia as coisas como deveriam ser feitas, ganhava provas que a grande maioria dos proprietários brasileiros, sequer irão correr.
Pois bem, quando recriminei a nossa ida a San Isidro, sabia exatamente o que iria acontecer. Como aconteceu: um morto e vários feridos. Ninguém saiu ileso. Logo, não há, pelo menos de minha parte, nenhum prazer de profetizar a tempestade. Mas acho injusto me abrigar dela, sem avisar que ela está vindo a meus vizinhos. Foi isto que aprendi em minha familia, em meu colégio e com alguns amigos. Isto se chama a noção do perigo.
Estamos passando por um período extremamente critico. No país e na atividade. Aquela velha situação do lago de piranhas. E quando isto acontece, todo o cuidado é pouco. Posso ser ousado em afirmar que são nas guerras que as fortunas são constituídas, mas as centenas de exemplos anteriores, me autorizam a fazê-lo. E não tenho receio de igualmente a afirmar, que são nas crises, que aquele que raciocinar melhor acabara de sair primeiro dela.
Sou credulo em tribos, familias e equações genéticas, que para mim somadas ao físico adequado, são os alicerces de um bom atleta, no caso dos equinos. Pode parecer precisiosismo para alguns, Eu acredito que não seja. E para que minha crensa evolua com a minha forma de ser, não posso aceitar a impossibilidade estatística, embora tenha que aceitar,que em alguns casos, teremos a existência do estado de excepcionalidade. Exemplico-me para ser melhor entendido.
El Santarem, Rhiadis, Cacique Negro e Quari Braso, são estados de excepcionalidade. Desafiaram as leis da da genética e nem por isto deixaram de ser excepcionais cavalos de corrida. Mas ele podem ser contados nos dedos de uma mão. Até na esquerda de Lula. Galileo, Sadlers Wells, Dubawi, Deep Impact, Frankel, Zarkava, Urban Sea e centenas de outros, demonstram com a defesa de ambos os casos, que não existe uma impossibilidade estatística, mesmo um dos casos deva ser tratado como um estado de excepcionalidade.
O que quero dizer, depois de todo este palavriado? Que temos que nos concientizar que existem os Cacique Negros, mas deveriamos crer sempre nos Galileos. Isto não impede de Cacique Negro, de bater a Galileo, como o Olaria pode até ganhar do Flamengo. Mas poderia você pensar que isto se tornará um modus vivendi? Deveriamos acreditar e procurar focalizar os nossos desejos e perspectivas em Galileo e no Flamengo, pois, no final de vários capitulos, a exceção sempre será batida pela regra. Pelo menos sempre o foi até aqui...
Agora negar a existência da exceção, e nem sequer poder comenta-la, por questões politicas ou comerciais, cria o estado de impossibilidade estatística, e isto, ao custo que for, não vou nunca aceitar. Sou ainda daqueles, que acreditam que temos que olhar no espelho, se quizermos ver algo mais próximo da realidade. Nunca num vidro reflectivo, que tende a realçar a beleza e ofuscar as imperfeições.