PONTO CEGO: A ALEGRIA DE CRIAR

Descobri desde cedo que não era um cara brilhante. Mas se achasse aquilo que me encontra-se como ser humano, me dedicaria e quem sabe com algum esforço, chegasse aonde queria. Tentei o Tenis, o Jiu-Jitsu, a fotografia, a arquitetura e acabei me achando nos cavalos de corrida. Estudei com afinco e procurei me aproximar de pessoas que enriquecessem meu conhecimento. Pessoas como o seu Atualpa Soares, os agentes internacionais Geoge Blackwell e Alejandro Lilienfeld, o expert em pedigrees John Aiscan e a pessoa sublime que era o senhor Robert Prado Telles. Cada um me marcou de alguma forma e com certeza são parte daquilo que sou e tento ser.

Dai surgiram Much Better, Indian Hope, Sea Girl,  Glória de Campeão, Hard Buck, Einstein, que foram na opinião de seus proprietarios os melhores cavalos que tiveram. Orgulho-me disto, pois, meu pai sempre me disse que se você prometeu, entregue. O que nas palavras de sua mãe Adelina Gameiro, se você ajoelhou tem que rezar.

Não existe outra forma de se agir que não seja esta, em minha concepção. Evidente que existem outras concepções de vida, diferentes da minha. Não mais certas ou erradas. Simplesmente não são as minhas.

Descobri com estes grandes profissionais e também com estes importantes investidores, que existem várias formas do que preconizo, chegar a Roma. Do custo mais caro, a via direta, como as coisas eram levadas a efeito no Estrela Energia e grupos norte-americanos, as viagens com escalas, onde a construção era tão importante quanto a consecução, impetradas pelo Santa Ana do Rio Grande, São José Expedictus, TNT e outros.

Não existe certo ou errado no turfe. Existem sim formas diferentes de se encar o problema. Eu tenho a minha. Tenho acertado na mosca, em 25% de minhas tentativas. Compro quatro e um é ganhador de grupo. Com sorte de grupo 1 e ultimamente champions. Mas para gente que não conhece ainda bem o turfe, isto é pouco, pois, três não disseram ao que vieram e assim 75% pesa mais em sua balança que 25%. Imaginem na criação onde o percentual de acerto de um criador  muito bem sucedido dificilmente passa dos 5%? Se ele acreditar que os 95%, são mais pesados que os 5%, despedirá vários gerentes e no final irá criar bois.

Comprar - para quem sabe - é sempre mais fácil do que se criar, se a idéia é ganhar provas de grupo. Outrossim, na criação está o amor, a sua criação. E isto peza e peza bastante. Perguntem a Biba e o Alvaro Magalhães, ao Afonso Burlamaqui, ao Aluízio Ribeiro, ao Sergio Coutinho, quatro exemplos de criadores ainda em atividade, qual é a sensação de assistir a um creoulo seu ganhar uma prova importante? Ou melhor, uma prova, seja ela qual for. Por alguns minutos ele voltam a ser crianças e andam nas nuvens. Este é o momento sublime para o verdadeiro criador.