O que a China está fazendo, é a mesma coisa. Pagando absurdos por quem jogaria na Europa por 10 vezes a menos. E tem que ser assim. Pois, como você convence um cara que joga no Rio de Janeiro de mudar para China? Pagando 10 vezes mais do que o seu maior valor de mercado. Lembram do Zico quando foi para o Japão? A mesma coisa. E olha o que representou a longo prazo a ida do Zico para o Kashima? Com um pouquinho de sorte, o clube japonês, teria decidido o campeonato mundial a seu favor, pois, fez o Real Madrid suar sangue, nos cinco minutos finais, quando a partida estava ainda empatada.
O que me agrada no turfe, é que não se precisa de todo este poder de fogo, para se chegar onde quer se chegar. Você tem que se ater a detalhes e usar de todo o seu conhecimento. Sheikh Mohammed, faz o mercado sentir a força de seu investimento. Com certeza maior que o da Coolmore. Outrossim, o grupo irlandês, está se mantendo em melhor posição do que o árabe, e lá se vai mais de uma década. Quase duas. Porque? Sabe mais do assunto e tem objetivos mais claros. Pelo menos esta é a visão que tenho.
Não é fácil se chegar onde se quer no turfe. Pois, tanto a experiência como o conhecimento não acontecem da noite para o dia. É um processo lento e muitas vezes doloroso. Hoje recrimino-me por coisas que fiz a 20 anos atrás, mesmo sendo elas formulas vencedoras na época. Mas o que eu tenho que ter em mente, que 20 anos atrás a situação era também outra. Com certeza hoje, dificilmente funcionaria. E se funcionasse, a sorte teria que ter uma participação significativa no processo.
No turfe você tem que sorte, mas nunca depender exclusivamente dela. Você tem que dar uma ajudazinha. Poucos são os cavalos de corrida, que independem do bom ou mal tempo. Galileo e Dubawi, são dois deles na Europa. Tapit e Medaglia d'Oro nos Estados Unidos. Sunday Silence no Japão, Ghadeer no Brasil, Southern Halo na Argentina, Jet Master na África do Sul, Danehill na Australia e também tiveram seus tempos aureos- Só que a exceção de Mensageiro Alado e Falcon Jet, nenhum outro filho de Ghadeer foi convenientemente explorado no breeding-shed. Nestes outros centros, que até que provem ao contrário, não podem ser vistos como inferiores ao nosso, são os filhos destes importantes reprodutores que estão dando continuidade ao desenvolvimento da tribo. E aonde estão os de Clackson, Locris, Tumble Lark, Executioner...?
Hoje dicute-se que Deep Impact possa vir a ser superior a Sunday Silence, como Galileo o foi em relação a seu pai Sadlers Wells. Por que fomos incapaz de gerar a um reprodutor filho de Ghadeer, Clackson, Roi Normand, Executioner, Locris, Tumble Lark, Henri le Balafre, Royal Academy, Spend a Buck, named. Não me parece verossimel, que pelo menos um filho de destes grandes reprodutores, não pudesse ser um reprodutor de primeira linha. E aquela impossibilidade estatística que só no Brasil acontece. Nós desafiamos até a lei da gravidade, com a forma como agimos.
Os poucos que tiveram algum número de éguas, não recebiam, aquilo que havia de melhor no mercado e dificilmente eram adquiridos por proprietários importantes. Vide Only Once e Redattore. Logo, as chances de sucesso já nasciam fadadas a se extinguir na segunda ou terceira gerações.
Temos que dar uma reviravolta nesta maneira de ser. Principalmente agora, que temos problemas para trazer coisas que realmente possam fazer a diferença que realmente necessitamos.
Hoje vejo no minimo quatro cavalos brasileiros em campanha, com fisico, campanha e pedigree, aptos a cobrir o plantel de qualquer haras de nosso território. E com exceção de dois deles, não consigo imaginar, quem possa comprar os outros dois, ao final de suas respectivas carreiras.
Não seria este o verdadeiro negócio da China?